Talles Dantas, Diretor de crédito imobiliário da Loft
A Folha de S.Paulo publicou nesta semana extensa reportagem a respeito da mais recente pesquisa do Datafolha sobre o desejo do brasileiro em comprar um imóvel pela primeira vez.
Chama a atenção a quantidade de recortes que o levantamento traz da população cuja vontade de adquirir a casa própria é crescente e atinge a maior parte das pessoas. Alguns exemplos: 93% dos brasileiros que vivem de aluguel; 97% dos mais jovens, entre 16 e 34 anos; e 83% dos maiores de 60 anos, entre outros extratos.
Do ponto de vista da capacidade socioeconômica, as pessoas das classes mais baixas, D e E, são as que mais têm vontade de adquirir a casa própria (96%), ante 85% registrados na amostragem entre as pessoas das classes mais altas, A e B. Por outro lado, o contingente de pessoas que têm planos concretos para concretizar estes desejos é considerável, porém bem menor, de uma maneira geral: 52%.
Dentre tantos dados deste levantamento o que mais chama atenção é a resiliência do desejo do brasileiro em adquirir a casa própria. Ele continua crescendo, em muitos segmentos, a despeito do aumento constante da taxa de juros que baliza o financiamento. E a despeito do fato de que o valor dos imóveis vem subindo numa velocidade bem superior ao da renda das famílias.
Considerando esse contexto, resta um papel muito importante para as imobiliárias: ajudarem seus clientes a fazerem um bom planejamento financeiro. Ações dos agentes que ajudem o cliente a entender sua capacidade de renda para definir o valor de entrada e o das prestações do financiamento são peça-chave para se passar da vontade para a realização.
Assim como, a partir daí, considerar imóveis eventualmente mais em conta, menores e mais longínquos pode viabilizar esse sonho quando ele não é realista em circunstâncias mais confortáveis.
Por fim, vale atentar para o fato de que esta alta demanda pela casa própria e pela troca de imóvel por um maior, no decorrer da vida das famílias, abre oportunidades para o uso do primeiro imóvel como garantia na aquisição do segundo, com acesso ao crédito mais barato do mercado, o home equity.
As imobiliárias que conseguirem juntar estas informações, de forma customizada, para cada demanda, plantarão em terreno fértil.