Classe A lidera intenções de compra de imóveis em São Paulo. Inflação na construção civil desacelera em novembro e custos estão “sob controle”, avaliam executivos. No Rio, Brookfield compra ‘Edifício A Noite’ e vai alugar seus apartamentos com foco no turismo.
Inflação na construção civil desacelera em novembro
A inflação no setor de construção, medida pelo Índice Nacional do Custo da Construção (INCC), desacelerou em novembro, principalmente devido à redução nos preços de materiais, equipamentos e serviços. O índice subiu 0,44% em novembro, comparado a 0,67% em outubro. Nos últimos 12 meses, entretanto, o aumento é de 6,08%, um salto significativo em relação aos 3,33% do mesmo período em 2023.
Durante as teleconferências de apresentação dos resultados do terceiro trimestre, executivos das incorporadoras listadas na Bolsa de Valores indicaram que, embora a inflação exija atenção, os custos estão sob controle. “Ainda não estamos perdendo o sono como foi em 2020 e 2021”, avaliou João Carlos Mazzuco, diretor-financeiro da Cury. Miguel Mickelberg, diretor-financeiro da Cyrela, destacou que mesmo com ajustes mensais pelo INCC, as vendas mantêm boa performance.
Dados do Valor Data (Valor Econômico) apontam que as vendas das incorporadoras aumentaram 39% no trimestre comparado a 2023, com lucro líquido crescendo 287%. Ricardo Gontijo, CEO da Direcional, minimizou o impacto da inflação atual, lembrando que o setor enfrentou piores desafios durante a pandemia. “Não deveria ser criado todo esse ruído” sobre a inflação da construção” lembrando que o indicador bateu 17% no acumulado dos 12 meses naquela época. “Não acho que esse é o ponto de destaque agora”, reafirmou.
O aumento das taxas de juros preocupa, especialmente para incorporadoras de médio e alto padrão, cujos clientes não se beneficiam das taxas fixas do programa Minha Casa, Minha Vida (MCMV). Ainda assim, o financiamento de imóveis pelo Sistema Brasileiro de Poupança e Empréstimo (SBPE) cresceu 13% em relação ao ano anterior.
Para as incorporadoras no programa MCMV, o cenário é mais favorável, com orçamento de 2025 garantido. A participação de recursos do Fundo de Garantia por Tempo de Serviço (FGTS) para imóveis usados caiu para 7,7% em outubro, refletindo medidas restritivas.
A Reforma Tributária é outra preocupação. Rodrigo Luna, presidente do Secovi, alertou que, se aprovada como está, pode aumentar o custo dos imóveis. O setor defende uma redução de 60% na alíquota de impostos, em contraste com os 40% propostos atualmente. Luna enfatiza a necessidade de mudanças, mas ressalta a importância de compreender as consequências das reformas planejadas.
Fonte: Valor Econômico
Classe A lidera intenções de compra de imóveis em São Paulo
Comprar um imóvel é um desejo que parte da população de São Paulo mantém em seus planos a curto prazo: 14% dos habitantes da capital planejam adquirir a casa própria nos próximos seis meses, segundo pesquisa da startup Loft em parceria com a Offerwise.
Deste grupo, 48% veem a compra como investimento e a maioria dos interessados em fechar negócio tem entre 25 e 34 anos. A pesquisa mostra ainda que apenas 6% dos paulistanos preferem o aluguel, especialmente entre jovens de 18 a 24 anos.
A classe social também influencia as decisões. Na classe A, com renda superior a 20 salários mínimos (cerca de R$ 28.240), 62% já possuem imóveis. Contudo, 29% têm interesse em novas aquisições.
Mas mesmo entre a alta renda, 5% dos entrevistados buscam por aluguel. O Professor Carlos Honorato, da FIA Business School, sugere que o aluguel entre os mais ricos pode estar ligado à mobilidade ou melhores opções de investimento. “Deixa-se o dinheiro no banco rendendo em opções melhores do que investir em um imóvel”, analisa Carlos Honorato, Professor de Economia da FIA Business School. “Para pessoas com renda mais alta, existem mais opções de escolha de moradia. Já a baixa renda mora onde é possível e viável economicamente”, acrescenta.
Em contraste, na classe B (10 a 20 salários mínimos) 23% já possuem imóvel próprio e apenas 9% planejam novas compras. Na classe C (quatro a dez salários mínimos), 11% possuem imóveis, e 72% não têm planos de mudar sua situação habitacional.
Uma série de desafios dificultam a compra da casa própria, principalmente as altas taxas de juros e condições de financiamento, com 48% dos entrevistados dando notas baixas a esses fatores. Honorato observa que, mesmo para as classes altas, o custo financeiro da compra pode ser elevado. Além disso, tendências de mercado, como a popularização de certos tipos de imóveis, podem distorcer a oferta em relação à demanda.
Apesar das preocupações, há otimismo quanto à situação financeira futura, destaca Fábio Takahashi, gerente de dados da Loft. “A proporção de pessoas que acreditam em uma melhora na situação financeira familiar supera a daqueles que esperam uma piora, o que pode impulsionar o mercado”, avalia.
Fonte: Estadão
Brookfield investe no ‘Edifício A Noite’ de olho no turismo do Rio
A Brookfield adquiriu 97% das unidades do futuro residencial ‘Edifício A Noite’, que fica na Praça Mauá, no Rio de Janeiro, apostando no potencial turístico do Centro e na revitalização portuária. A venda, realizada pela paulista Azo, envolve um projeto de retrofit avaliado em R$ 188 milhões, que será concluído até 2027, ainda sob responsabilidade da incorporadora.
Embora o valor da transação não tenha sido divulgado, o Valor Geral de Vendas (VGV) do projeto estava estimado em R$ 240 milhões. A Brookfield deve ter obtido um desconto, eliminando custos de comercialização e riscos de encalhe.
Com um portfólio no Brasil acima de R$ 200 bilhões, a Brookfield ficará com 434 dos 447 apartamentos, além de espaços comerciais. A estratégia é alugar as unidades para estadias de curta e média duração, com uma operadora especializada gerenciando os aluguéis.
O projeto, aprovado pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan), não sofrerá alterações. A Azo aguarda apenas a autorização para iniciar obras internas.
A Brookfield já possui 5,7 mil unidades sob o modelo “multifamily” no Brasil e, no Rio, o ‘A Noite’ será o primeiro empreendimento desse tipo, junto com o Edifício Glória na Cinelândia.
André Lucarelli, vice-presidente sênior, destaca a longa história da empresa com a cidade e vê grande oportunidade de expandir no segmento residencial. “Nosso pipeline de projetos no Rio é muito robusto. No primeiro semestre de 2025, planejamos fechar novos empreendimentos desse tipo em áreas como a zona portuária e a Barra da Tijuca. Na Zona Sul, é mais difícil, mas vamos tentar”.
Já o CEO da Azo, José de Albuquerque, destaca o aumento de eficiência que a negociação de apartamentos por uma única empresa promove. “Para nós, a etapa de comercialização das unidades é sempre um desafio. Vender todas as unidades para uma única empresa é muito mais eficiente do que negociar com mais de 400 compradores”.
Albuquerque destaca também a preocupação com os traços arquitetônicos do prédio. “Com a entrada da Brookfield, o ‘A Noite’ se torna mais do que nunca um projeto de altíssimo nível. Eles compartilham conosco uma visão de preservação do edifício”. A Azo é uma empresa controlada pela família Vetorrazzo, um dos principais acionistas da Aegea, gigante do setor de saneamento que está por trás da Águas do Rio.
Fonte: O Globo
Reforma Tributária: mudanças devem provocar impactos imediatos no mercado imobiliário
As mudanças propostas pelo texto da Reforma Tributária, que tramita no Congresso Nacional, trarão mudanças significativas para o setor imobiliário a partir de 2025. Segundo Renata Firpo, colunista da revista Veja e consultora do mercado imobiliário, “as novas diretrizes fiscais prometem alterar substancialmente a dinâmica do mercado de imóveis, afetando desde pequenos investidores até grandes incorporadoras”.
Firpo explica que, uma vez promulgada, a reforma terá suas regras implementadas de forma gradual até 2033, afetando diversos impostos e setores, que impactam a locação. Uma das primeiras mudanças ocorrerá no ITCMD (Imposto Sobre Causa Mortis e Doação), que incidirá de forma progressiva sobre o valor do bem doado ou herdado, com limite de 8%. “Ou seja, quanto maior for o valor do bem, maior será a alíquota aplicável e, portanto, o valor do imposto”, explica.
Atualmente, estados como o Rio de Janeiro já aplicam alíquotas entre 4% e 8%, mas outros, como São Paulo, Minas Gerais e Amazonas, terão que ajustar suas legislações, segundo a colunista. Em São Paulo, por exemplo, onde a alíquota é fixa em 4%, o imposto poderá dobrar em 2025.
Essa perspectiva de aumento tem levado muitos a procurar escritórios de advocacia para planejar sucessões patrimoniais e financeiras, afirma Firpo, para aproveitar as regras vigentes.
Um caso citado por Firpo é o de Kelly Durazzo, advogada especialista em Direito Imobiliário e Presidente da Comissão de Loteamento da OAB/SP. Durazzo sentiu o crescimento de clientes buscando um planejamento sucessório e ela mesma já aproveitou o ano para fazer a doação dos seus imóveis para seus filhos. Ainda que experiente no assunto, a advogada conta que, para transferir os imóveis aos seus herdeiros, precisou entrar com Mandado de Segurança.
Segundo a advogada, “embora o ITCMD seja um imposto do governo do Estado, a base que muitas prefeituras têm tomado para calcular o imposto é o Valor Venal de Referência (VVR), determinado por meio de decreto municipal”. Isso é ilegal, pois o cálculo deve ser em cima do valor comercializado do imóvel e não um preço arbitrado pelo município.
Mesmo com o aumento, o ITCMD no Brasil ainda será inferior ao de outros países. Nos Estados Unidos, a “estate tax” pode chegar a 40%, enquanto em Portugal é de 10%.
Fonte: Veja