Crédito imobiliário com recursos da poupança cresce 62,7% em outubro, diz Abecip. Intenção de compra de imóveis cresce no Rio de Janeiro, mostra pesquisa da Loft. Decisões judiciais anulam cobrança duplicada de IPTU em São Paulo.
- Financiamento com recursos da poupança cresce 62,7 por cento em outubro
- 15 por cento dos moradores do Rio planejam comprar imóvel nos próximos 6 meses
- Decisões judiciais anulam cobrança duplicada de IPTU em São Paulo
- Avanço em projetos de luxo espelham como sociedade quer viver, diz executivo da Lindenberg
Financiamento com recursos da poupança cresce 62,7 por cento em outubro
Os financiamentos imobiliários com recursos do Sistema Brasileiro de Poupança e Empréstimo (SBPE) atingiram R$ 18,04 bilhões em outubro de 2024, representando alta de 62,7% em relação ao mesmo período do ano anterior, de acordo com dados da Associação Brasileira das Entidades de Crédito Imobiliário e Poupança (Abecip).
Comparado a setembro, o setor apresentou crescimento de 2,4%. Nos últimos 12 meses, o volume financiado alcançou R$ 181,2 bilhões, um aumento de 17,9% em relação ao período anterior.
Foram financiados 55,5 mil imóveis em outubro, com redução de 4,9% em relação a setembro. Na comparação anual, com outubro de 2023, houve crescimento de 54,8% nas modalidades de aquisição e construção.
De janeiro a outubro, 469,5 mil imóveis foram financiados, número 12,8% superior ao mesmo período do ano passado. Em 12 meses, foram 552,4 mil imóveis, representando alta de 8,1%.
O saldo da poupança (SBPE) totalizou R$ 763,9 bilhões no mês passado, com leve redução de 0,07% em relação a setembro. Na comparação anual, o montante apresentou resultado positivo de 4,62%.
Em meio às preocupações com escassez dos recursos da poupança – que obrigaram a Caixa Econômica Federal a restringir os financiamentos, impondo novas regras a partir de novembro – os números de outubro demonstram um mercado imobiliário aquecido e uma expansão significativa nos financiamentos com recursos das cadernetas ao longo do ano.
Fonte: Valor Econômico
15 por cento dos moradores do Rio planejam comprar imóvel nos próximos 6 meses
Moradores do Rio de Janeiro têm mostrado maior disposição para comprar imóveis em vez de optar pelo aluguel, como aponta o Índice de Confiança no Setor Imobiliário, realizado pela Loft em parceria com a Offerwise. Segundo o levantamento, 15% dos moradores do Rio de Janeiro planejam comprar um imóvel nos próximos seis meses.
Entre os motivos apontados para a compra, 36% dos entrevistados citam o desejo de “deixar de pagar aluguel”, enquanto 20% veem a compra da casa própria como um “investimento seguro”. Em contraste, apenas 5% dos participantes têm a intenção de alugar um imóvel no mesmo período.
A pesquisa também mostra que 31% dos entrevistados buscam um novo lar na mesma faixa de valor atual, e 19% esperam reduzir os custos com aluguel.
Em relação ao dispositivo de “proteção” para caso de não pagamento, a “caução” – que geralmente corresponde a um depósito de três meses de aluguel – é a garantia mais citada entre os entrevistados, escolhida por 31%. Fiança aluguel, fiador e cessão fiduciária aparecem empatados com 13% cada.
Fábio Takahashi, gerente de Dados da Loft, observa que “a pesquisa captou alguns movimentos divergentes. “Se por um lado há preocupação com as condições de financiamento habitacional, a proporção de pessoas que acham que a situação financeira familiar vai melhorar é maior do que a que acha que vai piorar. Esse sentimento tende a ser um propulsor para negócios no mercado imobiliário”.
Fonte: O Dia
Decisões judiciais anulam cobrança duplicada de IPTU em São Paulo
O Tribunal de Justiça de São Paulo (TJSP) emitiu decisões que anulam cobranças duplicadas de Imposto Predial e Territorial Urbano (IPTU) de incorporadoras imobiliárias e do fundo de pensão Previ. Os acórdãos impedem a Prefeitura de São Paulo de cobrar o tributo em duplicidade, inicialmente sobre terrenos adquiridos e, posteriormente, após a conclusão das obras, sobre a área total, retroativamente e com correção monetária.
Apenas em um único caso específico, a Previ deve receber de volta R$ 43 milhões. O fundo comprou o Centro Empresarial Berrini em 2011 e solicitou a divisão em 33 imóveis. Entre 2013 e 2018, o IPTU foi cobrado sobre uma única matrícula, mas, posteriormente, a prefeitura cobrou novamente após o desdobramento, desconsiderando o pagamento anterior.
A Secretaria Municipal da Fazenda defende que a revisão dos lançamentos pode ocorrer em até cinco anos, alegando falta de informação adequada das mudanças prediais. Contudo, advogados afirmam que tais erros são recorrentes, com decisões judiciais favorecendo os contribuintes e anulando cobranças ou determinando restituições.
Segundo a advogada Juliana Cordoni Pizza Franco, a prefeitura de São Paulo tem dificultado a compensação administrativa, tornando necessário recorrer à Justiça. “Esse pedido tem seus percalços e a prefeitura não tem um protocolo para fazer a restituição de maneira ágil, então termina sendo necessário entrar com uma ação na Justiça”, afirma.
Já o relator do caso da Previ no TJSP, desembargador João Alberto Pezarini, afirmou que condicionar a restituição ao trânsito em julgado contraria princípios de boa-fé e segurança jurídica. “Afronta a segurança jurídica e os princípios da legalidade, boa-fé do contribuinte e do dever geral de lealdade e confiança recíproca entre as partes”.
Outras ações similares também resultaram em decisões favoráveis às incorporadoras, evitando cobranças adicionais e aumento nos custos de condomínio.
Bruno Sigaud, do Sigaud Advogados, relata que, apesar de tentativas de compensação tributária no caso da Previ, a prefeitura de São Paulo negou o pedido, resultando em uma cobrança considerada “completamente ilegal e desarrazoada”. Ele destaca que essa prática ocorre também em outras cidades, como Guarulhos, mas é mais intensa na capital devido à alta disputa por terrenos.
Para Sigaud, a atitude da prefeitura tem um caráter arrecadatório, mas o tribunal tem reconhecido o direito das incorporadoras, o que evita o aumento nos custos de condomínio.
Isabella Tralli, do VBD Advogados, afirma que muitas empresas pagam as cobranças por não perceberem os erros, mas a jurisprudência tem se mostrado favorável aos contribuintes, incentivando a contestação com base no artigo 149 do Código Tributário Nacional.
Fonte: Valor Econômico
Avanço em projetos de luxo espelham como sociedade quer viver, diz executivo da Lindenberg
Arthur Monnerat Capela, sócio-diretor comercial e de marketing da construtora Lindenberg, acredita que o sucesso do setor de alto padrão e luxo no Brasil reflete as mudanças na sociedade dos últimos anos. “Projetos dos imóveis de luxo espelham como a sociedade quer viver”, avalia.
Em entrevista ao jornal Estadão, o executivo explica que a preferência dos clientes por apartamentos evoluiu e, hoje, a busca por localização privilegiada, espaços bem pensados e acabamento de primeira linha conduzem o mercado, mesmo que os apartamentos atuais tenham menos cômodos. “A gente vê uma demanda consistente no alto padrão”, afirma.
Capela observa que funcionalidades e tecnologia são essenciais para este público. “Todo mundo quer um carro elétrico, se já não tem. Então a gente coloca nos nossos empreendimentos carregador de carro elétrico. As pessoas pedem muito delivery, mas não querem descer para pegar a encomenda. Por segurança, o entregador não pode entrar. Então colocamos uma espécie de elevador só para cargas, que nem tinha em pizzarias antigamente, que a pizza descia da cozinha para o salão. E aí você não precisa sair do seu andar e ir até o térreo do prédio para pegar o que pediu no delivery”, pontua.
Há 70 anos, a elite paulistana desejava os maiores imóveis possíveis, com lançamentos que chegavam a ter 48 cômodos. Hoje, o foco é diferente, como destaca Capela. As transformações se refletem não apenas em tamanho, mas também em qualidade e localização, adaptando-se às novas expectativas dos consumidores de alto padrão.
De acordo com a consultoria Bain & Company, o mercado de imóveis de luxo, com propriedades acima de R$ 3 milhões, cresceu 339% em 2022 comparado a 2020. A Lindenberg, por exemplo, registrou vendas de R$ 610 milhões em 2023 e já ultrapassou R$ 733 milhões em 2024, com uma projeção de crescimento de 20% para 2025.
Capela observa que, apesar das flutuações econômicas brasileiras, os consumidores estão dispostos a investir em qualidade de vida. “As pessoas querem ter apartamentos bons e estão topando pagar por isso”, afirma, destacando que o comportamento do consumidor impulsiona o mercado mais do que a conjuntura econômica. “Elas estão mais tranquilas com essa coisa de que economia do Brasil é cíclica, de que às vezes os juros vão lá para cima, às vezes vão lá para baixo. O que as pessoas querem é uma compra que vai trazer para elas uma boa vida”.
Capela participará do painel “O futuro dos empreendimentos de alto padrão”, no Summit Imobiliário 2024, em São Paulo, nesta quinta-feira (28), discutindo as expectativas dos consumidores de imóveis de luxo. O evento abordará tendências para a economia brasileira e o mercado imobiliário em 2025.
Fonte: Estadão