Inteligência Artificial avança devagar entre corretores no Brasil, mas será dominante. São Paulo bate recorde de lançamentos imobiliários. Studios lideram vendas de apartamentos em Porto Alegre.
IA avança devagar entre corretores no Brasil, mas será dominante
A Inteligência Artificial (IA) está transformando o mercado imobiliário brasileiro – de uso de chats para descrição de propriedades a chatbots especializados em gestão de leads – exigindo que os corretores se adaptem rapidamente, mas não oferece risco à profissão. Ao contrário, a tecnologia traz mais eficiência à função, apontam analistas.
Segundo estudo da Delta Media, 87% dos agentes imobiliários nos Estados Unidos (EUA) já utilizam IA, um aumento de 7% em relação ao ano anterior. No Brasil, este processo ainda está lento e o cenário, incipiente. “Como em qualquer outra profissão, é preciso se adaptar. A IA ajuda a eliminar gargalos de atendimento, diminuir filas, automatizar a análise documental e a análise de crédito”, avalia Diogo Martins, CEO do Instituto Brasileiro de Educação Profissional (IBREP).
Neste caminho, algumas empresas do setor estão desenvolvendo ferramentas de IA para melhorar o trabalho da corretagem. “A IA conhece os clientes e apresenta as informações e demandas para o corretor de imóveis trabalhar melhor”, explica Luis Veloso, COO da startup Morada.ai.
A startup atende quase 100 incorporadoras em 17 estados do Brasil. A IA realiza um pré-atendimento com pessoas interessadas em negociar imóveis e aponta os “melhores” clientes aos corretores. Segundo Veloso, um profissional precisa conversar com 100 pessoas no Whatsapp para fazer uma venda, e 47% chegam fora do horário comercial, num processo ineficiente. “O que a gente faz é encurtar isso”.
A Eztec também lançou sua própria ferramenta, a Tec.IA, para corrigir algumas dificuldades que davam lentidão aos processos. “Se o cliente perguntar a profundidade da piscina, o corretor precisava abrir o folder para descobrir. Agora basta perguntar ao Tec.IA e ter a resposta em tempo real”, conta Rafael Brandimarte, Superintendente Comercial da incorporadora.
O trabalho de construção de uma relação entre cliente e corretor, do primeiro contato à entrega das chaves, ficará mais curto com tecnologias como o ChatGPT e o Deepseek diminuindo entraves. Mas faz muitos corretores se questionarem se a profissão corre o risco de chegar ao fim. Especialistas acreditam que a profissão não está em risco, mas é preciso um esforço de adaptação. “O corretor que não utilizar essas ferramentas vai ficar para trás”, reforça Martins, do IBREP.
Veloso, da Morada.ai, faz uma análise semelhante. “O corretor será totalmente substituído? Não. O comprador ainda precisa do contato humano para fechar o negócio. A presença física é importante. Mas todo o restante, das conversas de WhatsApp aos trâmites burocráticos, a IA deve ser capaz de fazer”, reforça.
Fonte: Estadão
São Paulo bate recorde de lançamentos imobiliários
Os lançamentos imobiliários em São Paulo bateram recorde histórico em 2024, com 104,4 mil unidades, um aumento de 43% em relação a 2023, segundo o Secovi-SP. A expansão foi impulsionada pelo programa Minha Casa, Minha Vida, que representou 63% dos lançamentos, frente a 50% no ano anterior.
Os imóveis de até 45 metros quadrados dominam o mercado, representando 83% dos lançamentos, ampliando a tendência de apartamentos menores na cidade. Mesmo no padrão médio e alto, 54% tinham menos de 45 metros quadrados. O MCMV, por sua vez, aumentou seus lançamentos em 79% na cidade.
Bairros como Vila Mariana e Itaim Bibi se destacam no médio e alto padrão, enquanto Belém, Campo Grande e Ermelino Matarazzo lideram no MCMV. Na avaliação da pesquisadora da USP Laisa Stroher, o investimento em pequenos imóveis atrai compradores diante da instabilidade econômica. O receio de não ter aposentadoria tornam o investimento em imóveis mais atrativo.
Além disso, a redução do tamanho das unidades no MCMV, como apontado por executivos da Tenda, permitiu elevar o preço por metro quadrado. “Localização e conseguir sair do aluguel é o mais importante para o cliente”, diz Rodrigo Osmo, CEO da Tenda.
A perspectiva para 2025 é de estabilidade, já que a alta taxa de juros e o aumento do custo de construção preocupam o setor. Porém, haverá mais dificuldade de crescimento devido ao impacto econômico dos juros elevados.
“Esperamos estabilidade, não creio que vai haver crescimento, pelo estrago que a taxa de juros vai fazer na economia”, afirma Ely Wertheim, presidente-executivo do Secovi-SP. O custo da construção é outra preocupação — o indicador de inflação setorial, o INCC, dobrou de patamar nos últimos 12 meses.
Fonte: Valor Econômico
Studios lideram vendas de apartamentos em Porto Alegre
Os apartamentos compactos, tipo studio, foram os mais vendidos em Porto Alegre em 2024, segundo a pesquisa Panorama do Mercado Imobiliário do Sindicato da Indústria da Construção Civil no Estado (Sinduscon-RS). Foram comercializadas 1.421 unidades, marcando o quarto ano consecutivo de liderança desse segmento.
“Esse tipo de apartamento costuma ser construído próximo a universidades, já com a finalidade de locar para jovens estudantes que ainda não conseguem comprar um imóvel. Além de ter uma renda mensal, é um ativo que valoriza com o tempo”, explica a corretora Andréia Severo, atuante na região.
O professor Eber Pires Marzulo, da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS), destaca que os edifícios com studios oferecem mais áreas compartilhadas devido às limitações de tamanho das unidades, o que vem atraindo também investidores do interior do estado.
É o caso de Raquele Scorsatto e Vinicius Mello, que apostam nesse mercado. Raquele comprou um studio em Porto Alegre pensando em rendimento mensal e futura moradia para os filhos. “Aqui, no interior, não existe essa opção de apartamento. Quando o corretor apresentou essa proposta, de um imóvel para rendimento mensal e com uma forma de pagamento que estava dentro das nossas condições, topei.”
Vinicius já possui três unidades na capital gaúcha, uma delas ainda na planta. “Ainda vai demorar para ser entregue, mas, pegando os outros como base, estou com uma boa expectativa em relação ao investimento”, diz Vinicius.
As construtoras focam em áreas centrais de Porto Alegre para erguer empreendimentos com studios. Um exemplo é a ABF Developments, que lançará um prédio com 340 unidades no Centro Histórico de Porto Alegre, com preços entre R$ 300 mil e R$ 500 mil. No bairro Praia de Belas, a Cyrela Goldsztein se prepara para começar a obra com vista para o Guaíba e foco em apartamentos compactos. Próximo dali, a concorrente GND Incorporadora, está investindo R$ 50 milhões para erguer um prédio com 104 apartamentos, entre studios e unidades de dois dormitórios.
Fonte: Zero Hora
No mercado imobiliário de luxo, surge um rival para Balneário Camboriú
Balneário Camboriú, cidade catarinense famosa por atrair endinheirados para grandes empreendimentos de luxo, permanece no topo do ranking do metro quadrado mais caro do Brasil, com R$14 mil/m2. O índice FipeZAP de janeiro de 2025, no entanto, mostrou que outras regiões do estado estão despontando como “rivais”, como Itapema, com preço médio de R$13,5 mil/m2. Itajaí (R$ 12 mil/m2) e Florianópolis (R$ 11,8 mil/m2) também figuram entre as cidades mais caras do país, consolidando a região como um polo imobiliário de luxo.
O mercado imobiliário brasileiro espera um impacto negativo este ano, principalmente no segmento de médio padrão, com as previsões de desaceleração na economia devido ao crédito restrito e custos crescentes de construção. Já o setor de luxo e locação se beneficia do cenário econômico que, segundo o Boletim Focus, prevê um crescimento do Produto Interno Bruto de 2,1% em 2025.
O mercado de trabalho deve manter uma taxa de desemprego de 6,7% no primeiro semestre de 2025, o que, segundo a economista Paula Reis, pode sustentar uma demanda crescente por imóveis de luxo, ainda aquecida, entre essas cidades catarinenses, embora mais moderada que em 2024.
“O preço e a trajetória de ambas as cidades [Itajaí e Balneário] são próximos. A valorização de Balneário Camboriú, Itapema e Itajaí faz parte da conjuntura da valorização imobiliária do litoral catarinense, fenômeno catalisado pela pandemia”, avalia Paula.
Santa Catarina tem atraído atenção nacional com um crescimento populacional de 5,89% em um ano, de acordo com o IBGE. Esse movimento transforma a região, não apenas preferida por turistas, mas também como um local ideal para viver e trabalhar.
Apenas três capitais lideraram a valorização do metro quadrado em 12 meses: Salvador com 18%, Curitiba com 17,86% e João Pessoa com 16,47%. Rio de Janeiro e Brasília tiveram aumentos menores, mostrando diferenças significativas entre as regiões.
O Rio de Janeiro, embora enfrentando baixa variação nos preços, teve crescimento de crédito (10%) inferior à média nacional (20,3%), conforme dados do Banco Central. Segundo Paula Reis, indica um mercado menos dinâmico em comparação com outras cidades, afetando o índice de aquecimento para vendas.
Fonte: Exame