Setor imobiliário encerra 2024 com balanço positivo, mas enfrentará cenário mais desafiador em 2025. Concessões de crédito imobiliário caem 5,8% em outubro. Em SP, mudança no comportamento do comprador impulsiona mercado de alto padrão.
Setor imobiliário enfrentará cenário mais desafiador em 2025
O setor imobiliário encerra 2024 com resultados promissores em lançamentos e vendas de imóveis na capital paulista e em outras regiões do Brasil. No entanto, o próximo ano promete ser bem mais desafiador. Alertas foram dados por Rodrigo Luna, presidente do Sindicato da Habitação de São Paulo (Secovi-SP), durante o Summit Imobiliário 2024, evento promovido em parceria com o jornal O Estado de São Paulo.
Entre janeiro e setembro de 2024, as vendas e lançamentos de unidades residenciais em São Paulo cresceram 33% e 47%, respectivamente, em comparação com 2023. Luna apontou a significativa contribuição do programa Minha Casa, Minha Vida, que respondeu por 55% das vendas e 65% dos lançamentos, como um fator crucial para esse desempenho.
O cenário de 2025, entretanto, preocupa devido à alta da taxa Selic – atualmente em 11,25% ao ano – e à pressão inflacionária. “No contexto macroeconômico, a inflação pressionada impacta diretamente o poder de compra dos consumidores, reduzindo a demanda por imóveis e comprometendo a redução da taxa de juros que, por sua vez, aumenta o custo dos financiamentos imobiliários, dificultando a capacidade de compra de imóvel pelas famílias brasileiras”, alerta Luna.
O presidente do Secovi-SP citou ainda pontos importantes para a sustentabilidade do setor, como a aderência às práticas ESG e a necessidade de inovar e implantar novas tecnologias, além do grave problema do aumento de custos de construção e da falta de mão de obra. “Se não formos criativos em captação de planos de desenvolvimento profissional para trazer trabalhadores, as dificuldades atuais serão agudizadas”, alertou.
Já Erick Bretas, CEO do Estadão, destacou a expansão imobiliária como maior símbolo da transformação da capital paulista, e chamou atenção para a necessidade de alternativas para os altos juros e a escassez de recursos na poupança, além de enfrentar o déficit habitacional de 7 milhões de moradias.
Neste sentido, Luna enfatizou a importância do Fundo de Garantia do Tempo de Serviço (FGTS) para garantir moradia digna aos brasileiros. A alta da Selic e a retirada de recursos da poupança obrigam os bancos a buscar fontes de crédito mais onerosas, limitando o acesso ao crédito para a classe média.
Fonte: Estadão Conteúdo/Terra
Concessões de crédito imobiliário caem 5,8 por cento em outubro
O Banco Central (BC) anunciou que as concessões de crédito imobiliário para pessoas físicas com recursos direcionados registraram uma queda de 5,8% em outubro, totalizando R$ 19,476 bilhões. Apesar dessa redução mensal, o acumulado em 12 meses apresenta uma alta de 23,4%, com um aumento de 26,6% no ano.
O estoque total de crédito imobiliário subiu 1% em outubro em relação a setembro, somando R$ 1,147 trilhão. Em comparação anual, o crescimento foi de 12,4%. Segundo Fernando Rocha, chefe do departamento de estatísticas do Banco Central, “a redução das concessões ocorreu em função do financiamento imobiliário com taxas reguladas”, que caiu 8,1% no mês.
Por outro lado, as concessões com taxas de mercado aumentaram 8%, de R$ 2,9 bilhões para R$ 3,2 bilhões. Considerando os últimos 12 meses, tanto as taxas de mercado quanto as reguladas cresceram acima de 20%, com 20,3% e 23,9%, respectivamente.
A taxa anual de juros para crédito imobiliário subiu de 9,5% para 9,7% entre setembro e outubro. O crédito ampliado ao setor não financeiro também avançou 1,5% em outubro, alcançando R$ 17,9 trilhões, uma medida abrangente que inclui empréstimos, financiamentos, mercado de capitais e empréstimos externos.
A carteira de crédito do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) para empresas cresceu 1,7% em outubro, totalizando R$ 425,659 bilhões. As concessões do BNDES registraram um aumento de 85,6% no mês, atingindo R$ 10,281 bilhões, com um crescimento de 23,4% no ano.
Fonte: Valor Econômico
Em SP, mudança no comportamento do comprador impulsiona alto padrão
O mercado de imóveis de alto padrão tem experimentado uma demanda consistente nos últimos anos, e esse fenômeno foi tema de discussão entre empresários do setor reunidos no Summit Imobiliário 2024. O que impulsionou esse movimento está mais relacionado ao comportamento e demandas do consumidor do que à economia brasileira, na avalição de Arthur Monnerat, diretor comercial e de marketing da Lindenberg.
Monnerat observa que, apesar de um cenário econômico sem crescimento expressivo do Produto Interno Bruto (PIB) ou redução de custos, o interesse dos consumidores por investimentos em imóveis de alto padrão permanece forte. “Passamos por um momento muito bom que parece ter a ver com o consumidor passando a entender que o investimento em um negócio imobiliário de alto padrão vale a pena”.
O executivo enfatiza que imóveis de alto padrão são vistos como uma segurança patrimonial. “O imóvel é uma experiência de luxo que você consegue resgatar o seu dinheiro de volta, diferente de uma viagem – ou é algo que vai durar para o resto da vida”, afirma.
Fábio Tadeu Araújo, CEO da Brain Inteligência Estratégica, confirma essa tendência que vem desde o início da pandemia. Em São Paulo, por exemplo, o mercado imobiliário tem crescido anualmente, sem estabilização ou queda. Ele observa que a participação de apartamentos a partir de R$ 2 milhões aumentou de 3% para quase 6% no mercado paulistano, representando 30% do Valor Geral de Vendas (VGV).
Araújo relaciona o crescimento do segmento à busca por bem-estar durante a pandemia, quando a venda de lotes de lazer e apartamentos de praia aumentou. Ele destaca que a atratividade das fachadas é um diferencial para os compradores.
A Lopes, por exemplo, lançou uma divisão para atender exclusivamente o segmento de alto padrão, aproveitando a menor dificuldade em repassar aumentos de custos de 2024 nesse nicho. Cyro Naufel, diretor de relações com investidores da empresa, brincou dizendo que o desempenho do alto padrão é resultado de um “alinhamento de astros”.
Segundo Naufel, há 30 anos, o conceito de alto padrão era sinônimo de tamanho. “Hoje, talvez todo apartamento grande seja de alto padrão, mas nem todo imóvel de alto padrão é grande”, afirmou, destacando a importância da localização mesmo em produtos mais compactos voltados ao segmento.
Fonte: Valor Econômico
Vendas de novos imóveis crescem 60 por cento em Belo Horizonte
No terceiro trimestre de 2024, as vendas de novos imóveis em Belo Horizonte aumentaram 60% em relação ao mesmo período de 2023, segundo a Brain Inteligência Estratégica. Entre julho e setembro, 2.135 casas e apartamentos foram negociados na capital mineira, conforme dados apresentados em workshop da Câmara do Mercado Imobiliário e Sindicato da Habitação (CMI-Secovi).
O estudo revela que nos últimos 12 meses, 98% dos imóveis lançados em Belo Horizonte foram vendidos. O segmento que mais cresceu foi o chamado “standart”, com ticket médio em R$ 459.891, também observado em Nova Lima. Contudo, cidades como Contagem registraram queda nas vendas.
Leonardo Matos, diretor de Pesquisa, Estatística e Tecnologia da Informação da Câmara do Mercado Imobiliário e Sindicato da Habitação (CMI-Secovi), relaciona o crescimento em Belo Horizonte às modificações no programa Minha Casa, Minha Vida, que desde junho de 2023 elevou o valor máximo de financiamento para R$ 350 mil. “Com essa nova versão do programa, tornou-se possível fazer lançamentos em Belo Horizonte, o que antes era mais difícil”, explica Matos.
Segundo o sócio da Brain, Guilherme Werner, a capital mineira não tinha lançamentos do programa devido aos limites de financiamento entre R$ 190 mil e R$ 264 mil. Por outro lado, ele alerta que o aumento da Selic, atualmente em 11,25%, pode ameaçar o crescimento, encarecendo financiamentos imobiliários.
Werner observa que a classe média, alvo do segmento standart, é sensível às oscilações macroeconômicas. “A gente tem uma boa parcela da classe média para se encaixar nesse segmento standard. A dificuldade hoje para esse segmento é a despeito dos juros que a gente possui a nível Brasil, e o quanto isso respinga na taxa dos financiamentos imobiliários que os bancos precisam praticar. Então, quando há uma elevação dos juros e das taxas de financiamento, o poder de compra dessa classe média é muito achacado”, avalia.
Já Leonardo Matos projeta continuidade do crescimento deste mercado até o final do ano e manutenção dos bons resultados em 2025, destacando a importância de novas formas de financiamento imobiliário. Ele também menciona que o desempenho futuro dependerá da recepção do pacote fiscal do governo, anunciado esta semana, e da evolução da Selic. “Mas estamos com boas perspectivas de que 2025 será um bom ano”, conclui.
Fonte: O Tempo