Talles Dantas, diretor de crédito imobiliário da Loft
Diversos veículos de imprensa repercutiram nesta semana entrevista concedida pelo Ministro da Fazenda, Fernando Haddad, dando conta de que em breve o governo deverá anunciar novidades sobre o financiamento imobiliário voltado para a classe média.
“O que está faltando acontecer é o crédito imobiliário para a classe média, que ainda é pequeno na comparação internacional – na casa de 10% do PIB”, disse o ministro. “Tem país, como o Chile, que é 30%, temos uma avenida para percorrer e estamos neste movimento”, concluiu Haddad à TV Record.
O movimento a que o ministro se refere são estudos solicitados pelo presidente Lula que envolvem, além de Haddad, o Presidente da Caixa Econômica Federal, Carlos Vieira, e o Presidente do Banco Central, Gabriel Galípolo.
De acordo com a Agência Estado, o foco dos estudos é aprimorar a linha de crédito imobiliário corrigada pelo IPCA (Índice de Preço ao Consumidor Amplo). Importante lembrar que o IPCA, junto com o IGP-M, é um dos principais índices de inflação utilizados para atualizar contratos de aluguel.
A modalidade foi lança em 2019, mas não deslanchou nos anos seguintes porque os picos de inflação aumentaram bruscamente as parcelas dos mutuários e geraram muitos casos de inadimplência. A ideia, agora, é estruturar um mecanismo que permita transferir aumentos no IPCA para o saldo devedor do empréstimo, de forma a evitar altas fortes mensais.
Se confirmado nos próximos dias este aprimoramento, entendo que esta seja uma notícia interessante, que abre uma oportunidade digna de merecer a atenção das imobiliárias. Mas antes de tratar da oportunidade, vamos dar um passo atrás e olhar um pouco mais para o contexto atual do mercado de aluguel versus o de financiamento.
Hoje quem vive de aluguel e parte para a casa própria por meio de um financiamento imobiliário troca uma despesa corrigida pelo IPCA ou IGP-M por uma basicamente corrigida pela TR (Taxa de Referência do Banco Central), que por sua vez é atrelada à Taxa Básica de Juros, a Taxa Selic.
Diferentemente da correção do aluguel, nos financiamentos imobiliários os bancos acabam tendo de cobrar muito nos primeiros anos para depois de 3, 4 ou 5 anos, o valor da parcela perder tração em relação à variação do preço do aluguel. O resumo: em tempos de juros altos, como os atuais, é muito mais difícil pagar o financiamento no começo do que no resto do período financiado.
Já num contrato de financiamento atrelado ao IPCA, a correção passa a ser mais semelhante à do aluguel. O outro lado da moeda neste caso é o risco de a inflação sair dos trilhos. Mas com o comportamento do Banco Central, garantindo a manutenção da taxa Selic nas alturas – mais precisamente, a 15% ao ano – nos próximos meses, este ônus fica mitigado.
Diante desse quadro, um ajuste no modelo de financiamento que dilua a variação do IPCA na linha do tempo se configura numa ótima oportunidade para as imobiliárias atraírem compradores interessados em obter um empréstimo imobiliário que não se inicia com uma barreira tão alta, como a oferecida atualmente pelos corrigidos pela TR.
Importante observar que a Loft acaba de fechar uma parceria com o Banco Inter, principal banco do país em financiamento atrelado ao IPCA. Neste momento de crédito difícil, o Inter está conseguindo conceder financiamentos na modalidade IPCA com ótima performance. As imobiliárias parceiras da Loft agora têm acesso facilitado a eles.
Fica a dica!