Construção civil cria plano de carreira para combater escassez de trabalhadores. Eztec planeja retomar foco na classe média apesar dos juros elevados. Leilão de Cepacs em SP pode elevar vacância da Faria Lima de 1% para 13%.
- Construção civil cria plano de carreira para combater escassez de trabalhadores
- Eztec planeja retomar foco na classe média apesar dos juros elevados
- Leilão de Cepacs em SP pode elevar vacância da Faria Lima para 13 por cento
- Em SP, Jardim Guedala emerge como novo polo de luxo enquanto Morumbi perde valor
Construção civil cria plano de carreira para combater escassez de trabalhadores
A construção civil, que emprega 2,9 milhões de trabalhadores com carteira assinada no Brasil, enfrenta um apagão de mão de obra, de acordo com o setor, principalmente pela falta de jovens interessados em ingressar nesse mercado. Para reverter a tendência, empresários e sindicatos desenvolvem um plano de carreira inédito, apontando um caminho da base ao topo.
O Sinduscon-SP (Sindicato da Indústria da Construção Civil do Estado de São Paulo) e o Sintracon-SP (Sindicato dos Trabalhadores nas Indústrias da Construção e do Mobiliário de São Paulo) estruturam um plano nacional com apoio do Senai (Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial). A iniciativa começa por mudanças simbólicas, que podem mudar a percepção dos jovens: a nomenclatura da atividade “servente”, por exemplo, vira “auxiliar de construção”.
“Temos hoje uma crise muito grande. Os entrantes, aprendizes e ajudantes, estão em falta. Eles respondem por 50% da nossa força de trabalho”, afirma David Fratel, coordenador do Grupo de Trabalho de Recursos Humanos do Sinduscon-SP.
O problema já impacta cronogramas de obras, com construtoras adiando fases de execução. O desinteresse passa pela percepção negativa do trabalho braçal, ausência de perspectivas de ascensão e concorrência com setores como tecnologia e aplicativos.
Segundo o plano pensado para atrair mão de obra, o trabalhador ingressa como aprendiz e, após 90 dias, pode ser promovido a meio-oficial. Em até um ano, alcança o cargo de trabalhador qualificado. Os salários iniciais variam de R$ 2.500 a R$ 6 mil, enquanto mestres de obras podem ultrapassar R$ 20 mil mensais.
“Temos que construir juntos uma saída e com dignidade. A pessoa tem que ter orgulho em trabalhar com construção”, afirma Antonio de Souza Ramalho, presidente do Sintracon-SP.
O plano também foca na inclusão de mulheres e imigrantes para preencher vagas técnicas. A Direcional Engenharia, por exemplo, investe em formação interna e mantém parcerias com instituições assistenciais para acolher imigrantes africanos.
O angolano Mingi Masiya faz parte da iniciativa. Ele encontrou a vaga na construção por meio do CAT (Centro de Apoio ao Trabalho), da prefeitura de São Paulo. “Já fiz muita coisa desde que entrei. Estou aprendendo na área elétrica, mas entrei como servente e ainda estou exercendo essa função”, diz.
A Benx Incorporadora, aplicou no projeto Parque Global, empreendimento na zona Sul de São Paulo, um equilíbrio de gênero: 26 mulheres e 26 homens, com 100% das áreas de gestão contando com presença feminina.
Patrícia Neves, diretora do empreendimento, destaca que 30% das mulheres foram contratadas no primeiro emprego. Duas já viraram engenheiras este ano. “Mulheres trazem um olhar diferente para inovação e gestão de pessoas”, afirma.
Fonte: Folha de S.Paulo
Eztec planeja retomar foco na classe média apesar dos juros elevados
A incorporadora Eztec anunciou cinco novos lançamentos, sendo quatro voltados para classe média e um para o segmento econômico dentro do Minha Casa, Minha Vida (MCMV). A estratégia marca o retorno ao perfil tradicional da empresa.
“Entendemos que esse setor ficou mal atendido”, disse o vice-presidente Flávio Ernesto Zarzur. Os projetos ficam na Saúde e na Mooca, em São Paulo, e São Caetano do Sul, no Grande ABC. Apenas um dos 5 projetos será voltado ao MCMV.
Segundo a incorporadora, a dificuldade atual é a taxa de juros, que pressiona mais a classe média que outros segmentos. A expectativa é que os lançamentos atuais encontrem a Selic reduzida para cerca de 12% ao ano quando forem repassados aos bancos em dois anos. “Temos conseguido fazer repasse mais perto de 12% ao ano mais TR”, afirmou Zarzur.
A Eztec entregou R$ 296 milhões no primeiro semestre e deve entregar mais R$ 2,3 bilhões até dezembro. A carteira de alienação fiduciária cresceu 8% para R$ 535 milhões, atendendo clientes que não conseguem financiamento bancário.
Sobre mudanças no crédito imobiliário, Zarzur disse que a empresa “é contra qualquer mudança” na exigência de 65% da poupança para financiamento. “O nosso setor vive basicamente de crédito imobiliário”, lembrou o diretor financeiro Emilio Fugazza.
Fonte: Valor Econômico
Leilão de Cepacs em SP pode elevar vacância da Faria Lima para 13 por cento
Levantamento da consultoria Binswanger Brazil mostra que se todos os Cepacs (Certificados de Potencial Adicional de Construção) da Operação Urbana Consorciada Faria Lima, em São Paulo, fossem destinados exclusivamente para escritórios, a vacância subiria drasticamente.
A Operação Urbana tem quatro setores com espaços vazios distintos: Faria Lima (1,8%), Hélio Pellegrino (6,9%), Pinheiros (8,8%) e Olimpíadas (8,9%). Os aluguéis variam de R$ 170,15 a R$ 284,13 por metro quadrado, com média de R$ 207,99.
No cenário hipotético de uso exclusivo para escritórios, o estoque corporativo aumentaria 17,3%, atingindo 1.691.505 metros quadrados. As vacâncias saltariam para 13,1% na Faria Lima, 30,4% no Hélio Pellegrino, 25% em Pinheiros e 16,6% nas Olimpíadas.
“Não há um entusiasmo excessivo no mercado. A maioria dos compradores faz com intenção de uso imediato”, afirma Sério Belleza, diretor da Binswanger.
Espera-se que uma parte seja destinada a empreendimentos residenciais e mistos. Com preço mínimo de R$ 17,6 mil por título, o leilão marcado para agosto deve atrair incorporadoras focadas na continuidade de projetos e regularização de terrenos, dada a alta demanda e baixa vacância atual.
O alto custo e a competição com o setor residencial devem afastar algumas incorporadoras corporativas. Aquelas com terrenos na região provavelmente participarão para viabilizar empreendimentos e aproveitar a baixa vacância atual. Fonte: Exame
Em SP, Jardim Guedala emerge como novo polo de luxo enquanto Morumbi perde valor
O Jardim Guedala, área do Morumbi próxima à Cidade Jardim e ao Jockey Club, na zona Sul da capital paulista, tornou-se o novo reduto de projetos imobiliários de luxo na cidade. Segundo levantamento da consultoria Binswanger, a região teve seis lançamentos nos últimos dez anos, com preço médio de R$ 28 mil por metro quadrado.
O restante do Morumbi registrou 39 empreendimentos no mesmo período, com preço médio de R$ 23,2 mil por metro quadrado. Fatores como trânsito e criminalidade têm afastado a elite paulistana do bairro, que migra para Itaim Bibi, Cidade Jardim ou Jardins.
“O bairro tem terrenos originalmente grandes e está nas proximidades do entre rios”, explica Valter Caldana, professor da FAU (Faculdade de Arquitetura e Urbanismo) da Universidade Presbiteriana Mackenzie. A proximidade com escritórios da Faria Lima valoriza a região.
A Meta Incorporadora lidera os investimentos no Jardim Guedala, com mais de R$ 1 bilhão em VGV (Valor Geral de Vendas). A empresa desenvolve projetos como Casa Arbo (R$ 90 milhões) e The Club (R$ 600 milhões), este com 42 andares.
A Cyrela também atua na região com o Vista Cyrela Furnished by Armani/Casa, que vendeu 86 unidades em seis meses. O empreendimento tem preço médio de R$ 33 mil por metro quadrado e VGV de R$ 700 milhões.
“O Guedala é uma região onde ainda é possível andar a pé com segurança”, afirma Alexandre Souza Lima, CEO da Meta. A migração de casas para apartamentos é impulsionada pela busca por maior segurança em condomínios verticais.
Fonte: Estadão