PIB da construção civil cresce 4,1% em 2024, acima da previsão. Alta dos juros afeta fundos imobiliários e tendência é de mercado “mais morno”, apontam especialistas. Mercado imobiliário terá redução nos lançamentos para classe média em 2025, prevê presidente da CBIC.
- PIB da construção civil cresce 4,1 por cento em 2024, acima da previsão
- Mercado imobiliário terá redução nos lançamentos para classe média em 2025, prevê presidente da CBIC
- Alta dos juros afeta fundos imobiliários e tendência é de mercado mais morno, apontam especialistas
- Com revisão de regras, casarões abandonados nos Jardins (SP) podem dar lugar a condomínios horizontais
PIB da construção civil cresce 4,1 por cento em 2024, acima da previsão
A Câmara Brasileira da Indústria da Construção (CBIC) prevê que o Produto Interno Bruto (PIB) da construção civil crescerá 4,1% em 2024. Este número supera a previsão inicial de 1,3%. “O desempenho da construção neste ano surpreendeu. Durante o ano fomos surpreendidos com algumas notícias positivas”, afirmou economista da Câmara, Ieda Vasconcelos.
A CBIC revisou para cima suas projeções de crescimento do PIB da construção civil quatro vezes neste ano. Inicialmente, a previsão era de 1,3%, mas foi ajustada para 2,3% em abril, 3,0% em julho e 3,5% em outubro.
Segundo o IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística), o PIB da Construção já registrou crescimento de 4,1% nos três primeiros trimestres de 2024, em comparação com o mesmo período do ano anterior. Vasconcelos explicou que “isso aconteceu pelo maior dinamismo da economia brasileira e do mercado imobiliário”.
Fatores como o aumento do emprego e da renda, a demanda aquecida por imóveis, e incentivos do programa Minha Casa, Minha Vida (MCMV) contribuíram para o crescimento. Os lançamentos imobiliários somaram 259.863 unidades nos primeiros nove meses do ano, um aumento de 17,3% em relação ao ano passado. Já as vendas totalizaram 292.557 unidades, um crescimento de 19,7%, indicando um mercado em alta.
A produção de materiais de construção também cresceu 5,3%, impulsionada pelo consumo das famílias para pequenas obras e reformas. Além disso, investimentos em obras públicas, influenciados pelas eleições municipais, também contribuíram para o crescimento do setor.
Entre janeiro e outubro, o setor criou 230,8 mil novas vagas de trabalho, elevando o total de empregados para 2,978 milhões, próximo ao recorde histórico de 3,063 milhões em 2014.
Fonte: Estadão Conteúdo
Mercado imobiliário terá redução nos lançamentos para classe média em 2025, prevê presidente da CBIC
A alta dos juros é um fator preocupante para os projetos imobiliários fora do programa Minha Casa, Minha Vida (MCMV), principalmente aqueles voltados à classe média, acredita Renato Correia, presidente da Câmara Brasileira da Indústria da Construção (CBIC). “Acreditamos que em 2025 deve ter bem menos lançamentos no setor de classe média”, afirma Correia
Com valores acima de R$ 350 mil, imóveis do segmento médio padrão dependem do financiamento das cadernetas de poupança, que estão com recursos limitados. Para contornar o problema, os bancos têm recorrido a opções como as Letras de Crédito Imobiliário (LCI), cujos custos acompanham a taxa Selic e estão em alta.
A escassez de recursos leva os bancos a priorizarem crédito para compradores, empurrando construtoras a buscar financiamentos alternativos.
Apesar de compreender a postura dos bancos, Correia destaca que o uso de recursos fora do Fundo de Garantia do Tempo de Serviço (FGTS) e do Sistema Brasileiro de Poupança e Empréstimo (SBPE) aumenta os custos financeiros que impactam os lançamentos. “Isso estreita a margem das empresas. Muitos empresários vão aguardar as coisas se encaixarem de novo para voltar a lançar”, comentou.
“A alta da Selic é uma grande preocupação para 2025. O indicativo de subida de 2 pontos percentuais é uma surpresa e muito danoso para investimentos em infraestrutura e habitação”, finalizou Correia. Na semana passada, o Banco Central elevou a Selic para 12,25% e sugeriu mais duas altas de 1 ponto percentual, possivelmente atingindo 14,25% no início de 2025.
Alta dos juros afeta fundos imobiliários e tendência é de mercado mais morno, apontam especialistas
A elevação da taxa Selic para 12,25% ao ano, na última reunião do Comitê de Política Monetária do Banco Central (Copom) de 2024, criou um cenário desafiador para os Fundos de Investimento Imobiliário (FIIs) no Brasil, impactando o perfil dos investidores para 2025. A tendência é um mercado mais morno no próximo ano.
Com o retorno do ciclo de alta da Selic – que começou o ano em 11,25% e caiu para 10,50%, voltando a subir – investidores são atraídos para a renda fixa e acabam se afastando dos FIIs. Segundo Larissa Nappo, analista do Itaú BBA, “com juros mais elevados, o mercado de FIIs enfrentou restrições de liquidez e aumento do custo de oportunidade”.
O IFIX, índice dos FIIs mais negociados na Bolsa de Valores (B3), acumula uma queda de mais de 10% nos últimos seis meses. Fundos de tijolos, como os de lajes corporativas, são os mais afetados, devido à alta alavancagem e portfólios com imóveis de menor qualidade. Luis Assis, da Genial Investimentos, afirma que “os fundos de tijolo tendem a ser mais descontados por pagarem dividendos inferiores aos de papel”.
Já os fundos de papel, ligados a ativos financeiros como Letras de Crédito Imobiliário (LCI), mostraram melhor desempenho em 2024. Dirceu Simões, consultor da APX Invest, prevê que “fundos com CRIs indexados ao CDI verão seus rendimentos subirem”.
Porém, “é preciso ser seletivo” nos fundos, pondera o especialista. “A lógica dita que, com o juro mais alto, a inadimplência irá aumentar. Selecionar fundos com perfil de crédito mais conservadores em um momento como esse é importante”, diz Simões.
O especialista em fundos imobiliários da Genial Investimentos, Bernardo Noel, acredita que os FIIs de papel vão se tornar mais atrativos por conta dos dividendos maiores, mas este não pode ser o melhor caminho no momento.
“Eles dependem do nível que a Selic chegará e o tempo que permanecerá alta. O problema é que uma Selic alta por muito tempo traz riscos às empresas”, alerta Noel. “É necessário saber analisar o perfil das empresas devedoras”, indica. Segundo o Boletim Focus do Banco Central, a taxa básica de juros da economia pode chegar a 14% em 2025.
O economista Paulo Feldmann, da USP, observa que a alta oferta de imóveis, especialmente em São Paulo, impedirá uma valorização rápida. Ele recomenda renda fixa para retornos rápidos e imóveis para investidores de longo prazo.
Fonte: Estadão
Com revisão de regras, casarões abandonados nos Jardins (SP) podem dar lugar a condomínios horizontais
O Conselho de Defesa do Patrimônio Histórico, Arqueológico, Artístico e Turístico do Estado de São Paulo (Condephaat) aprovou a revisão das regras de tombamento para os bairros Jardins América, Europa e Paulistano, em São Paulo. A decisão, discutida desde 2021, facilita a construção de empreendimentos multifamiliares, revogando normas que restringiam essas áreas ao uso unifamiliar.
Como adiantamos na edição do Portas Abertas de segunda-feira (16), mudanças na forma de vida moderna e o acúmulo de mansões com múltiplos cômodos abandonadas na região – e com dificuldades de revenda – impulsionam o movimento de mudança na legislação.
Com a nova regulamentação, terrenos que hoje abrigam um único imóvel poderão ser divididos, permitindo a construção de condomínios horizontais e edifícios de até três andares. O objetivo é aumentar a densidade populacional e a oferta de moradias nos Jardins, conhecidos por sua infraestrutura e áreas verdes. Contudo, algumas restrições permanecem, como a proibição de criar ruas dentro dos lotes, para evitar a formação de vilas.
A decisão causou controvérsia entre moradores e defensores do patrimônio histórico, que se opõem à revisão do tombamento. Durante a votação, membros do Coletivo Jardins protestaram, exigindo a manutenção do uso unifamiliar e uma votação aberta. Críticos temem que a nova regra leve ao adensamento, tráfego e poluição, beneficiando construtoras.
Além disso, a nova legislação transfere para a prefeitura a responsabilidade sobre o uso dos imóveis, subordinando decisões à Lei de Zoneamento. Após a aprovação pelo Condephaat, o texto será analisado pela Secretaria Estadual de Cultura e precisará de homologação pelo órgão municipal de preservação do patrimônio histórico.
Fonte: Infomoney