Mercado imobiliário pode saltar 10% nos próximos anos, prevê ex-VP de Habitação da Caixa. Venda de cimento cresce 10,4% em setembro e setor eleva projeções. Projeto para ampliar crédito imobiliário pode aumentar risco fiscal, alertam economistas.
- Mercado imobiliário pode dobrar participação no PIB nos próximos anos, prevê ex-VP da Caixa
- Venda de cimento cresce 10,4 por cento em setembro e setor eleva projeções
- Projeto para ampliar crédito imobiliário gera preocupações sobre risco fiscal
- Com alta da Selic, fundo imobiliário de papel é o mais recomendado
Mercado imobiliário pode dobrar participação no PIB nos próximos anos, prevê ex-VP da Caixa
O mercado imobiliário brasileiro, atualmente representando cerca de 10% do PIB, pode alcançar 20% nos próximos anos, prevê José Urbano Duarte, ex-presidente de habitação da Caixa Econômica Federal. “O mercado imobiliário está em um nível próximo aos 10% do Produto Interno Bruto (PIB) há 10 anos, mas acredito que ele possa saltar para 20% nos próximos anos”, avaliou o executivo em entrevista ao Money Times.
Segundo dados do Banco Central, a participação do crédito imobiliário na economia nacional saiu de cerca de 2% do PIB em 2000 para aproximadamente 10% em 2015, mantendo-se nesse patamar desde então.
O principal desafio para o crescimento tem sido o funding – a captação de recursos para investimento. Os pilares tradicionais de financiamento, como a poupança e o Fundo de Garantia do Tempo de Serviço (FGTS), estão apresentando riscos de esgotamento.
A caderneta de poupança, por exemplo, registrou saques líquidos de R$ 11,2 bilhões de janeiro a setembro deste ano. Para Urbano – agora conselheiro de uma gestora de recursos, especialista em investimentos alternativos para imobiliário – não é difícil concluir que estes valores estão indo para outros produtos de renda fixa que possam remunerar mais ou até mesmo para o mercado de capitais.
“Nesse contexto, é simples afirmar que o mercado não cresce especialmente porque as condições de financiamento impedem”, alerta o executivo. Urbano ressalta a necessidade de novas estruturas para resolver o problema de funding de forma mais profunda e estruturada, e destaca ainda os FIIs como impulsionadores do mercado de capitais, oferecendo alternativas rentáveis.
“O ponto mais importante é quais são as soluções que vão vir quando estamos em uma fase inicial e para isso o mercado precisa reconhecer que existe um problema ou uma situação a ser resolvida, um desafio”, conclui.
Como alternativa, o mercado de capitais tem ganhado espaço. Dados da Associação Brasileira das Entidades de Crédito Imobiliário e Poupança (Abecip) mostram que a participação deste mercado passou de 30% para 40% desde 2022, utilizando instrumentos como Letras de Crédito Imobiliário (LCI), Certificados de Recebíveis Imobiliários (CRIs) e Fundos de Investimento Imobiliários (FIIs).
Fonte: Money Times
Venda de cimento cresce 10,4 por cento em setembro e setor eleva projeções
A comercialização de cimento no Brasil atingiu 5,8 milhões de toneladas em setembro, um aumento de 10,4% em relação ao mesmo período do ano anterior, segundo dados divulgados pelo Sindicato Nacional da Indústria do Cimento (Snic).
O desempenho positivo levou a entidade a revisar sua expectativa de vendas para 2024, projetando agora 64 milhões de toneladas, o que representa um crescimento de 2,8%. Anteriormente, a previsão era de alta de 1,4%.
As vendas diárias alcançaram 257,3 mil toneladas, com o registro de aumentos de 2,7% em relação a agosto e 10,7% comparado a setembro de 2023.
O SNIC atribui o resultado, em boa parte, ao aquecimento do mercado imobiliário. “O bom desempenho do programa Minha Casa, Minha Vida somado à retomada das obras de infraestrutura de transporte com a expansão do uso do pavimento de concreto na malha urbana e rodoviária levaram a indústria brasileira do cimento a rever de maneira positiva suas projeções”, explica Paulo Camillo Penna, presidente do Snic.
Se a nova projeção se concretizar, o setor prevê a recuperação de 1,8 milhão das 2,3 milhões de toneladas perdidas entre 2022 e 2023. Em 2014 a indústria do cimento atingiu o seu recorde histórico, com 73 milhões de toneladas vendidas.
Fonte: CNN
Projeto para ampliar crédito imobiliário gera preocupações sobre risco fiscal
O Projeto de Lei 1.725 de 2024, aprovado pelo Senado e aguardando sanção presidencial, propõe ampliar o crédito imobiliário por meio da expansão do papel da Empresa Gestora de Ativos (Emgea). A medida, que faz parte do programa Acredita, pretende facilitar o acesso à casa própria para famílias de classe média.
Para funcionar, a Emgea atuará como securitizadora no mercado imobiliário, podendo comprar carteiras de empréstimos imobiliários de bancos e emitir títulos lastreados nesses empréstimos. Entretanto, especialistas alertam para possíveis riscos fiscais.
Ecio Costa, economista e professor da UFPE, adverte que a medida pode resultar em “mais risco para os pagadores de impostos e aumento do endividamento público”.
Gabriel Leal de Barros, economista-chefe da ARX Investimentos, compara a situação ao Fundo de Compensação de Variações Salariais (FCVS), cujo passivo bilionário ainda onera os contribuintes. Ele diz que a iniciativa deixa uma “porta aberta” para uma ampliação do risco fiscal. “É um ‘déjà vu’ do que se tornou o FCVS, cujo passivo bilionário é arcado pelos contribuintes até hoje. Não só não aprendemos nada, como há reincidência de equívocos”, declara.
Há preocupações ainda sobre a possibilidade de uma crise semelhante à dos créditos subprime nos EUA em 2008. Contudo, Costa avalia que o Brasil tem um “déficit habitacional muito grande, que não é suprido” pelo “custo de crédito muito elevado”. Na sua avaliação, isso diferencia o país da situação que se deu nos EUA.
No mesmo sentido segue o presidente da Abrainc (Associação Brasileira de Incorporadoras Imobiliárias), Luiz França. Ele argumenta que o mercado brasileiro apresenta baixos níveis de inadimplência, diferenciando-se da situação americana e, por isso, considera positivo incentivar a securitização de créditos imobiliários para “tornar o financiamento mais acessível, especialmente em um momento em que o custo do crédito se mantém elevado”.
O projeto aprovado pelo Senado e aguardando sanção presidencial, prevê que a Emgea adote práticas robustas de governança corporativa e gerenciamento de riscos. O Ministério da Fazenda não se manifestou sobre os potenciais riscos até o momento da publicação.
Fonte: Poder 360
Com alta da Selic, fundo imobiliário de papel é o mais recomendado
O cenário de elevação da taxa Selic – em 10,75% – provocou uma mudança nas recomendações de fundos imobiliários (FIIs) para outubro. Segundo três corretoras consultadas pelo portal Seu Dinheiro, o Kinea Rendimentos Imobiliários (KNCR11), um fundo de papel, assume a liderança em indicações, desbancando os tradicionais fundos de tijolo.
A ascensão do KNCR11 está diretamente ligada ao novo ciclo de alta dos juros. Com mais de 92% de sua carteira atrelada ao CDI e outros 6,9% à Selic, o fundo tende a se beneficiar com o aumento da taxa básica, potencializando seus rendimentos e dividendos.
O BTG Pactual Logística (BTLG11), que liderava neste mercado até a alta da Selic, manteve-se como o segundo mais recomendado, demonstrando que os fundos de tijolo ainda têm um importante espaço nas carteiras dos analistas.
O KNCR11 se destaca por seu tamanho expressivo, com mais de 370 mil cotistas e um patrimônio líquido de R$ 7 bilhões. No mês passado, pagou dividendos de R$ 0,95 por cota, representando uma rentabilidade de 0,93% (107% do CDI). O Santander projeta um dividend yield acima de 11% para os próximos 12 meses.
A diversificação da carteira, composta principalmente por Certificados de Recebíveis Imobiliários (CRIs) de empresas renomadas como Brookfield, JHSF, BTG Pactual e MRV, é outro ponto forte destacado pelos analistas, contribuindo para a mitigação de riscos.
Fonte: Seu Dinheiro