Selic atinge maior patamar em quase 20 anos e pressiona financiamentos imobiliários. Entidades criticam alta dos juros e alertam para riscos à economia e ao setor imobiliário. Lançamentos de imóveis em SP têm alta recorde em março, impulsionados pelo MCMV.
- Selic atinge maior patamar em quase 20 anos e pressiona financiamentos imobiliários
- Entidades criticam alta da Selic e alertam para riscos à economia e ao setor imobiliário
- Construção cresce 17 por cento em vendas, mas juros altos freiam lançamentos e impactam a confiança do setor
- Lançamentos de imóveis em SP têm alta recorde em março, impulsionados pelo Minha Casa, Minha Vida
Selic atinge maior patamar em quase 20 anos e pressiona financiamentos imobiliários
O Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central elevou a taxa Selic para 14,75% ao ano, o maior patamar desde 2006. A decisão visa controlar a inflação, mas gera impacto direto no mercado imobiliário, encarecendo o crédito e reduzindo a capacidade de compra dos consumidores.
Com a alta da Selic, aplicações em renda fixa ficam mais competitivas, diminuindo a atratividade de investimentos em imóveis. Além disso, os juros altos impactam também o funding do setor imobiliário.“Como os financiamentos habitacionais no Brasil, especialmente os do SBPE (Sistema Brasileiro de Poupança e Empréstimos), são sustentados majoritariamente por recursos da caderneta de poupança, a migração de capital para ativos mais rentáveis reduz a base de captação dos bancos”, explica Peixoto Accyoli, CEO da rede de franquias RE/MAX Brasil.
Os contratos de financiamento imobiliário com taxa fixa de juros não sofrem alterações imediatas. “Nesse caso, somente os novos contratos poderão ser reajustados com base na alta da Selic, impondo novas exigências, como menores prazos ou maiores valores de entrada para financiar”, afirma Jéssica Wiedtheuper, especialista em direito imobiliário do escritório Mota Kalume Advogados.
A portabilidade do financiamento pode ser uma alternativa, aponta Luiz França, presidente da Associação Brasileira de Incorporadoras Imobiliárias (Abrainc). “Esse mecanismo faz com que o comprador consiga, em muitos casos, adaptar os fluxos de pagamento às necessidades financeiras, o que viabiliza a compra mesmo em cenário de juros altos”.
Especialistas reforçam que a decisão entre financiar agora ou esperar uma queda futura dos juros depende do perfil e da urgência de cada comprador.
Fontes: Exame e Valor Investe
Entidades criticam alta da Selic e alertam para riscos à economia e ao setor imobiliário
Entidades que representam o setor imobiliário e produtivo criticaram duramente a recente alta de 0,5 ponto percentual na taxa Selic. A Confederação Nacional da Indústria (CNI) chegou a afirmar que a decisão do Banco Central “impõe um fardo ainda mais pesado à economia brasileira”, que está em processo de desaceleração mais acentuado do que o esperado no final de 2024.
A Associação Brasileira de Incorporadoras Imobiliárias (Abrainc) reagiu na mesma linha. “É fundamental que o ciclo de altas na Selic tenha um fim o quanto antes, para não comprometer o crescimento econômico e a geração de empregos” afirmou a entidade.
Para o setor imobiliário, juros elevados restringem o acesso ao crédito, inibem investimentos e ampliam o custo da dívida, impactando diretamente o acesso à moradia. Segundo dados da Abrainc, no acumulado de 12 meses até janeiro, as vendas de imóveis caíram 3,2%, enquanto os lançamentos cresceram 5,5%.
Para a economista-chefe da Câmara Brasileira da Indústria da Construção (CBIC), Ieda Vasconcelos, embora o movimento de alta dos juros fosse esperado, o anúncio de mais uma elevação na Selic preocupou o setor, que será um dos mais impactados. “O aumento dos juros encarece o custo do crédito e desestimula os investimentos produtivos, que geram emprego e renda”.
Ieda destaca que, enquanto as vendas de apartamentos novos cresceram cerca de 17% no primeiro bimestre de 2025, os lançamentos recuaram 7% no mesmo período. “O cenário de incerteza, especialmente considerando os consecutivos aumentos nos juros, pode ajudar a explicar esse resultado”, afirma a economista.
O impacto no setor também foi evidenciado pela Sondagem da Indústria da Construção, realizada pela CNI com apoio da CBIC. “Para os empresários, o principal problema do setor continua sendo a taxa de juros elevada”, aponta a economista.
Fontes: Estadão
Construção cresce 17 por cento em vendas, mas juros altos freiam lançamentos e impactam a confiança do setor
O setor de construção civil registrou alta de 17% nas vendas de apartamentos no primeiro bimestre de 2025, enquanto os lançamentos caíram 7%, revela relatório da Câmara Brasileira da Indústria da Construção (CBIC).
O recuo nos lançamentos foi verificado antes mesmo do aumento de meio ponto percentual na Selic, mas já refletindo as dificuldades de crédito e o planejamento de novos projetos pela indústria com o ciclo de alta dos juros.
O Índice de Confiança do Empresário da Construção fechou o mês de abril em 47,2 pontos, o menor desde julho de 2020. “As dificuldades de crédito que a alta taxa de juros impõe e a elevação dos custos comprometem a viabilidade de projetos”, afirma Renato Correia, presidente da CBIC. A Selic alta dificultou o crédito e drenou R$ 34,6 bilhões da poupança no trimestre.
Para o setor, a aposta é a Faixa 4 do programa Minha Casa, Minha Vida, voltado a famílias com renda entre R$ 8 mil e R$ 12 mil, que oferece subsídio e juros menores. Ieda Vasconcelos, economista-chefe da CBIC, ressalta: “Um sopro de esperança diante de um cenário tão desgastante com a taxa de juros num patamar tão alto”.
Apesar das adversidades, o setor abriu 100 mil vagas no trimestre, com salário médio de R$ 2.420,97. A produção de insumos cresceu 4,9% e o varejo de materiais, 6,7%, ainda que o INCC tenha acumulado alta de 7,54% em 12 meses.
Fonte: CNN
Lançamentos de imóveis em SP têm alta recorde em março, impulsionados pelo Minha Casa, Minha Vida
O mercado imobiliário da cidade de São Paulo registrou forte expansão nos lançamentos em março, segundo o Sindicato da Habitação (Secovi-SP). Foram lançados 12,4 mil imóveis, alta de 49,8% em relação ao mesmo mês de 2024. No acumulado de 12 meses, o avanço foi de 51%, totalizando 118,1 mil unidades.
As vendas também cresceram, mas de forma mais modesta: alta de 0,7% em março, somando 10,5 mil unidades. No ano, as vendas subiram 31%, alcançando 108,3 mil imóveis.
A velocidade de vendas em 12 meses até março foi de 61,8%, superando os 57,7% do ano anterior. O aumento da demanda ocorre apesar dos juros altos, compensados por incentivos do programa Minha Casa, Minha Vida (MCMV), que oferece juros reduzidos e subsídios.
Os lançamentos dentro do MCMV saltaram 85% em um ano, chegando a 74,2 mil unidades e representando 63% do total. Já as vendas no programa cresceram 59%, respondendo por 58% das negociações.
No médio e alto padrão, os lançamentos aumentaram 15% e as vendas subiram 6% em 12 meses, ritmo abaixo do segmento popular, impactados pelas taxas de mercado elevadas. O estoque de imóveis novos subiu 9%, para 62,5 mil unidades.
Fonte: UOL/Estadão Conteúdo