Aluguel ganha força em capitais do Sul e Sudeste. Incorporadoras miram extremos do mercado imobiliário com a perda de poder aquisitivo da classe média. Fundos de pensão aguardam novas regras para definir destino de R$ 32 bi em imóveis.
- Aluguel ganha força em capitais do Sul e Sudeste
- Incorporadoras miram extremos do mercado imobiliário com a perda de poder aquisitivo da classe média
- Fundos de pensão aguardam novas regras para definir destino de R$ 32 bi em imóveis
- Lula pede maior participação de construtoras em faixa de baixa renda do MCMV
Aluguel ganha força em capitais do Sul e Sudeste
Pesquisa realizada pela Loft em parceria com a Offerwise revela que 13,8% dos moradores de quatro capitais do Sul e Sudeste pretendem comprar imóvel no primeiro semestre de 2025, uma queda em relação aos 14,8% registrados em novembro de 2024. Por outro lado, a intenção de alugar subiu de 5,2% para 7% no mesmo período.
O estudo, que envolveu 1.200 entrevistados em São Paulo, Porto Alegre, Rio de Janeiro e Belo Horizonte, mostrou que a capital paulista foi a única entre as estudadas que registrou alta também na intenção de compra, com 17% dos paulistanos pretendendo comprar um imóvel nos próximos seis meses, ante 14% em novembro de 2024.
Mais moradores da capital paulista acreditam que esse é um momento oportuno para a compra de um imóvel – 20,4%, ante 15% em novembro de 2024 – e mais respondentes desejam mudar de endereço após melhora na situação financeira – 26,5% em comparação a 7,5% em novembro do ano passado.
Entre os motivos para aquisição de imóveis, destacam-se ainda o desejo de construir patrimônio e investir. Para a classe A, o momento oportuno é o principal fator, enquanto para as classes C e D/E, ter a casa própria ainda é um sonho.
No quesito aluguel, 41,7% dos interessados buscam opções semelhantes ao valor atual, e 39,3% procuram imóveis com aluguel até R$ 1 mil. “A preocupação com os juros de financiamento pode aumentar a demanda por aluguel nos próximos meses”, avalia Fábio Takahashi, gerente de Dados da Loft.
A alta no preço dos imóveis e a elevação da taxa de juros têm dificultado o acesso à casa própria para muitas famílias, contribuindo para o cenário atual do mercado imobiliário.
Fonte: Times Brasil
Incorporadoras miram extremos do mercado imobiliário com a perda de poder aquisitivo da classe média
A dificuldade crescente da classe média em adquirir imóveis novos está levando incorporadoras a focar nos segmentos de baixa renda e alto padrão. Empresas como EZTec, Cyrela e Trisul estão reforçando suas atuações no programa Minha Casa, Minha Vida (MCMV) e em projetos de alto padrão.
“Temos um vácuo na classe média, estamos atuando bem na classe alta, de [unidades] de R$ 1 milhão para cima, ou no segmento econômico”, afirma Jorge Cury, CEO da Trisul. Segundo ele, os clientes perderam “quase um terço” do poder de compra desde 2020.
A EZTec, conhecida por atuar no médio e alto padrão, anunciou seu retorno ao segmento econômico e lançou novos projetos em parceria com a Conx sob a marca FitCasa. A Cyrela expandiu o valor geral de venda no MCMV em 105% no último ano, atingindo R$ 3 bilhões, e as vendas da sua marca Vivaz cresceram 52%, totalizando R$ 2,5 bilhões, atuando nas faixas 2 e 3 do programa.
Apesar do aumento de 23% no crédito concedido com recursos da poupança em 2024, há preocupação com a escassez futura desses fundos. O Fundo de Garantia do Tempo de Serviço (FGTS), principal fonte de financiamento para o MCMV, aprovou R$ 123,5 bilhões para o programa em 2025, valor inferior aos R$ 127,6 bilhões de 2024. O que deixa a competição mais acirrada, não apenas por clientes, mas principalmente pelos recursos do FGTS, essenciais para financiar construtoras e compradores no programa.
“Entendemos que em 2025 não vai ter funding do FGTS o ano todo”, argumenta Pedro Donadon, CEO da incorporadora ADN. Sua empresa planeja focar nas faixas 1 e 2 do MCMV este ano, buscando eficiência nas contratações.
Fonte: Valor
Fundos de pensão aguardam novas regras para definir destino de R$ 32 bi em imóveis
Os fundos de pensão brasileiros, que administram cerca de R$ 1,29 trilhão, estão na expectativa de mudanças na regulamentação em 2025 para decidir o futuro de aproximadamente R$ 32 bilhões em ativos imobiliários. Atualmente, uma norma federal obriga as entidades a venderem todos os ativos imobiliários até 2030.
A Superintendência Nacional de Previdência Complementar (Previc) defende uma flexibilização das normas. “Não estamos defendendo que os fundos imobilizem o capital, mas que eles tenham a opção no cardápio, como outros fundos no mundo, de investir em imóveis”, afirma Ricardo Pena, diretor-superintendente do órgão.
A Previc propõe o retorno do limite de 8% para entidades maiores (S1 e S2) e 5% para as menores (S3 e S4), além da extinção do prazo de venda até 2030. O órgão argumenta que a restrição atual penaliza os fundos brasileiros, impedindo-os de investir em negócios imobiliários com potencial de valorização a longo prazo.
Devanir Silva, presidente da Associação Brasileira das Entidades Fechadas de Previdência Complementar (Abrapp), apoia a revisão. “Antes da norma, havia um limite de aplicação de 8% na carteira imobiliária. Na verdade, nós nunca atingimos isso. Em 2017, estávamos em 3,9% do nosso patrimônio”.
A regra atual, estabelecida em 2018 e atualizada em 2022, foi adotada para aumentar a transparência e evitar conflitos de interesse, na esteira da Operação Lava Jato. Contudo, a obrigatoriedade de venda até 2030 é vista como “antieconômica” pela Previc, podendo resultar em vendas com prejuízo apenas para cumprir o prazo.
O setor aguarda agora a decisão do Conselho Monetário Nacional (CMN) sobre possíveis mudanças na regulamentação, que poderiam alinhar as práticas brasileiras com as internacionais em termos de diversificação de portfólio.
Fonte: Bloomberg Línea
Lula pede maior participação de construtoras em faixa de baixa renda do MCMV
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva solicitou às grandes construtoras uma participação mais expressiva em projetos do Minha Casa, Minha Vida (MCMV) voltados para famílias com renda mensal de até R$ 2.600, utilizando recursos do Fundo de Arrendamento Residencial (FAR).
Em reunião com representantes do setor nesta terça-feira (28), incluindo a Associação Brasileira de Incorporadoras Imobiliárias (Abrainc) e presidentes das maiores construtoras do país, Lula ouviu sinalizações positivas, mas também recebeu uma série de pedidos do segmento.
As construtoras indicaram disposição para ampliar sua atuação em projetos do FAR, mas solicitaram ajustes no desenho dos projetos para aumentar a eficiência e reduzir custos. Atualmente, a participação de grandes empreiteiras nessa faixa é limitada devido à baixa rentabilidade comparada a outras faixas do programa.
“Estamos dispostos a colaborar, mas precisamos de condições que viabilizem economicamente esses projetos”, disse Luiz França, presidente da Abrainc.
Entre os pedidos do setor estão a liberação do recolhimento compulsório da poupança, maior regulamentação do saque-aniversário do FGTS e do crédito consignado relacionado, além de nova redução do prazo de carência das Letras de Crédito Imobiliário (LCIs) – papéis vendidos no mercado a investidores para o financiamento de projetos imobiliários.
Em agosto de 2024, o Conselho Monetário Nacional (CNM) já havia reduzido o prazo de carência das LCIs de 12 meses para 9 meses, equiparando-o ao das Letras de Crédito do Agronegócio (LCAs).
Um grupo de trabalho será criado entre o setor e as áreas técnicas dos Ministérios da Fazenda e das Cidades para estudar ajustes no programa e a viabilidade dos pleitos do setor. Atualmente, as construtoras focam nas faixas 2 e 3 do programa MCMV. Uma nova reunião com o presidente Lula está prevista para as próximas semanas.
Fonte: O Globo