Setor imobiliário prevê desempenho recorde e alta de preços em 2024. Preços de unidades residenciais aceleram em 10 capitais. Condomínios “econômicos” de SP adotam lazer e comodidades de médio padrão.
Setor imobiliário espera desempenho recorde e alta de preços em 2024
O mercado imobiliário prevê recorde de vendas em 2024, mesmo após a interrupção do ciclo de cortes da taxa básica de juros do país, a Selic. Nos últimos 12 meses até julho, o número de unidades residenciais lançadas em São Paulo aumentou 23%, atingindo 88 mil, segundo dados do Secovi-SP.
O programa Minha Casa, Minha Vida (MCMV) foi o principal responsável pelo resultado, com um crescimento de 75% em lançamentos na capital paulista. As vendas também apresentaram alta, com um aumento geral de 28%, totalizando 90,8 mil unidades. O programa habitacional do governo registrou crescimento de 37% nas vendas, enquanto os demais segmentos registraram aumento de 20%.
“Não existe no nosso radar nenhum fator que mostre que essa tendência vai se reverter nos próximos meses ou no próximo ano”, afirma Celso Petrucci, economista-chefe do Secovi-SP. Ele ressalta que nem mesmo a taxa básica de juros, atualmente em 10,5% ao ano, deve afetar significativamente a dinâmica positiva do setor.
Fabio Araújo, CEO da Brain Inteligência Estratégica – responsável por vários estudos deste mercado – prevê um segundo semestre aquecido, com expectativa de que 2024 seja o melhor ano de vendas desde 2016. “Em especial, o último trimestre tem sido o melhor do ano”, disse. A diminuição do estoque indica potencial para aumento nos preços dos imóveis, que já superam o Índice Nacional de Custo da Construção (INCC), acumulado em 4,42% nos últimos 12 meses até julho.
Segundo o economista, o único fator de alerta é a possível escassez de recursos para financiar as obras e os compradores, que pode limitar o crescimento em São Paulo e também em todo o país. Neste sentido, existem conversas com o governo para que os fundos de pensão contribuam com o crédito imobiliário, como forma de proteger as fontes de financiamento.
O Conselho Curador do FGTS já ampliou neste mês o orçamento destinado à habitação para do ano, em R$ 22 bilhões, fazendo o total saltar para R$ 140 bilhões.
Fonte: Valor Econômico
Preços de unidades residenciais aceleram em 10 capitais
Os preços dos imóveis residenciais financiados por bancos em dez capitais brasileiras aumentaram 1,06% em julho, acelerando em relação aos 0,85% de junho, segundo o Índice Geral do Mercado Imobiliário Residencial (IGMI-R) da Abecip (Associação Brasileira das Entidades de Crédito Imobiliário e Poupança). A taxa interanual acelerou para 12,13%.
Em São Paulo, o aumento foi de 1,30% em julho, com elevação de 11,32% nos últimos 12 meses. Belo Horizonte registrou o maior aumento mensal (2,61%). Já a capital federal, Brasília, foi a única a apresentar queda de preços no período (-1,09%).
Nos primeiros sete meses de 2024, o IGMI-R acumulou alta de 8,10%, a maior para o período desde 2016. A Abecip avalia que o crescimento real no mercado imobiliário, em um cenário de inflação controlada, demonstra a resiliência e o dinamismo do setor como pilar fundamental da economia brasileira.
Fonte: Sinduscom
Condomínios “econômicos” de São Paulo adotam lazer e comodidades de alto padrão
Uma tendência crescente em São Paulo e Região Metropolitana é a adoção de características comuns aos imóveis de alto padrão nos empreendimentos “econômicos”. Eles trazem lazer de clube (quadras, piscinas, bibliotecas e playgrounds), comodidades como sala de cinema, coworking, lavanderias, e até shopping center na área do condomínio, além de localização junto aos eixos de transporte público.
Três condomínios premiados em São Paulo oferecem mais de 2,3 mil apartamentos com cara de médio e alto padrão, majoritariamente enquadrados no programa Minha Casa, Minha Vida (MCMV), com preços abaixo de R$ 350 mil.
O Quadra Butantã, da Kazzas Incorporadora, entregou 1.200 apartamentos próximos à USP (Universidade de São Paulo) e ao metrô, com Valor Geral de Vendas (VGV) de R$ 376 milhões. São quatro torres com estúdios (de 24 m²) e apartamentos de 2 dormitórios (34 m² a 44 m²), em conceito clube que inclui até salas de cinema. A diretora de incorporação Gil Vasconcelos aponta valorização de 56%. “Na época, [dezembro do ano passado] a unidade de 44 m² saiu por R$ 350 mil. Hoje, é revendida por R$ 550 mil.”
O Mob Apartments, da Dubai Incorporadora, lançado em Osasco, terá 770 unidades sobre um shopping center com 36 lojas. “Só encontramos isso em projetos de alto padrão”, afirma Ricardo Karabolad, diretor comercial da empresa.
Na região central da capital paulista, a Think Construtora entregou o Home República, com 352 apartamentos, elogiados por “promover o acesso à moradia digna” e “requalificar o espaço urbano das áreas centrais”, regiões levadas “à estagnação e decadência” que antigamente eram consideradas nobres, como o entorno da Praça da República.
Segundo o CEO da Think, Marcelo Nudelman, o projeto de estúdios “nasceu para integrar a arte urbana num pedaço do centro bem revitalizado”. As obras começaram na pandemia e o empreendimento ficou pronto em outubro de 2022. Cada apartamento vale hoje R$ 350 mil. “Para quem revendeu, conseguiu quase 100%”, afirma Nudelman. “75% dos estúdios foram vendidos para investidores.”
Fonte: Terra
Cury destaca inflação, mão de obra e funding como principais desafios do setor
Diante do bom momento da construção civil no país, o setor não tem nenhuma preocupação imediata, mas precisa monitorar alguns pontos nevrálgicos, como inflação, mão de obra e funding, aponta a construtora Cury, especializada em empreendimentos de baixa renda.
Ronaldo Cury, RI da empresa, afirmou que “a inflação preocupa mais que uma eventual alta de juros”, durante um painel da 25ª Conferência Anual do Santander. Ele apontou que a pressão inflacionária sobre a mão de obra na construção civil afeta a capacidade de execução das empresas.
Segundo o executivo, grandes construtoras têm vantagem na atração de trabalhadores devido ao volume e consistência de obras, que garante um bom fluxo de contratos.
O funding do setor, outro desafio destacado pela Cury, também foi citado por Hailton Madureira, Secretário Nacional de Habitação, durante o mesmo evento.
Segundo Madureira, é preciso aumentar o patamar do crédito imobiliário no Brasil, atualmente em 10% do PIB, para 20% a 30%. Com a diminuição dos recursos da poupança, o setor busca alternativas como as Letras de Crédito Imobiliário (LCIs). “Pode ser via LCI, LIG, fundo de pensão. Mas o Brasil precisa discutir como financiar esse crescimento”, afirmou.
Fonte: Exame