STJ permite penhora de imóvel financiado para pagamento de condomínio. Consórcios em alta: setor projeta melhor desempenho desde 2010 impulsionado por juros e demanda externa. Magik LZ retoma expansão no mercado de São Paulo.
STJ permite penhora de imóvel financiado para pagamento de condomínio
A 2ª Seção do Superior Tribunal de Justiça (STJ ) decidiu, por cinco votos a quatro, que é possível penhorar um imóvel financiado por alienação fiduciária – em que o banco fica como “dono temporário” do imóvel até que o comprador termine de pagar todas as parcelas – para quitar dívidas de condomínio.
A decisão representa uma derrota para os bancos, e deixa claro o entendimento entre as turmas de direito privado do tribunal. O ministro Raul Araújo, relator de um dos recursos, argumentou que não se pode obrigar outros condôminos a arcar com o prejuízo gerado por um inadimplente.
“O credor fiduciário é o proprietário real do imóvel, equivalendo a um condômino. Por que ele teria o privilégio de não responder pelo rateio das despesas condominiais?”, questionou.
A decisão privilegiou o aspecto social, protegendo os condôminos adimplentes em detrimento dos interesses dos credores. Sara Monteiro, do escritório MV Costa Advogados, considera a decisão positiva para solucionar o problema da dívida. “Levar o bem a leilão vai beneficiar o próprio condomínio”.
Contudo, especialistas preveem impactos no mercado de crédito imobiliário. Leonardo Peres Leite, do mesmo escritório, afirma que os bancos vão acabar embutindo algum tipo de mecanismo nos novos contratos para prever esse tipo de situação. “E isso pode elevar ainda mais os juros”.
A Febraban (Federação Brasileira de Bancos) lamentou a decisão, alegando que ela afetará o custo do crédito e todo o setor da construção civil. A entidade informou que respeita a decisão, mas avaliará possíveis recursos.
Fonte: Valor Econômico
Consórcios em alta: setor projeta melhor desempenho desde 2010 impulsionado por juros e demanda externa
O setor de consórcios no Brasil prevê um desempenho excepcional em 2025, liderado pelos negócios imobiliários, com potencial para alcançar o melhor resultado desde 2010. Este otimismo é impulsionado pelo cenário de juros elevados nos financiamentos tradicionais e pelos recordes batidos em 2024.
Segundo a Associação Brasileira das Administradoras de Consórcios (Abac), o segmento superou a marca de 11 milhões de consorciados ativos em 2024, movimentando mais de R$ 378 bilhões em operações. Paulo Roberto Rossi, presidente-executivo da associação, estima um crescimento de 8% para o sistema em 2025.
O setor imobiliário lidera as projeções, com expectativa de aumento de 20%. Outros segmentos também devem crescer: veículos pesados (10%), veículos leves (6%), motocicletas (2%), eletroeletrônicos e bens móveis duráveis (23%), e serviços (10%).
Um fator que vem impulsionando o setor é a adesão de brasileiros residentes no exterior. A Ademicon, uma das maiores administradoras de consórcios do Brasil, por exemplo, tem uma meta ambiciosa de atingir R$ 33,5 bilhões em créditos vendidos em 2025 – um crescimento de cerca de 23% em relação a 2024. A empresa planeja inaugurar uma unidade física em Miami, na Flórida, neste primeiro semestre.
“Percebemos nos últimos anos que os brasileiros que imigraram nos acionam para fazer consórcio de imóveis e investir aqui ou ter um bem quando voltar. Com o dólar e o euro mais valorizados do que o real, as parcelas ficam ainda mais atrativas, porque são cobradas em reais”, explica Guilherme Carrasco, vice-presidente-executivo da Ademicon.
O executivo projeta dobrar o volume de negócios já realizados para brasileiros no exterior, que atualmente gira em torno de R$ 200 milhões. Para isso a empresa tem investido fortemente em marketing, marcando presença no Big Brother Brasil, na camisa do São Paulo e em torneios de tênis.
O mercado imobiliário tem se destacado como o segmento mais procurado em todas as administradoras, já que “o sentimento de casa própria é muito forte para o brasileiro”, segundo Carrasco.
A taxa de administração fixa do consórcio proporciona estabilidade – em um plano de 20 anos, equivale a aproximadamente 1% ao ano – tornando-o uma opção mais atrativa, sobretudo em um cenário de restrições ao crédito e juros altos. Outras administradoras também estão de olho nesse mercado. A Embracon, que encerrou 2024 com faturamento de R$ 22 bilhões – alta de 79% em relação a 2023 – oferece tabelas em dólar e euro para atender brasileiros que vivem em Portugal e nos EUA.
Apesar do cenário positivo há risco de aumento nas taxas de cancelamento nos consórcios, que já se aproximam dos 50%, em períodos de dificuldade financeira. Para mitigar esse risco, surgem empresas como o MyCotas, uma plataforma de compra e venda de cartas contempladas.
“As cotas contempladas são comercializadas com ágio sobre o valor do crédito em torno de 30%, ou seja, uma cota contemplada de R$ 100 mil pode gerar ganho aproximado de até R$ 30 mil para o vendedor”, explica Bruno Borges, CMO do MyCotas.
Fonte: Folha de S.Paulo
Magik LZ retoma expansão no mercado imobiliário de São Paulo
A incorporadora paulistana Magik LZ, em parceria com a Cyrela, planeja retomar sua expansão em 2025, após enfrentar desafios em 2024 devido às mudanças nas regras de licenciamento da Prefeitura de São Paulo. A empresa prevê lançar sete empreendimentos este ano, com valor geral de vendas de R$ 2 bilhões, um aumento significativo em relação aos dois projetos lançados em 2024, que totalizaram R$ 400 milhões.
“Com os juros em patamares elevados nos próximos dois anos, o mercado tende a se tornar mais seletivo. Somente projetos bem concebidos e com preços alinhados às condições atuais terão demanda e liquidez. Nossos empreendimentos estão dentro desse perfil”, afirma Ricardo Zylberman, sócio da incorporadora.
A Magik LZ atua em diversos segmentos, desde residenciais econômicos dentro do programa Minha Casa, Minha Vida (MCMV) até prédios de alto padrão. A empresa mantém uma parceria de 18 anos com a Cyrela, tendo desenvolvido 55 empreendimentos em conjunto.
Dos sete projetos previstos para 2025, três serão no MCMV, em bairros como a Lapa. Zylberman está otimista com o programa, embora aponte a subida nos custos de construção como um desafio. Os outros lançamentos incluem dois empreendimentos de médio padrão e dois de alto padrão.
O segmento de médio padrão enfrenta dificuldades devido aos juros altos. “Esse foi nosso principal mercado por anos. Hoje, para gerar um novo negócio, tem que ter preço de oportunidade, com a compra de terrenos abaixo das condições normais”, explica Zylberman.
O empresário observa um aumento nos distratos de compras de terrenos por outros incorporadores, vendo nisso uma oportunidade para a Magik LZ adquirir terrenos em condições favoráveis.
Fonte: Estadão
Eztec registra crescimento no lucro no 4º trimestre
A construtora Eztec apresentou resultados acima do esperado no quarto trimestre de 2024, com um lucro líquido de R$ 126,6 milhões, um aumento de 53% em relação ao mesmo período de 2023. No ano completo, o lucro atingiu R$ 404,6 milhões, representando um crescimento de 69% em comparação com 2023.
A receita líquida da empresa alcançou recorde de R$ 1,560 bilhão em 2024, um aumento de 44,1% em relação ao ano anterior. No quarto trimestre, a receita foi de R$ 426,5 milhões, crescendo 26,2% em comparação anual.
O Ebit (lucro antes dos juros e imposto de renda) também apresentou melhora significativa, atingindo R$ 334,4 milhões no ano, um aumento de 76,9%. A margem bruta subiu para 37,5% no quarto trimestre, refletindo a contribuição de projetos mais rentáveis.
A Eztec atribuiu o desempenho positivo ao aumento das vendas de imóveis, especialmente de apartamentos prontos, e à otimização do giro de ativos. No entanto, a empresa reportou uma queima de caixa de R$ 185,4 milhões no último trimestre de 2024, principalmente devido ao pagamento de dividendos extraordinários.
Apesar dos resultados positivos, a Eztec reconhece desafios para 2025, incluindo um maior volume de entregas e a conclusão de projetos importantes em um cenário macroeconômico mais difícil.
Fonte: UOL