Proximidade de estações de metrô em SP valoriza imóveis; linha Lilás puxa alta. Demanda por imóveis menores cresce, e metragem de imóveis financiados cai 12,75% entre 2018 e 2024. Construção civil traça estratégias para driblar efeitos da alta dos juros.
- Proximidade de estações de metrô em SP valoriza imóveis; linha Lilás puxa alta
- Demanda por imóveis menores cresce, e metragem de imóveis financiados cai 12,75 por cento entre 2018 e 2024
- Construção civil traça estratégias para driblar juros altos
- Comércio de luxo em Ipanema dá lugar a projetos com perfil mais residencial
Proximidade de estações de metrô em SP valoriza imóveis; linha Lilás puxa alta
O deslocamento em metrópoles como São Paulo é um fator importante na hora de definir uma região para se viver. Um levantamento recente mostrou que, na capital paulista, imóveis próximos a estações de metrô têm apresentado valorização acima da média da cidade, tanto para venda quanto para locação.
No quarto trimestre de 2024, as estações da linha Lilás foram as que mais impactaram positivamente os preços dos imóveis em seu entorno. É o que mostram dados do levantamento do Grupo Zap feito a pedido do Estadão.
Para aluguel, os imóveis perto da estação Borba Gato tiveram aumento de 44,8% em 12 meses, chegando a R$ 94 por metro quadrado (m²). Na venda, a estação AACD Servidor liderou a valorização, com alta de 18,2%, atingindo R$ 17.967 por m². Esses aumentos superaram as médias da cidade, que foram de 11,51% na locação e 6,56% na venda.
“A região dos arredores da estação Borba Gato foi a que apresentou maior aumento de preço de locação e isto se deve, entre outros fatores, à idade mais nova dos imóveis disponíveis”, explica Paula Reis, economista do DataZap.
As construtoras têm apostado em empreendimentos próximos às estações de metrô, incluindo projetos de médio e alto padrão. O projeto Saffire by Elie Saab, em parceria com Cyrela e Lavvi, é um exemplo, com unidades que chegam a R$ 18 milhões, bem pertinho da estação na linha Lilás do metrô. Outro exemplo é o Moema by Yoo, com preços a partir de R$ 5 milhões.
A Trisul também tem feito projetos próximos à estação AACD Servidor, como DF345 Vila Clementino. O preço médio do m² da região é de R$ 15,5 mil a R$ 18 mil. “A Vila Clementino é uma parte nobre da Vila Mariana”, diz. “O perfil do público dos empreendimentos é variado. As pessoas que buscam apartamentos para moradia tendem a ser as que querem essa questão da proximidade (ao metrô, parque e serviços). Já o investidor busca lucrar com aluguéis. O bairro tem um público com boa renda boa, muitos são médicos”, explica o diretor comercial da Trisul, Victor Saad.
O Plano Diretor de São Paulo estimula a criação de novos empreendimentos próximos a eixos de transporte público. “Com um metrô perto, em 20 minutos ou 25 minutos, estou na porta de uma grande universidade, de um grande hospital ou de um grande parque”, Valter Caldana, professor da FAU-Mackenzie.
Paula Sauer, professora de economia da ESPM, acrescenta que a segurança pública reforçada nessas áreas também contribui para a valorização. “Algumas regiões já são mais valorizadas que outras devido à infraestrutura oferecida de comércio e serviço, percepção de segurança, áreas verdes, aspectos culturais e equipamentos públicos. A chegada do metrô tende a intensificar essa valorização na maioria das regiões”, conclui.
Fonte: Estadão
Demanda por imóveis menores cresce, e metragem de imóveis financiados cai 12,75 por cento entre 2018 e 2024
A busca por imóveis menores tem aumentado nos últimos anos, reflexo de transformações no perfil das famílias brasileiras e fatores econômicos. Dados do Banco Central (BC) revelam que a metragem total dos imóveis financiados no país diminuiu 12,75% entre outubro de 2018 e outubro de 2024, passando de 82,78 m² para 72,22 m² na mediana.
O BGE aponta um crescimento de 38% nas famílias unipessoais entre 2018 e 2023. Paralelamente, o número de moradores por domicílio caiu de 3 para 2,8. Segundo a Caixa Econômica Federal, os contratos para financiamento de imóveis com até 40 m² saltaram de 5,8% do total em 2019 para 10,83% em 2024. “A mudança do perfil das famílias acaba se refletindo no mercado”, explica Inês Magalhães, vice-presidente de Habitação da Caixa.
O mercado tem se adaptado a essas transformações. A construtora Cavazani, por exemplo, planeja ampliar a oferta de imóveis menores, com lançamentos entre 36 m² e 38 m² previstos para 2025.
A CEO, Cecilia Cavazani, destaca a importância de atender famílias pequenas e solteiros que buscam moradias próximas ao trabalho e ao metrô, com áreas de lazer nos edifícios. “Já estávamos em busca de terrenos para comprar. Conseguimos no ano passado e pretendemos lançar este ano”, afirma.
Como imóveis menores tendem a ser mais baratos, o setor se beneficia ainda de programas habitacionais que podem auxiliar com a entrada, por exemplo, ficando melhor para famílias do que o aluguel – aliás o custo do aluguel é outro fator que contribui para busca por comprar imóveis menores. Renato Correia, presidente da Câmara Brasileira da Indústria da Construção (CBIC), aponta o aumento nos lançamentos de imóveis econômicos após as mudanças no MCMV em 2023.
O aumento nos custos da construção – o Índice Nacional de Custo da Construção (INCC-M) do FGV Ibre terminou 2024 com variação acumulada em 12 meses de 6,34% – tem contribuído para essa transformação. “Construir imóveis está um pouco mais caro e o incorporador tem que adaptar o tamanho do imóvel ao tamanho do bolso do comprador”, aponta Filipe Pontual, da Associação Brasileira das Entidades de Crédito Imobiliário e Poupança (Abecip).
Fonte: Valor Econômico
Construção civil traça estratégias para driblar juros altos
O setor da construção civil no Brasil se prepara para enfrentar os desafios de 2025, com perspectivas de menor geração de empregos e pressões econômicas que impactam o setor. O cenário de juros elevados, com a Selic podendo atingir 14,25%, e a escassez de mão de obra especializada são os principais fatores que contribuem para a perspectiva cautelosa.
“Os juros elevados dificultam a geração de novos lançamentos”, afirma Bruno Imaizumi, economista da LCA 4intelligence. Para mitigar os efeitos negativos, o setor está focando em três estratégias principais: a redução do percentual dos depósitos compulsórios da caderneta de poupança de 20% para 15%, o que poderia liberar até R$ 60 bilhões para financiamentos; a diminuição do prazo de vencimento das Letras de Crédito Imobiliário (LCIs) de nove para três meses; e o fim do saque-aniversário com dinheiro do FGTS.
Segundo Renato Correia, presidente da Câmara Brasileira da Indústria da Construção (Cbic), a redução do compulsório seria uma solução temporária para obras já financiadas que enfrentam escassez de recursos. “Pedimos ao Banco Central para liberar parte dos compulsórios como medida corretiva”, explicou
Além disso, a redução do prazo de emissão das Letras de Crédito Imobiliário (LCIs) de nove para três meses é discutida para atrair mais capital e liquidez.
Filipe Pontual, diretor executivo da Associação Brasileira de Crédito Imobiliário e Poupança (Abecip), argumenta que a mudança permitiria aos bancos emprestar dinheiro a custos menores e tornaria o título mais atrativo para os investidores.
Além dos desafios relacionados ao financiamento, a indústria da construção enfrenta o aumento dos custos operacionais, principalmente devido à alta do valor da mão de obra e à pressão do dólar sobre os materiais de construção. A inflação da construção, medida pela FGV, atingiu 6,7% no acumulado de 12 meses até janeiro.
Em 2024, o setor registrou a criação de 113.860 vagas, uma queda de aproximadamente 30% em relação ao ano anterior. Economistas preveem uma redução ainda maior para 2025, com estimativas apontando para cerca de 59 mil novos postos de trabalho, quase metade do observado no ano anterior.
Fatores como salários geralmente mais baixos que os da indústria de transformação, baixa penetração da mão de obra feminina e uma mudança nas dinâmicas de trabalho, com uma geração mais escolarizada menos propensa a trabalhos braçais, contribuem para essa situação. “A oferta de profissionais é um problema devido a entraves estruturais”, diz Ana Maria Castelo, do Instituto Brasileiro de Economia da Fundação Getulio Vargas.
Diante desse cenário desafiador, as construtoras já consideram a possibilidade de segurar novos lançamentos, e programas como o Minha Casa, Minha Vida podem ser afetados, apesar de atualmente operarem com regras estabelecidas pelo governo federal.
O setor busca, assim, equilibrar-se entre as pressões econômicas e a necessidade de manter a atividade, explorando alternativas para garantir a continuidade dos investimentos e a geração de empregos na construção civil.
Fontes: Folha de S.Paulo e Estadão
Comércio de luxo em Ipanema dá lugar a projetos com perfil mais residencial
Ipanema, bairro icônico do Rio de Janeiro, está passando por uma metamorfose, com seu comércio de luxo e ambiente sofisticado dando lugar a empreendimentos residenciais, enquanto experimenta uma migração de lojas de alto padrão para shoppings centers. A saída de grifes como Louis Vuitton e Hermès da Rua Garcia D’Ávila, parte do “quadrilátero do charme”, ilustra essa mudança. “A loja é bonita, propaganda da marca, um outdoor em um bairro como Ipanema”, diz Marília Braga, moradora local.
O setor gastronômico também sofre transformações. O tradicional restaurante Fazendola fechou as portas após 27 anos de funcionamento, enquanto o Rayz, na Rua Farme de Amoedo, encerrou as atividades em 2022. O restaurante Boka é outro estabelecimento que recentemente deixou de funcionar. Além disso, o fechamento do centro comercial Harbor, na Rua Gomes Carneiro, em janeiro, afetou 20 estabelecimentos, entre restaurantes, bares e lojas.
O presidente do Polo Gastronômico da zona Sul, Tiago Moura, explica que as mudanças são influenciadas pela inflação e altos custos operacionais. “Algumas marcas mais tradicionais e familiares, com dificuldade de se atualizar, enfrentaram problemas de sustentabilidade do negócio”, observa Moura.
Em contrapartida, o mercado imobiliário do bairro está em plena expansão. Atualmente, 830 apartamentos estão em construção em Ipanema, com 127 licenças para empreendimentos imobiliários emitidas no segundo semestre de 2024. Há uma tendência crescente na construção de apartamentos menores e estúdios, visando atender ao mercado de aluguel por temporada.
Entre os exemplos dos novos empreendimentos residenciais estão o Belavista Residencial, com 17 apartamentos de alto padrão, e o Marias, da Mozak, que oferece 33 unidades menores na Visconde de Pirajá. “Vai mudar a cara de Ipanema. Já está mudando bastante”, comenta Tiago Moura, presidente do Polo Gastronômico da zona Sul. “E Ipanema tem tido o foco voltado mais para o turista.”
Embora o charme e a sofisticação de Ipanema permaneçam, o bairro está claramente em um processo de reinvenção, buscando equilibrar sua identidade tradicional com as demandas contemporâneas do mercado e dos novos perfis de moradores e visitantes.
Por outro lado, novos empreendedores comerciais continuam apostando no bairro. O restaurante Casa Mohamed, inaugurado recentemente, reforça a crença na vitalidade de Ipanema. “Ipanema tem uma rua de circulação muito boa, para a Lagoa, para a praia”, destaca Iahia Mohamed, sócio do restaurante.
Fonte: O Globo