Busca por crédito e nova regra da Caixa elevam juros imobiliários em bancos privados. Energia solar e comodidades lideram lista de desejos para moradia no RJ. Escassez de mão de obra qualificada pressiona custos e preços de imóveis.
- Alta busca por crédito e nova regra da Caixa elevam juros imobiliários em bancos privados
- Desejos de moradia no Rio de Janeiro: energia solar, hidromassagem e isolamento acústico lideram lista
- Escassez de mão de obra qualificada pressiona custos e preços de imóveis em 2024
- Retrofit no Centro de SP prioriza alta renda, deixando interesse social em segundo plano
Alta busca por crédito e nova regra da Caixa elevam juros imobiliários em bancos privados
A crescente demanda por crédito imobiliário e a redução do teto de financiamento pela Caixa Econômica Federal, anunciada na semana passada, já provocam uma onda de aumento nas taxas de juros de bancos privados em suas linhas de financiamento. O Itaú Unibanco elevou sua taxa média para 10,79% ao ano + TR (Taxa Referencial), enquanto o Santander prevê um aumento “em curtíssimo prazo”.
“O Santander vai continuar a oferecer crédito imobiliário e, se mantiver o atual contexto e patamar de demanda, haverá alta de juros”, afirma Sandro Gamba, diretor de negócios imobiliários do Santander e presidente da Abecip (Associação Brasileira das Entidades de Crédito Imobiliário e Poupança).
Alberto Ajzental, coordenador do curso de negócios imobiliários da FGV, prevê que outros bancos privados também reduzirão seus limites de financiamento nos próximos meses. “O crédito ficou mais caro por conta da escassez de recursos e pela Selic, nesta ordem”, explica. A tendência é que os bancos emprestem menos para atender mais clientes, diante da alta demanda e da escassez de recursos na poupança.
A partir de 1º de novembro, a Caixa reduzirá o valor máximo de crédito para compra de imóveis pelo SBPE (Sistema Brasileiro de Poupança e Empréstimo), limitando o financiamento a 70% do valor do imóvel no sistema SAC e 50% na tabela Price. Essa mudança deve direcionar mais consumidores para os bancos privados, que ainda oferecem financiamento de até 90% do valor do imóvel.
Fonte: Folha de S.Paulo
Desejos de moradia no Rio de Janeiro: energia solar, hidromassagem e isolamento acústico lideram lista
Uma nova pesquisa da Loft em parceria com a Offerwise, parte de uma série de levantamentos em capitais brasileiras como Curitiba e Belo Horizonte, revela que itens que proporcionam economia e conforto são os “sonhos de consumo” dos cariocas para suas residências.
Três em cada quatro moradores da Cidade Maravilhosa desejam um sistema de energia solar (75%), mas apenas 13% possuem o item em casa. Banheira de hidromassagem e isolamento acústico em janelas e portas também apresentam alto interesse, porém baixa presença nos lares.
O levantamento fez um balanço entre o desejo dos cariocas por 30 comodidades diferentes e se possuem, de fato, o item em casa. Pessoas de todas as idades e classes sociais foram entrevistadas, em uma amostra representativa da cidade.
Quintal, Área gourmet, lareira e portas USB espalhadas pela casa também estão entre os itens residenciais mencionados pelos entrevistados.
A pesquisa mostrou diferenças significativas de acesso aos itens desejados entre as diferentes classes sociais. Na classe A, por exemplo, 41,7% já possuem energia solar em casa, enquanto nas classes B e C os números caem para 10,8% e 8,2%, respectivamente.
Outro ponto abordado na pesquisa foi o motivo das últimas mudanças de residência dos cariocas. O motivo mais comum foi o aluguel elevado, com 19,8% dos entrevistados apontando essa razão, seguido de falta de espaço no imóvel anterior e a compra de um imóvel novo.
O levantamento foi realizado entre 18 de setembro e 11 de outubro de 2024 e entrevistou 300 moradores do Rio de Janeiro.
Fontes: O Globo e Diário do Rio
Escassez de mão de obra qualificada pressiona custos e preços de imóveis em 2024
A falta de trabalhadores experientes na construção civil tornou-se o novo fator de pressão nos custos de produção de imóveis, e tem impactado os preços de projetos e lançamentos em 2024. O aquecimento do mercado imobiliário e a alta ocupação no país contribuem para a escassez, aponta o setor.
“O operário da construção civil precisa saber operar equipamentos atualizados e mais tecnológicos, e trabalhar em um ambiente mais sofisticado, tecnicamente falando”, explica Ely Wertheim, presidente-executivo do Secovi-SP (Sindicato das Empresas de Compra, Venda e Administração de Imóveis).
A construção civil brasileira apresenta a maior rotatividade de mão de obra no país, com taxa de 65,66% nos 12 meses até agosto, segundo a Tendências Consultoria. Isso tem pressionado as empresas a oferecerem melhores salários para atrair trabalhadores.
“Essa escassez de mão de obra começou na crise de 2015 e se agravou muito durante a pandemia, quando muitas pessoas saíram do setor de construção civil e não voltaram mais”, complementa Yorki Estefan, presidente do Sinduscon-SP, sindicato que representa a indústria no Estado de São Paulo.
Para solucionar o desafio, o setor busca intensificar a capacitação de profissionais, com treinamentos e cursos. Estefan, do Sinduscon-SP, conta que a entidade tem parceria com o Senai e tem incentivo mulheres de baixa renda a entrarem no segmento. “Devemos criar com o Governo do Estado de São Paulo um grupo de ensino profissionalizante totalmente voltado para a construção civil a partir de 2026″, afirma.
A Câmara Brasileira da Indústria da Construção (CICB) está também desenvolvendo uma pesquisa nacional para entender as motivações dos trabalhadores. “Queremos entender as motivações do trabalhador da construção civil. O que o retém, o que o afasta, por que ele trabalha no setor e qual a sua origem”, afirma Renato Correia, presidente da CBIC.
O INCC-M (Índice Nacional de Custo da Construção – M) da FGV (Fundação Getulio Vargas) registrou alta de 0,61% em setembro, impulsionada pelo aumento dos gastos com mão de obra. Esse cenário deve continuar refletindo nos preços dos imóveis, que já apresentaram valorização de 7,15% em 12 meses, conforme o Índice FipeZap.
Fonte: g1
Uma nova tendência na reforma de prédios antigos, que preserva as fachadas de prédios antigos – conhecida como retrofit – está ganhando força no centro de São Paulo, impulsionando projetos de rendas mais altas em detrimento de moradias de interesse social. O projeto “Requalifica Centro” da Prefeitura, que oferece incentivos fiscais e apoio financeiro (1 bilhão anunciados pela prefeitura), tem atraído construtoras interessadas em projetos de alta renda, e vem sendo criticado por urbanistas e movimentos por moradia.
Incorporadoras como Planta.Inc, Metaforma e Somauma estão ativamente mapeando bairros centrais em busca de imóveis vazios para recuperação. Estima-se que cerca de 20 projetos de retrofit estejam em andamento ou planejados na região, incluindo o Edifício Virgínia e o Edifício Renata, fora do alcance do segmento de baixa renda ou das políticas de moradias de interesse social – apartamentos custam a partir de R$829 mil.
“Os benefícios para incorporadoras visam aumentar o número de pessoas morando no Centro, mas isso vai ter um impacto pequeno na redução do déficit habitacional”, aponta Laisa Stroher, pesquisadora do LABCidade e professora da FAU UFRJ. Apesar da promessa inicial de 60% das unidades serem destinadas à população menos favorecida, esse público tem sido largamente ignorado, afirma a pesquisadora.
Projetos de interesse social são raros, como o hotel Lord Palace, agora residencial Elza Soares, e o edifício Prestes Maia. O programa “Requalifica Centro” habilitou apenas dois projetos sociais recentemente. A situação, sendo os especialistas, destaca o contraste entre o potencial do retrofit para revitalização urbana e a atual aplicação.
Fonte: Folha de S.Paulo