Mercado imobiliário busca títulos IPCA+ como alternativa ao funding da poupança. Preços de imóveis residenciais sobem 3,33% no primeiro semestre e superam inflação. Juros altos fazem compradores buscarem imóveis mais baratos e menores.
- Mercado imobiliário busca títulos IPCA+ como alternativa ao funding da poupança
- Preços de imóveis residenciais sobem 3,33 por cento no 1º semestre e superam inflação
- Juros altos fazem compradores adaptarem busca por imóveis mais baratos e menores
- “Corretor terrenista” vira peça-chave na disputa por espaços nas grandes capitais brasileiras
Mercado imobiliário busca títulos IPCA+ como alternativa ao funding da poupança
O mercado imobiliário tem defendido o uso de títulos indexados à inflação como alternativa ao financiamento habitacional, diante da forte sangria de recursos da poupança. Os saques já ultrapassam R$ 288 bilhões desde 2021 até o primeiro trimestre de 2025, reduzindo a participação da caderneta de 80% para pouco mais de 30% nas fontes do SFH (Sistema Financeiro de Habitação).
“O que sempre discutimos com o Banco Central é o que poderia ser feito para incentivar esse mercado”, afirmou Luiz França, presidente da Abrainc (Associação Brasileira das Incorporadoras), durante painel no Citi Equity Conference. A entidade defende benefícios na taxa IPCA+ para tornar os papéis securitizáveis.
Os bancos têm utilizado principalmente LCI (Letras de Crédito Imobiliário) e LIG (Letras Garantidas Imobiliárias) para suprir a redução da poupança. A LIG, com cerca de 80% do estoque de R$ 116 bilhões em papéis IPCA+, oferece garantia mesmo em caso de falência do emissor.
Uma LIG que pague IPCA+ 6,20% ao ano custaria 11,52% aos bancos em maio, enquanto uma LCI de 90% do CDI geraria custo de 13,5%.
O presidente do Banco Central, Gabriel Galípolo, já destacou que a perda de recursos da poupança “impõe a necessidade de o país migrar para novo modelo de financiamento do setor”.
Galípolo já havia chamado atenção para o tema em maio, avaliando que a perda de recursos da poupança resulta de questões estruturais.
A poupança ainda é fundamental para manter taxas de financiamentos menores que a Selic, custando aos bancos 0,5% ao mês mais a TR (Taxa Referencial), cerca de 8,3% atualmente. As taxas habitacionais estão em 12,5% ao ano, ainda abaixo dos 15% do juro básico.
A Faixa 4 do Minha Casa, Minha Vida (MCMV) foi criada como alternativa à crise da poupança, permitindo que famílias com renda até R$ 12 mil acessem taxas subsidiadas.
Ely Wertheim, presidente do Secovi-SP (Sindicato da Habitação de São Paulo), defende que recursos do fundo social do pré-sal se tornem permanentemente destinados ao setor. “Os recursos podem chegar a valores entre R$ 20 bilhões a R$ 30 bilhões por ano a custo zero”, disse. Ele defende que o dinheiro do pré-sal retornaria remunerado pelas operações de crédito. “É o único recurso que vai trazer remuneração ao fundo do pré-sal”, conclui.
Fonte: InvestNews
Preços de imóveis residenciais sobem 3,33 por cento no 1º semestre e superam inflação
O mercado imobiliário residencial brasileiro registrou valorização de 3,33% no primeiro semestre de 2025, segundo o Índice FipeZAP. O resultado superou o IPCA (Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo) de 3,01% e contrasta com a deflação de 0,94% do IGP-M (Índice Geral de Preços do Mercado).
A cidade de Vitória (ES) liderou a alta entre as capitais com valorização de 11,88%, seguida por Salvador (9,86%), na Bahia, e João Pessoa (9,20%), na Paraíba. Apenas Goiânia (GO) registrou queda, com recuo de 0,64% nos preços de venda.
Segundo o levantamento, a alta nos preços dos imóveis atingiu 55 das 56 cidades monitoradas pelo índice, incluindo 21 das 22 capitais. Por outro lado, o ritmo de valorização mostrou leve desaceleração em relação ao mesmo período do ano passado, quando o Índice FipeZAP havia subido 3,56%.
“Comparando com a variação do IPCA, a valorização real dos preços também se reduziu. Isso sinaliza que o momento é de ajuste no mercado, influenciado pelo aumento da taxa Selic e pelo esgotamento dos recursos da poupança habitacional”, afirma Paula Reis, economista do Grupo OLX.
Em junho, o índice subiu 0,45%, com imóveis de um dormitório apresentando maior valorização (0,61%). O preço médio foi de R$ 9.319 por metro quadrado.
Balneário Camboriú (SC) mantém o metro quadrado mais caro do país, a R$ 14.828/m². Entre as capitais, Vitória aparece com o metro quadrado mais alto, com R$ 13.711, seguida por Florianópolis (SC), com R$ 12.355/m², e São Paulo (SP), com R$ 11.613/m².
Nos últimos 12 meses, a alta acumulada foi de 7,49%, ainda acima da inflação de 5,37% no período. A tendência é de moderação no ritmo de alta dos preços para o segundo semestre, com financiamento mais restrito e demanda perdendo força devido ao crédito mais caro e seletivo.
Fontes: Infomoney e Valor Investe
Juros altos fazem compradores adaptarem busca por imóveis mais baratos e menores
Os juros altos não levaram brasileiros a adiar a compra da casa própria, mas a readequar o tamanho do sonho, segundo pesquisa do DataZAP com usuários dos portais ZAP e Viva Real. Para 70% dos entrevistados, o cenário econômico influencia a aquisição do imóvel, sendo 45% compradores de primeira viagem.
Um terço dos entrevistados passou a procurar unidades mais baratas, 16% mudaram a região de busca e 11% passaram a avaliar imóveis menores que o inicialmente desejado. A maioria (62%) busca unidades econômicas, enquanto 54% consideram usar o programa Minha Casa, Minha Vida.
“O desempenho do mercado de trabalho tem ajudado a contrabalançar os impactos do aumento da Selic”, explica Marcos Leite, diretor de Receita do Grupo OLX. O crescimento da ocupação e da renda real facilita o acesso ao crédito e mantém a inadimplência controlada, apesar dos juros altos.
O segmento econômico está “bem ancorado no Minha Casa, Minha Vida”, que usa recursos do FGTS (Fundo de Garantia por Tempo de Serviço) com taxas controladas. “O segmento mais afetado é o de médio e alto padrão, mais dependente de financiamento tradicional”, destaca Leite.
Os 30% não influenciados pela economia são majoritariamente pessoas acima de 60 anos, sendo que 40% não trabalham, 75% já compraram imóvel anterior e 67% planejam pagamento à vista. O alvo de 61% são imóveis de padrão médio-alto.
O mercado de luxo segue aquecido porque “o comprador não depende de crédito e busca diversificar investimentos”, segundo Leite. Contudo, a Selic maior pode reduzir a procura por imóveis de luxo como investimento, já que outros ativos financeiros ficam mais atrativos.
Fonte: O Globo
“Corretor terrenista” vira peça-chave na disputa por espaços nas grandes capitais brasileiras
O mercado imobiliário das principais capitais do país vive uma transformação com escassez de terrenos em bairros nobres. Em São Paulo, áreas como Itaim Bibi, Jardins e Vila Nova Conceição têm estoque reduzido, transformando cada metro quadrado em objeto de desejo das incorporadoras.
Nesse contexto, a figura do “corretor terrenista”, profissional especializado em identificar, mapear e negociar terrenos com potencial para incorporação, ganha força.
Mais que vendedor, esse corretor atua como articulador de oportunidades fundiárias, exigindo visão estratégica, domínio técnico e conhecimento da dinâmica urbana.
O profissional não busca apenas terrenos vazios. Prédios e comércios inteiros podem ser alvos, já que a solução para a escassez muitas vezes é demolir imóveis construídos em áreas com potencial para novos desenvolvimentos imobiliários.
A Tecnisa viu suas ações se valorizarem em um salto de 30% após anunciar a venda de terrenos para a Cyrela, por até R$ 510 milhões. O que era apenas o primeiro passo do empreendimento agora é o motor de capitalização das incorporadoras.
O terrenista domina expressões como zoneamento, coeficiente de aproveitamento, outorga onerosa e recuos, mas também sabe ler o mercado e precificar oportunidades que podem estar sob construções antigas ou casas esquecidas. Ele antecipa o valor futuro que será gerado no local.
Com disputa acirrada por áreas nobres e aumento da demanda por empreendimentos de alto padrão, o corretor terrenista se tornou estratégico no setor. Está na base do ciclo: sem seu trabalho, terrenos não são encontrados, projetos não nascem e o mercado não se movimenta.
Fonte: Veja