Crédito imobiliário bate recorde em julho, com R$ 17,97 bi em financiamentos. Lançado em abril, financiamento com “FGTS Futuro” ainda não decolou. Preço real dos imóveis em SP desacelera, mas valor pedido continua em alta.
- Crédito imobiliário bate recorde em julho, com R$ 17,97 bilhões em financiamentos
- Financiamento com FGTS Futuro ainda não decolou
- Preço real dos imóveis em São Paulo desacelera, mas valor em anúncios continua em alta
- Reforma Tributária: setor imobiliário busca maior desconto para evitar subida de preços
Crédito imobiliário bate recorde em julho, com R$ 17,97 bilhões em financiamentos
O volume de crédito imobiliário no Brasil atingiu R$ 17,97 bilhões em julho, um aumento de 63,4% em relação ao mesmo mês de 2023, recorde para o ano de 2024, segundo a Associação Brasileira das Entidades de Crédito Imobiliário e Poupança (Abecip). Os financiamentos vieram de recursos das cadernetas do Sistema Brasileiro de Poupança e Empréstimo (SBPE).
No mês de julho, foram financiados 54,4 mil imóveis nas modalidades de aquisição e construção, um aumento de 59% em relação a julho de 2023 e 8% superior ao registrado em junho de 2024.
Apesar do desempenho, a poupança SBPE registrou saques líquidos de R$ 2,9 bilhões em julho, após dois meses de resultados positivos. A Abecip ressalta que este valor é inferior aos saques registrados em julho de 2023 (R$ 3,7 bilhões) e julho de 2022 (R$ 11,6 bilhões), indicando uma possível melhora na tendência.
No acumulado de janeiro a julho de 2024, o volume financiado alcançou R$ 100,1 bilhões, um aumento de 14% em comparação com o mesmo período de 2023. Em sete meses foram financiados 302,2 mil imóveis com recursos da poupança SBPE, representando um crescimento de 2,3% em relação ao ano anterior.
Fonte: Valor Econômico
Financiamento com FGTS Futuro ainda não decolou
O financiamento imobiliário utilizando o “FGTS Futuro”, lançado em abril de 2024, ainda não alcançou o desempenho esperado, de acordo com informações divulgadas pela Caixa Econômica Federal. A modalidade – aprovada pelo Congresso Nacional em 2022, e regulamentada pela Caixa – permite o uso de recursos futuros do Fundo de Garantia por Tempo de Serviço (FGTS) para complementar o financiamento de imóveis adquiridos dentro do programa Minha Casa, Minha Vida (MCMV).
A operação está disponível apenas para pessoas com renda mensal de até R$ 2,6 mil, elegíveis à faixa 1 do MCMV. O Ministério das Cidades estimava que cerca de 60 mil famílias de baixa renda seriam beneficiadas anualmente por esta medida.
No entanto, desde abril até o momento, a Caixa registrou apenas 376 contratos nessa modalidade, totalizando R$ 3,7 milhões em empréstimos. Este número é considerado baixo em comparação com o total de operações na faixa 1 do programa neste ano, que acumula 124,7 mil contratos, movimentando R$ 20,9 bilhões.
“O ‘FGTS Futuro’ está rodando muito pouco, e nós estamos buscando entender o porquê”, disse Inês Magalhães, vice-presidente de Habitação da Caixa, acrescentando que o banco realiza uma pesquisa interna para entender os motivos do baixo desempenho da modalidade. Magalhães sugere falta de compreensão sobre o funcionamento do programa ou dificuldades na explicação por parte dos vendedores.
No processo de contratação, a Caixa deve informar ao trabalhador a capacidade de pagamento para financiamento habitacional, com e sem a utilização dos depósitos futuros. Se o trabalhador optar pelo uso do FGTS Futuro, os valores serão bloqueados na conta vinculada até a quitação total do saldo devedor. Esta opção só pode ser feita no momento da contratação da operação, sem possibilidade de adesão posterior.
A modalidade, no entanto, apresenta riscos. O principal deles é a possibilidade de o trabalhador perder o vínculo empregatício e ter que arcar com uma parcela maior do que o originalmente previsto, o que poderia comprometer seu orçamento doméstico.
Fonte: Estadão
Preço real dos imóveis em São Paulo desacelera, mas valor em anúncios continua em alta
O Índice Preço Real EXAME-Loft (IPR) de agosto revelou que o preço dos imóveis anunciados para venda em São Paulo continua subindo acima do valor real. Apesar disso, houve desaceleração nos preços transacionados. O IPR médio do mês foi de 19,40%, com aumento de 0,21 ponto percentual em relação a julho, marcando a terceira alta consecutiva.
“Os vendedores mantêm expectativas altas, com preços anunciados superando o valor realmente transacionado. Isso tende a prolongar o período de negociação entre as partes”, alerta Fábio Takahashi, gerente de dados da Loft.
O levantamento da Loft também estimou o preço do metro quadrado nos 50 bairros analisados. O Jardim Europa, na Zona Oeste, lidera com R$ 22,4 mil por metro quadrado. Bairros próximos à Faria Lima (pólo financeiro da cidade), como Vila Nova Conceição, Itaim Bibi e Vila Olímpia, seguem com valores superiores a R$ 12,7 mil por metro quadrado.
Fonte: Exame
Reforma Tributária: setor imobiliário busca maior desconto para evitar subida de preços
O setor imobiliário brasileiro está empenhado na busca por um desconto maior no novo imposto criado na Reforma Tributária, na tentativa de evitar um aumento no preço dos imóveis. O Secovi e a Associação Brasileira de Incorporadoras Imobiliárias (Abrainc) pedem uma redução de 60% na alíquota-padrão do futuro Imposto sobre Valor Agregado (IVA), em vez dos 40% aprovados pela Câmara dos Deputados.
As entidades que representam o mercado imobiliário alegam que, mesmo com o desconto de 40%, a carga tributária sobre imóveis poderia superar 12%, comparado aos atuais 8%. “Buscamos neutralidade para manter a mesma carga tributária atual. Um aumento no valor do imóvel pode excluir parte da população do mercado”, argumenta Luiz França, presidente da Abrainc.
A professora do MBA em Gestão Tributária da Fipecafi, Thais Veiga Shingai, alerta que a mudança será significativa. “Hoje essa tributação sobre operações imobiliárias é cumulativa, de forma que não há geração de créditos. Com a reforma tributária, [o setor] passará a ter acesso à não cumulatividade plena do IBS e da CBS. Por isso, a alíquota efetiva tende a ser menor”.
A especialista diz que, apesar das preocupações do setor com o encarecimento dos imóveis, é necessário considerar o novo desenho do sistema tributário como um todo.
Por outro lado, Ely Wertheim, presidente executivo do Secovi-SP, estima um aumento do preço da habitação da ordem de 4% a 5%. Ele defende um redutor da alíquota modal de 60% para a venda e loteamento de imóveis, e no caso de imóveis para locação, um redutor na ordem de 80%, para manter a carga tributária atual.
Wertheim argumenta ainda que a alíquota proposta pelo governo para o novo imposto pode gerar um efeito de desinvestimento em imóveis para locação. “Os investidores de imóveis para locação vão ficar desincentivados, vão preferir botar o seu dinheiro no sistema financeiro. E, com isso, você vai diminuir a oferta de habitação, vai gerar desemprego, com menos obras, menos contratação e vai aumentar o déficit habitacional”, afirma
Já o Ministério da Fazenda contesta as alegações do setor. Em nota, afirmou que a reforma não causará aumentos significativos nos custos. A pasta projeta que imóveis populares terão redução, enquanto os de alto padrão poderão ter um “leve aumento”.
Com o novo modelo de tributação, informa a nota, o custo de um imóvel popular novo (valor de R$ 200 mil) deverá cair cerca de 3,5% e o custo de um imóvel de alto padrão novo (valor de R$ 2 milhões) deverá subir cerca de 3,5%. O texto argumenta ainda que a reforma vai aumentar a eficiência do setor de construção e incorporação, “pois ao permitir a recuperação de créditos sobre os insumos vai permitir a adoção de métodos construtivos muito mais eficientes”. A discussão segue para o Senado.
Fonte: Exame