Felipe Morgado, CEO de Plataforma da Loft
A classe média brasileira estava em um limbo habitacional. Não tinha acesso às condições subsidiadas do programa Minha Casa, Minha Vida (MCMV), voltadas às faixas de renda mais baixa, nem conseguia seguir as classes mais altas e arcar com as exigências do crédito imobiliário tradicional — cujos juros altos e recursos restritos tornaram a casa própria um objetivo difícil.
A criação nesta semana de uma nova faixa no programa, voltada a imóveis novos e usados de até R$ 500 mil para famílias com renda mensal de até R$ 12 mil, tem tudo para minimizar esse desajuste e movimentar fortemente o mercado.
A nova faixa está prevista para começar em maio. E as imobiliárias podem já começar a se preparar. Será interessante reacessar os clientes que nos últimos meses tiveram seus créditos imobiliários rejeitados e se encaixam no novo perfil (ou serão beneficiados pelos outros ajustes que trato a seguir).
Também vale focar na captação dos imóveis para enriquecer o portifólio para os novos clientes que aparecerão.
O governo afirma que a nova faixa vai incluir 120 mil famílias no MCMV ainda em 2025. Outra mudança é que, com esse novo teto, passarão a estar no programa imóveis com mais infraestrutura de lazer, melhor acabamento e localizações mais privilegiados. Ou seja, haverá mais negócios, com tíquete médio maior, uma grande oportunidade para construtoras, incorporadoras e imobiliárias.
Para o novo grupo incluído no programa, os recursos do FGTS poderão cobrir até 50% do valor do imóvel a ser financiado. O montante restante deverá ser aportado pelos bancos que vão operar o empréstimo, informou o jornal Valor Econômico.
Os juros para a classe média serão de 10% ao ano, maior do que nos grupos de renda mais baixa (que estão fixados entre 4% e 8,16%).
De qualquer forma, para essa nova faixa é um respiro importante, pois ela estava com poucas opções desde o início do atual ciclo de aumento de juros e consequente alta do financiamento bancário.
O anúncio do governo trouxe também outras mudanças que, se não são estruturais como essa nova faixa de renda, são importantes ajustes no que já vinha sendo praticado.
Houve atualização nos limites das faixas de renda aptas a aproveitar o programa. A faixa 1 foi elevada de R$ 2.640,00 para R$ 2.830,00; a faixa 2, de R$ 4.400,00 para R$ 4.700,00; e a faixa 3, de R$ 8.000,00 para R$ 8.600,00.
Considerando que não havia revisão nas faixas havia dois anos, os novos valores basicamente reajustam os patamares atuais do poder de compra.
Isso não diminui a importância do anúncio desta semana. Qualquer atualização do Minha Casa, Minha Vida traz um impacto enorme no nosso mercado. Esse refinamento das faixas e, especialmente, a criação de uma nova faixa têm o potencial de serem alavanca fundamental para este ano.