Imóveis no Brasil ficaram 7,73% mais caros em 2024, maior alta em 11 anos. Crédito imobiliário recua em fevereiro, mas mantém crescimento anual. Construtoras adotam financiamento direto para driblar juros altos.
Imóveis no Brasil ficaram 7,73 por cento mais caros em 2024, maior alta em 11 anos
O mercado imobiliário brasileiro registrou a maior valorização anual desde 2013, com alta média de 7,73% nos preços de casas e apartamentos residenciais em 2024, segundo o Índice FipeZap. A variação superou os indicadores oficiais de inflação, com o IGP-M (Índice Geral de Preços – Mercado) registrando alta de 6,54% e o IPCA (Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo) ficando em 4,64% no acumulado do ano.
Em dezembro de 2024, o preço médio por metro quadrado atingiu R$ 9.366, com imóveis de um dormitório apresentando o valor mais elevado, a R$ 11.130/m². Vitória (ES) liderou o ranking das capitais mais caras, com média de R$ 12.287/m², seguida por Florianópolis (SC) e São Paulo (SP).
Entre as 56 cidades monitoradas, Curitiba (PR) registrou a maior valorização em 2024, com alta de 18%. Outras capitais com aumentos expressivos incluem Salvador (BA), João Pessoa (PB) e Aracaju (SE).
O único município do mapeamento em que os valores de venda imobiliária caíram foi em Santa Maria, no interior do Rio Grande do Sul, estado fortemente afetado pela tragédia climática que provocou enchentes incomuns em março do ano passado.
A tendência geral de valorização continuou no primeiro trimestre de 2025, com aumento acumulado de 1,87%. Imóveis de um dormitório mantiveram-se como os mais valorizados, apresentando alta de 2,16% no ano e 9,28% em 12 meses. Imóveis de dois dormitórios subiram 0,62%; três, 0,54%; e quatro ou mais, 0,48%. O preço médio por m² foi R$ 9.185.
Em março de 2025, João Pessoa e Salvador lideraram a valorização mensal, com altas de 2,22% e 1,69%, respectivamente. Balneário Camboriú (SC) destacou-se como a cidade com o metro quadrado mais caro do país, a R$ 14.334.
Fontes: Valor Investe e IstoÉ Dinheiro
Crédito imobiliário recua em fevereiro, mas mantém crescimento anual
O volume de financiamentos imobiliários com recursos das Cadernetas de Poupança atingiu R$ 12,74 bilhões em fevereiro de 2025, registrando uma queda de 5,5% em relação a janeiro, segundo dados da Abecip (Associação Brasileira das Entidades de Crédito Imobiliário e Poupança). Apesar do recuo mensal, o resultado representa o melhor desempenho histórico para o segundo mês do ano, com um aumento de 21,8% em comparação a fevereiro de 2024.
No acumulado do primeiro bimestre, o setor movimentou R$ 26,2 bilhões, um crescimento de 30,7% em relação ao mesmo período do ano anterior. Nos últimos 12 meses até fevereiro, os financiamentos totalizaram R$ 192,8 bilhões, um avanço de 28,3% em relação ao período precedente.
O número de imóveis financiados em fevereiro, nas modalidades de aquisição e construção, chegou a 36,3 mil unidades, uma redução de 5,9% em relação a janeiro, mas um aumento de 18,7% comparado ao mesmo mês de 2024. No acumulado dos últimos 12 meses, foram financiados 584,2 mil imóveis, um crescimento de 21,9%.
A poupança registrou captação líquida negativa de R$ 5,1 bilhões em fevereiro, fenômeno atribuído pela Abecip à concentração de gastos típicos de início de ano, como IPTU (Imposto Predial e Territorial Urbano), IPVA (Imposto sobre a Propriedade de Veículos Automotores) e despesas escolares. O saldo total da poupança fechou o mês em R$ 757,2 bilhões, praticamente estável em relação a janeiro, com queda de apenas 0,04%.
Fonte: Sinduscon-SP
Construtoras adotam financiamento direto para driblar juros altos
A alta da taxa Selic, que atingiu 14,25% em março de 2025, tornou os financiamentos imobiliários mais caros e os bancos mais restritivos na liberação do crédito habitacional. Para contornar essa dificuldade, as incorporadoras estão intensificando o uso do financiamento direto ao cliente em 2025.
Apesar de oferecer prazos menores, essa modalidade apresenta menos burocracia para aprovação. Várias construtoras, como SIM Engenharia, CMO Construtora, Opus e Yutá Inc, estão expandindo suas opções de financiamento direto. As condições variam, com prazos de 60 a 120 meses e taxas entre 0,89% e 1% ao mês, mais correção pelo IGPM, IPCA ou tabela Gradiente.
A Caixa Econômica Federal, principal agente do Sistema Brasileiro de Poupança e Empréstimo (SBPE), elevou suas taxas médias para imóveis residenciais de até R$ 1,5 milhão de TR mais 8,99% a 10,65% ao ano em 2024 para TR mais 10,99% a 12% ao ano em 2025.
Com os juros mais altos encarecendo o financiamento, alguns clientes também estão optando por imóveis menores ou adiando a compra, afirma Ronaldo Dantas, da My Broker Imóveis. “Mas quem consegue financiar, deve comprar agora e fazer a portabilidade lá na frente, pois a tendência pode ser de queda no futuro, quando a inflação for controlada. Assim, a pessoa consegue aproveitar o preço atual”, recomenda.
Gustavo Abdalla, sócio diretor da URBS Connect, lembra que um dos pontos mais negativos, hoje, é a dificuldade do crédito, que está mais escasso, com os bancos mais burocráticos e restritivos: se antes financiavam 80% do imóvel, hoje financiam 70%, o que exige uma entrada maior e restringe o número de compradores. Portanto, ele argumenta que o financiamento direto com construtoras durante a obra é uma oportunidade para quem compra na planta, evitando os bancos.
Fonte: O Popular
Sobretaxa eleva custos de transferência de imóveis em Minas Gerais
Uma nova tabela de taxas para transferência da propriedade de imóveis por meio de escritura e registro nos cartórios de Minas Gerais, chamados “emolumentos”, está em vigor desde 31 de março de 2025. Os valores reajustados já estão impactando os custos de transferência de propriedades imobiliárias no estado, segundo participantes do mercado.
Kênio Pereira, diretor regional da Associação Brasileira de Advogados do Mercado Imobiliário (Abami), afirma que o aumento pode superar 500% em alguns casos. A principal mudança é a introdução de uma sobretaxa de R$ 3.143, aplicada múltiplas vezes a cada faixa de R$ 500 mil, para transações acima de R$ 3,2 milhões.
Pereira exemplifica que um imóvel de R$ 100 milhões, que antes tinha um custo total de escritura e registro de R$ 16,3 mil, agora custará R$ 102 mil, um aumento de 526%.“Pode parecer que o impacto é para imóvel de rico, de alto padrão, o que não é verdade, já que pode incidir num terreno onde será construído um conjunto habitacional, por exemplo, e isso vai ser repassado para o comprador”, complementa o especialista.
A medida pode afetar negativamente a competitividade do estado no setor imobiliário, incentivando investidores a optarem por regiões com taxas mais acessíveis. O representante da Abami também alerta que a capital, Belo Horizonte, já possui um dos mais altos Impostos sobre Transmissão de Bens Imóveis (ITBI) do Brasil, com 3%.
A nova legislação determina que 25% dos acréscimos serão destinados ao Ministério Público, à Defensoria Pública e à Advocacia-Geral do Estado, o que, segundo Pereira, fere a Constituição Federal.
O vice-presidente da Câmara do Mercado Imobiliário e Sindicato da Habitação de Minas Gerais (CMI/Secovi-MG), Adriano Manetta, afirma que a mudança causará insegurança jurídica e poderá incentivar que as escrituras sejam feitas em outros estados. “É uma questão delicada, já que impacta, em especial, os investimentos. Estamos analisando a situação”, argumenta.
Fonte: Diário do Comércio