Imigrantes injetaram R$ 283 milhões no mercado imobiliário brasileiro em 2024. Mercado de luxo desafia a crise: imóveis superam R$ 100 mil/m² em SP e RJ. Aumento nos juros impacta construção e encarece imóveis em 2025, alerta CBIC.
Imigrantes injetaram R$ 283 milhões no mercado imobiliário brasileiro em 2024
De janeiro a setembro de 2024, os estrangeiros que vivem no Brasil investiram R$ 283,2 milhões em imóveis no país, superando os R$ 273 milhões de 2023, conforme dados do Boletim de Migração de novembro (Ministério da Justiça e Segurança Pública). Este aumento é refletido no Observatório das Migrações (Obmigra) que indica o crescente interesse estrangeiro no país.
Segundo Jonatas Pabis, secretário-executivo do Conselho Nacional de Imigração, a valorização do dólar frente ao real e o aumento de voos para destinos brasileiros são fatores que impulsionam esses investimentos. “Estamos num contexto positivo de retomada de voos diretos do Nordeste para a Europa e Estados Unidos,” explica Pabis.
O Rio de Janeiro lidera como destino preferido, com R$ 125,2 milhões investidos, seguido por São Paulo (R$ 56,4 milhões) e Santa Catarina (R$ 23,2 milhões). O apelo turístico e oportunidades de trabalho influenciam a escolha desses locais, com muitos estrangeiros optando por fixar residência após períodos de trabalho no Brasil.
Uma resolução do Conselho Nacional de Imigração permite que estrangeiros que adquiram imóveis urbanos no Brasil solicitem autorização de residência. O investimento mínimo é de R$ 1 milhão, reduzido para R$ 700 mil nas regiões Norte e Nordeste, incentivando o desenvolvimento econômico nessas áreas.
Entre as nacionalidades, imigrantes dos Estados Unidos (EUA) lideram os investimentos, com R$ 65,7 milhões, seguidos por franceses (R$ 39,9 milhões) e italianos (R$ 39,5 milhões). Em setembro, o investimento estrangeiro somou R$ 24,2 milhões, com os estadunidenses contribuindo com R$ 7,6 milhões.
O perfil predominante dos investidores estrangeiros no Brasil é composto por homens, majoritariamente estadunidenses, com ensino superior, ocupando cargos de direção em empresas, e com idades entre 50 e 64 anos.
Fonte: Valor Econômico
Inadimplência de condomínios no Brasil atinge recorde em outubro
A inadimplência das taxas de condomínio no Brasil alcançou seu maior valor do ano em outubro, com um aumento de 3,57% em relação a setembro. Segundo estudo da Superlógica, que analisou cerca de 3 milhões de imóveis, o último pico ocorreu em junho, com uma taxa de 13,12%. O menor índice de 2024 foi registrado em agosto.
Goiás liderou a inadimplência em outubro, com 22,6%, seguido por São Paulo (12,52%) e Rio de Janeiro (11,24%), segundo dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). No Espírito Santo, a taxa foi a menor, com 8,02%. Todos esses estados, entretanto, registraram suas maiores taxas de inadimplência do ano.
João Baroni, diretor da Superlógica, aponta a inflação e a taxa de juros como fatores agravantes, além das apostas financeiras que comprometem o orçamento familiar. “A inadimplência condominial aumenta devido à priorização de pagamentos como cartão de crédito e empréstimos”, explica.
Entre janeiro e outubro, a taxa média de condomínio subiu de R$ 828,03 para R$ 901,74, um aumento de 8,9%, superando a inflação medida pelo Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), que foi de 3,88%. Os maiores aumentos ocorreram no Rio de Janeiro (16,75%) e Espírito Santo (13,46%).
A taxa média de condomínio já representa quase 100% do salário mínimo em estados como Ceará e Pernambuco. Nacionalmente, equivale a 63% do salário mínimo de R$ 1.412. Uma pesquisa da Federação do Comércio de Bens, Serviços e Turismo de São Paulo (FecomercioSP) indica que 77% das famílias brasileiras têm dívidas, e o Serviço de Proteção ao Crédito (SPC Brasil) aponta um índice de inadimplência de 40,91%.
Fonte: Veja
Mercado de luxo desafia a crise e imóveis superam R$ 100 mil por metro quadrado
O segmento imobiliário de altíssimo padrão no Brasil tem mostrado resiliência, mesmo com a Selic em dois dígitos há dois anos. Cidades como São Paulo, Rio de Janeiro, Cuiabá e Florianópolis registram lançamentos que superam R$ 100 mil por metro quadrado.
Em São Paulo, apartamentos com selo de marcas como Armani e Versace têm atraído endinheirados que buscam design exclusivo e localização privilegiada, e até mesmo uma espécie de selo de aprovação de ícones do luxo. “Eles querem uma nova experiência imobiliária”, diz Álvaro Marco Coelho da Fonseca, diretor da imobiliária paulistana especializada no mercado de luxo.
Especialistas apontam que houve uma mudança de prioridade neste segmento após a pandemia, que quer localização e design, acima de grandes metragens. “Nossa clientela quer viver melhor e investir mais no imóvel”, afirma Claudio André de Castro, diretor da imobiliária carioca Sergio Castro Ouro, que recentemente vendeu a mansão mais cara do país, anunciada por R$ 220 milhões. A propriedade, no Leblon, dará lugar a 10 residências de até R$ 150 mil por metro quadrado.
Em bairros paulistanos como Itaim Bibi, os preços do metro quadrado dispararam, com valores que variam entre R$ 30 mil e R$ 60 mil, enquanto no Rio, a zona Sul vê preços de R$ 35 mil a R$ 50 mil, representando um aumento de 50% em dois anos.
“Os consumidores desejam um produto que ofereça exclusividade e esteja em uma área privilegiada”, observa Henrique Blecher, ex-CEO da Gafisa e fundador da Origem.
Fora do eixo Rio-São Paulo, o mercado de luxo também prospera, especialmente no Centro-Oeste, onde a riqueza do agronegócio impulsiona o crescimento. “Esse é um movimento nacional”, destaca João Gabriel Tomé de Oliveira, sócio-diretor da City Soluções Urbanas em Goiânia, explicando que as novas demandas incluem condomínios com infraestrutura completa.
Os designs assinados por arquitetos renomados são fundamentais para atrair compradores em regiões como Goiânia. “Nós trouxemos também para cá essa pegada de escritórios renomados assinando o projeto junto conosco. Com isso, criamos um status de irreplicabilidade e conseguimos dar a noção de escassez e status vinculado a esses residenciais”, afirma Oliveira, que já trabalhou com nomes como Arthur Casas e o estúdio Pininfarina.
O mercado imobiliário de alto luxo deve manter os preços elevados mesmo com a alta dos juros em 2025, apontam os especialistas. Souza Lima, CEO da Meta, destaca que clientes de luxo “são menos afetados pelos juros, pois muitos não dependem de financiamento”. Quando utilizam crédito, é para aproveitar taxas próximas à Selic, graças às letras de crédito imobiliário (LCI), que oferecem vantagens fiscais, segundo Lima.
Aplicações de renda fixa como títulos de crédito privado pós-fixados, por exemplo, costumam pagar bons prêmios sobre o CDI. “Quem já tem o dinheiro para adquirir a propriedade à vista pode manter o valor em títulos com remuneração acima do custo do empréstimo e, assim, ganhar com essa diferença”, explica André Souyoltgis, diretor comercial da Coelho da Fonseca.
Fonte: Investnews
Aumento nos juros impacta construção e encarece imóveis em 2025, alerta CBIC
A decisão da Caixa Econômica Federal de redirecionar as construtoras para linhas de crédito com taxas mais altas impacta empreendimentos de todos os tamanhos, afirmam especialistas. A exceção são os imóveis financiados pelo Minha Casa, Minha Vida, que utilizam recursos do Fundo de Garantia por Tempo de Serviço (FGTS).
Com a poupança oferecendo menor remuneração frente a outros investimentos, a Caixa introduziu uma nova linha de crédito em outubro, indexada ao Certificado de Depósito Interfinanceiro (CDI), que acompanha a Taxa Selic, atualmente em 11,25% ao ano. Isso visa preservar o saldo da poupança para os indivíduos, enquanto as construtoras enfrentam custos financeiros mais elevados.
Renato Correia, presidente da Câmara Brasileira da Indústria da Construção (CBIC), prevê que a alta dos juros impactará o custo de construção e o preço dos imóveis, especialmente aqueles acima de R$ 350 mil. A demanda por crédito permanece alta, com fila de R$ 20 bilhões em contratos pré-aprovados na Caixa.
Segundo Correia, a pressão nos preços deve afetar unidades voltadas para a classe média, a partir de R$ 350 mil, e as opções para o alto padrão. O novo patamar de preço é resultado das restrições em recursos da poupança, alvo de um volume maior de saques em um cenário de juros mais altos.
Mesmo com restrições, 2024 deve ser o terceiro melhor ano em financiamentos habitacionais, superando R$ 160 bilhões, de acordo com Correia. Ele alerta, porém, que a interrupção de financiamentos pode afetar o mercado.
A busca por soluções para a crise de financiamento segue, com propostas que incluem o aumento da destinação obrigatória de recursos da poupança para habitação. O governo também administra o orçamento do FGTS para garantir a continuidade do programa Minha Casa, Minha Vida, enquanto o presidente Luiz Inácio Lula da Silva assegura que não faltará crédito para a construção de moradias.
No cenário atual, a Caixa e outros bancos procuram alternativas para manter o equilíbrio e a sustentabilidade do crédito imobiliário, enquanto a indústria debate soluções com o governo para mitigar os desafios impostos pelas condições econômicas atuais.
Fonte: O Globo