Novo modelo de crédito imobiliário: governo descarta liberação do compulsório da poupança após ouvir setor. Crédito imobiliário recua em todos os segmentos, incluindo alta renda, aponta Abecip. Even registra queda de 39,5% no lucro do segundo trimestre, mas receita cresce 68,9%.
- Novo modelo de crédito imobiliário: governo descarta liberação do compulsório da poupança após ouvir setor
- Crédito imobiliário recua em todos os segmentos, incluindo alta renda
- Even registra queda de 39,5 por cento no lucro do 2º trimestre
- Morar perto do metrô: vantagens e desvantagens para o bolso e qualidade de vida
Novo modelo de crédito imobiliário: governo descarta liberação do compulsório da poupança após ouvir setor
O governo federal está desenvolvendo um novo modelo de financiamento imobiliário que contemplará todas as principais modalidades de crédito, incluindo a construção de novas moradias. O projeto prevê aumentar o direcionamento da poupança para o setor de 65% para 100%, podendo dobrar a exigibilidade de recursos em dois anos.
A liberação imediata dos 20% da poupança recolhidos como depósito compulsório no Banco Central (BC), que havia sido debatida, está descartada após representantes da construção civil levarem ao presidente do Banco Central, Gabriel Galípolo, ponderações de que o novo modelo possa reduzir a oferta de recursos para o financiamento à incorporação.
“Não há necessidade de ter pressa. O sistema financeiro da habitação está funcionando e vai funcionar muito bem, do jeito que está, pelo menos por mais de 25 anos”, afirma Ely Wertheim, presidente executivo do Secovi-SP (Sindicato das Empresas de Compra, Venda, Locação e Administração de Imóveis Residenciais e Comerciais de São Paulo).
Entidades temem que o novo modelo não garanta taxas iguais ou menores que as atuais. Luiz França, presidente da Abrainc (Associação Brasileira de Incorporadoras Imobiliárias), considera a proposta um “movimento bastante perigoso”, especialmente no contexto atual de incertezas econômicas.
O novo sistema foi pensado para permitir que bancos usem recursos da poupança livremente – sem direcionamento, nem depósito compulsório. O dinheiro da caderneta ficaria sem “carimbo”, e o banco poderia usá-lo para fazer outras aplicações com rendimentos maiores, desde que tenha concedido empréstimos habitacionais em valor correspondente. Os ganhos obtidos com essa flexibilidade seriam usados para manter juros menores no crédito habitacional.
As mudanças podem ser implementadas por resolução do CMN (Conselho Monetário Nacional) até o fim de agosto, sem necessidade de aprovação do Congresso Nacional. A Febraban (Federação Brasileira dos Bancos) apoia a busca por alternativas, mas prega cautela na análise das implicações.
Representantes do setor alertam que essa é justamente uma das fragilidades do novo desenho: a equalização das taxas de juros acabaria antes do fim dos contratos. O direcionamento de recursos para a incorporação estaria garantido, conforme pessoas que acompanham as discussões. Mas o prazo da operação é uma questão a ser resolvida.
“Vai dificultar muito a precificação [da operação]. Porque o Banco Central [propõe que], nos primeiros cinco anos, você pode usar aquele recurso como quiser, e você está tomando dinheiro de tesouraria [para conceder o empréstimo] por 12 anos”, alerta o presidente da Abrainc (Associação Brasileira de Incorporadoras Imobiliárias), Luiz França. Para ele “fica uma coisa capenga”, porque nos outros sete anos não haveria como equalizar a taxa de juros.
Fontes: Broadcast/Estadão e Folha de S.Paulo
Crédito imobiliário recua em todos os segmentos, incluindo alta renda
O crédito imobiliário está caindo para todos os segmentos financiados pelo SBPE (Sistema Brasileiro de Poupança e Empréstimo), inclusive na alta renda, considerada mais resiliente em tempos de juros elevados, aponta a Associação Brasileira das Entidades de Crédito Imobiliário e Poupança (Abecip).
“Não é apenas a classe média que sente o impacto, mas todos os imóveis que estão fora do Minha Casa, Minha Vida”, afirma Sandro Gamba, presidente da Abecip. O crédito lastreado na poupança caiu de R$ 205 bilhões para R$ 187 bilhões nos últimos dois anos. No primeiro semestre, os financiamentos do SBPE somaram R$ 73,6 bilhões, queda de 10% ante o mesmo período de 2023.
A restrição não se deve apenas aos juros, mas ao aumento dos resgates da poupança. A caderneta, que por décadas foi a principal fonte de recursos, hoje responde por cerca de 30% do total, obrigando o mercado a buscar alternativas como as LCIs (Letras de Crédito Imobiliário).
A Abecip defende mudanças regulatórias, como reduzir o prazo mínimo de carência das LCIs dos atuais seis meses para três. “Essa mudança impactou tanto no custo quanto no volume”, disse Gamba.
Fonte: Metro Quadrado
Even registra queda de 39,5 por cento no lucro do 2º trimestre
A Even Construtora e Incorporadora reportou lucro líquido de R$ 48,9 milhões no segundo trimestre de 2025, queda de 39,5% na comparação com o trimestre anterior. O resultado ficou abaixo da estimativa do BTG Pactual de R$ 60 milhões, mas a receita líquida cresceu 68,9%, alcançando R$ 569,8 milhões.
A margem líquida recuou de 27,9% para 10,4%, impactada pela venda do hotel Faena. “Ao desconsiderar essa venda, a margem bruta ajustada teria sido de 29,8%, em linha com os trimestres anteriores”, afirmou o CFO da companhia, Marcelo Dzik.
A empresa lançou dois empreendimentos no trimestre, com VGV (Valor Geral de Vendas) potencial de R$ 1,04 bilhão. As vendas líquidas cresceram 79,6%, com aumento de 142,6% no número de unidades vendidas, que chegaram a 330.
O preço médio por metro quadrado caiu 19,5%, para R$ 20.784, segundo a empresa, resultado de ajustes estratégicos. A Even entregou dois empreendimentos, totalizando 870 unidades e VGV de R$ 390 milhões.
Os estoques da Even estão em R$ 2,9 bilhões, sendo que apenas 12% está concluído. A maior parte, 77% do volume em construção, tem entrega prevista a partir de 2027, e a empresa também reduziu seu land bank (estoque de terrenos) em 14,4% na área total, estratégia alinhada com a otimização de ativos.
Segundo Dzik, a Selic em 15% impacta o setor, mas o cliente de alto padrão está “blindado” contra os juros altos. O mix de vendas no alto padrão representa 57% do total. Para o segundo semestre, a Even prepara lançamentos na capital paulista como o Plenitude Melo Alves, no badalado bairro dos Jardins, e o São Paulo Bay, na Cidade Jardim – este, com VGV potencial de R$ 1,3 bilhão.
Fontes: MSN e Seu Dinheiro
Morar perto do metrô: vantagens e desvantagens para o bolso e qualidade de vida
Em grandes centros urbanos, onde o tempo se tornou valioso, morar perto do transporte público representa horas extras no dia e economia no orçamento familiar. A proximidade com estações de metrô pode facilitar o dia a dia e valorizar um imóvel, mas nem sempre é vantajosa. Existem prós e contras.
Segundo levantamento da Loft, publicado em 2022, estar próximo a uma estação da linha amarela em São Paulo valoriza o imóvel em 4%, em média. A cada 500 metros de distância, há desconto de aproximadamente R$ 29 mil no valor devido à alta procura.
Mas o efeito não é uniforme em todas as estações. Nas proximidades de Higienópolis-Mackenzie, Faria Lima e Fradique Coutinho, a influência no valor é menor. Já nas estações Luz, República e Oscar Freire, a valorização é mais expressiva.
Curiosamente, em algumas áreas como Paulista e São Paulo-Morumbi, imóveis mais afastados de uma estação de metro podem ser até 3,7% mais caros.
No Brasil, manter um carro popular custa mais de R$ 8 mil anuais, enquanto o transporte público representa menos de um terço desse valor. O uso diário do metrô tem custo mensal médio de R$ 220, baseado em 22 dias úteis, gerando economia significativa.
Entre as desvantagens estão a poluição sonora constante dos trens e movimentação de pessoas, que podem afetar o conforto acústico. A grande circulação também pode gerar preocupações com segurança, variando conforme a região.
O custo de vida elevado, no entanto, é uma questão que deve ser levada em conta. Aluguéis, produtos e serviços costumam ter preços mais altos em áreas bem localizadas, exigindo planejamento financeiro para avaliar se os benefícios compensam os gastos extras.
Fonte: Exame