Minha Casa, Minha Vida sustenta ano “excepcional” para setor imobiliário com alta de 31,8% em lançamentos no terceiro trimestre. Projeto de lei tenta proteger imóveis do Minha Casa, Minha Vida de penhora por inadimplência. Aluguel desacelera, mas supera inflação em 2024, com alta de 11,41% no ano.
- Minha Casa, Minha Vida sustenta ano “excepcional” para setor imobiliário; lançamentos saltam 31,8 por cento no 3º tri
- Projeto de lei tenta proteger imóveis do Minha Casa, Minha Vida de penhora
- Aluguel desacelera, mas supera inflação em 2024: alta de 11,41 por cento no ano
- Fim da escala 6×1 pode desencadear crise no setor da construção, alerta CBIC
Minha Casa, Minha Vida sustenta ano “excepcional” para setor imobiliário; lançamentos saltam 31,8 por cento no 3º tri
O programa Minha Casa, Minha Vida (MCMV) continua sendo um motor para o crescimento do setor imobiliário no Brasil, que “caminha para um ano excepcional”, de acordo com a Câmara Brasileira da Indústria da Construção (CBIC). Os lançamentos de imóveis aumentaram 31,8% no terceiro trimestre de 2024, em comparação com o mesmo período de 2023, totalizando 47.525 unidades. Esse número representa 50% dos lançamentos no mercado.
Em número de vendas, a participação do programa no setor passou de 36% no terceiro trimestre do ano passado para 44% neste ano. Foram 46.142 unidades, uma alta de 46,9%. “O resultado reflete a resposta rápida do setor aos ajustes no programa federal de habitação”, afirma Celso Petrucci, economista da CBIC.
O Indicador de Confiança do Setor Imobiliário Residencial, desenvolvido pela Associação Brasileira de Incorporadoras Imobiliárias (Abrainc) e Deloitte, revelou um aumento de 10,1% na procura e 9,2% nas vendas do segmento econômico, também no terceiro trimestre de 2024.
No entanto, a CBIC alerta que esses resultados devem não se sustentar em 2025 caso o Fundo de Garantia por Tempo de Serviço (FGTS), destinado à habitação, sofra cortes. “O compromisso fiscal do governo é crucial para manter ou reduzir os juros futuros”, alerta Petrucci.
Além do MCMV, o mercado de médio e alto padrão (MAP) também cresceu no período, com um aumento de 20,1% nos lançamentos em relação a 2023. As vendas totais atingiram 105.921 unidades, um recorde desde 2016. O tempo médio de escoamento dos imóveis caiu para 8,7 meses, comparado a 11,2 meses no ano anterior.
Pesquisa da Abrainc-Deloitte com 57 empresas do mercado imobiliário aponta uma alta de 5,5% nos preços dos imóveis do MCMV, impulsionada pelo aumento dos custos de construção. “A demanda por moradia popular e os subsídios governamentais são os principais impulsionadores”, afirma Rafael Camargo, da Deloitte.
Já Luiz França, presidente da Abrainc, alerta que o mercado enfrenta desafios pela frente, com a elevação dos custos de mão de obra e a necessidade de reduzir o custo do funding para ampliar o acesso à habitação.
Fonte: Folha de S.Paulo
Projeto de lei tenta proteger imóveis do Minha Casa, Minha Vida de penhora
Um projeto de lei, proposto pelo deputado Valmir Assunção (PT-BA), pretende evitar que imóveis do programa Minha Casa, Minha Vida (MCMV) sejam penhorados devido à inadimplência no financiamento imobiliário.
A proposta sugere uma alteração na legislação vigente para que imóveis destinados à habitação popular, adquiridos por meio de programas sociais e financiados com recursos da União e do Fundo Nacional de Habitação de Interesse Social, sejam protegidos de retomada por falta de pagamento.
O projeto surge após um caso em Feira de Santana (BA), onde uma militante do Movimento dos Trabalhadores Sem-Teto perdeu seu imóvel do MCMV por não conseguir pagar as prestações. Segundo a legislação atual, quando as parcelas do financiamento não são pagas, o agente financeiro responsável tem o direito de executar a dívida e retomar o imóvel.
“O que é preciso considerar é que as famílias brasileiras sofreram fortes impactos financeiros diante do desemprego e redução do orçamento familiar ocasionado principalmente após o período de Pandemia ocorrido entre os anos de 2020 e 2023”, argumenta Assunção.
O deputado também sustenta a tese de que a perda de um imóvel, frequentemente o único abrigo de uma família, pode resultar em vulnerabilidade extrema, colocando essas pessoas em risco de ficarem sem-teto. Para ele, é preciso considerar o impacto social da inadimplência com uma legislação que proteja essas famílias de perderem suas casas enquanto ainda estão pagando por elas.
Fonte: Folha de S.Paulo
Aluguel desacelera, mas supera inflação em 2024: alta de 11,41 por cento no ano
O preço do aluguel residencial nas principais cidades brasileiras apresentou desaceleração em outubro, com alta de 0,46% no mês, segundo o índice FipeZap que monitora 36 cidades brasileiras. O dado marca o quinto mês consecutivo de redução no ritmo de alta do aluguel que, por outro lado, subiu 11,41% no acumulado de 2024, bem acima da inflação de 4,20% – Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA).
Nos últimos 12 meses, o salto dos aluguéis atingiu 13,48%, enquanto o IPCA registrou 4,76%. São Paulo lidera essa escalada, com o preço médio de R$ 56,65 por metro quadrado, seguida por Florianópolis (R$ 53,99/m²) e Recife (R$ 53,40/m²). A média nacional em outubro foi de R$ 47,05/m².
“Boa parte da recuperação do valor real do aluguel pós-pandemia já ocorreu e, com o controle da inflação, o espaço para repasses ficou menor”, analisa a economista Paula Reis, do DataZAP. Esse cenário de desaceleração deve persistir até o final do ano, aponta a especialista.
Dentre as 36 cidades analisadas, os aluguéis aumentaram em 31, com destaque para imóveis de quatro ou mais dormitórios, enquanto aqueles com três quartos tiveram menor valorização. No entanto, imóveis de um dormitório registraram o maior preço, com R$ 61,99/m².
Barueri, na região metropolitana de São Paulo, com R$ 62,80/m², superou a capital com o aluguel mais caro do país, seguida por Florianópolis (SC), que apresenta R$ 55,99/m², e Recife (PE), com R$ 55,40/m². Segundo o FipeZAP, o movimento reflete a maior busca por moradias em áreas metropolitanas com boa infraestrutura e oferta de serviços.
Fontes: IstoÉ Dinheiro e CNN Brasil
Fim da escala 6×1 pode desencadear crise no setor da construção, alerta CBIC
Representantes da indústria da construção civil criticaram a proposta de acabar com a escala de trabalho 6×1 – que consiste em seis dias de trabalho seguidos por um de descanso. Executivos do setor acreditam que a mudança resultaria em perda de produtividade, aumento de custos e dificuldades na entrega de obras em andamento.
O fim da escala de trabalho “seria um desastre para o setor da construção”, afirmou Eduardo Aroeira, vice-presidente financeiro da Câmara Brasileira da Indústria da Construção (CBIC). “O maior prejudicado seria a sociedade, se mudar a escala para 5×2 neste momento em que temos uma produtividade baixa e a necessidade de entrega (de obras em andamento)”, argumentou.
Aroeira destacou riscos de demissões e aumento da informalidade, caso a escala seja alterada, como propõe um projeto da deputada Erika Hilton (PSOL). Se houver mudanças “teria de arrumar mais trabalhador, e não temos esses profissionais”, ponderou o representante da indústria.
Ely Wertheim, presidente do Sindicato da Habitação de São Paulo (Secovi-SP) e vice-presidente de Indústria Imobiliária da CBIC, também se opôs à proposta. Ele questionou o raciocínio por trás de uma mudança em um país como o Brasil, onde o trabalho é essencial para gerar renda e desenvolvimento.
Wertheim argumenta que a proposta de fim da escala 6X1 seria mais adequada para países ricos, como Suécia e Dinamarca, que podem oferecer mais benefícios sociais. “Como brasileiro, lamento que estejamos discutindo isso. Trabalhar não dá câncer. Pelo contrário, trabalhar cura”, afirmou. “Qual o racional de um país pobre como o Brasil, em que pessoas precisam de trabalho e renda, estabelecer algo como se trabalhar fosse uma coisa ruim?”, acrescentou.
Fonte: Estadão