Câmara Brasileira da Indústria da Construção eleva a projeção de crescimento do setor para 3,5% em 2024. Construtora amplia atuação na faixa 1 do MCMV com vendas acima do esperado. Mercado imobiliário de luxo em SP expande entre usados.
- Construção civil deve crescer 3,5 por cento em 2024, projeta CBIC
- Construtora Plano & Plano amplia atuação na faixa 1 do Minha Casa, Minha Vida
- Mercado imobiliário de luxo se consolida em São Paulo também entre usados
- Em São Paulo, bairro da Freguesia do Ó se transforma com chegada do metrô e arranha-céus
Construção civil deve crescer 3,5 por cento em 2024, projeta CBIC
A Câmara Brasileira da Indústria da Construção (CBIC) revisou novamente sua projeção de crescimento para o setor em 2024. A nova expectativa é de um aumento de 3,5% no Produto Interno Bruto (PIB) da construção civil, superando a previsão anterior de 3% e a de 2,3% feita até julho. Segundo a Cbic, o mercado de trabalho aquecido e o bom desempenho das empresas de imóveis de padrão econômico impulsionaram essa revisão, juntamente com o “crescimento mais robusto da economia” atual e projetado para 2025. A notícia é do jornal O Valor Econômico.
Renato Correia, presidente da Cbic, destacou: “O saldo de novas vagas geradas continua positivo e os empresários mantêm expectativas otimistas para o nível de atividade nos próximos seis meses”. Dados do Ministério do Trabalho e Emprego mostram um crescimento de 5,2% no número de trabalhadores formais na construção civil, totalizando 2,91 milhões de pessoas.
Contudo, os desafios persistem. A possibilidade de aumento dos juros pode impactar os investimentos e a oferta de crédito imobiliário. A falta de mão de obra qualificada e o aumento do custo da construção, que subiu 5,72% nos últimos 12 meses, conforme o Índice Nacional do Custo da Construção (INCC) da Fundação Getulio Vargas (FGV), também são preocupações.
Ieda Vasconcelos, economista da CBIC, enfatiza que a meta de 3,5% supera a previsão de crescimento do PIB nacional, que é de 3,05%. “Os resultados do segundo trimestre foram mais positivos, o que acabou, então, influenciando a nova projeção”, afirmou.
Em retrospectiva, o PIB da construção recuou 0,5% em 2023, após crescimentos de 6,8% em 2022 e 12,6% em 2021.
Construtora Plano & Plano amplia atuação na faixa 1 do Minha Casa, Minha Vida
A Plano & Plano, associada à Cyrela, está expandindo seus lançamentos na faixa 1 do programa Minha Casa Minha Vida. A escolha antes era evitada pela dependência de recursos federais incertos. As novas regras do programa habitacional, acompanhadas pelo financiamento via FGTS (Fundo de Garantia do Tempo de Serviço) facilitaram a expansão.
Desde meados deste ano, a construtora lançou três empreendimentos em São Paulo, totalizando 1,5 mil apartamentos e R$300 milhões em valor geral de vendas. “A velocidade de venda da faixa 1 no primeiro mês após o lançamento foi de 60% a 70% dos apartamentos, versus uma média de 30% nas faixas 2 e 3”, informou Renée Silveira, diretora de incorporação da empresa.
A companhia planeja que 30% dos lançamentos em 2024 sejam destinados à faixa 1, com foco nas zonas Leste e Sul de São Paulo. Até dezembro, serão lançados mais três empreendimentos neste segmento, totalizando 2.438 unidades.
A viabilidade dos projetos foi possível com a redução da alíquota do RET (Regime Especial de Tributação) de 4% para 1% e à extensão do prazo de financiamento para 35 anos na CEF (Caixa Econômica Federal). A construtora desenvolveu apartamentos de dois quartos com 32 metros quadrados, vendidos em média por R$189 mil.
A demanda reprimida e a escassez de construtoras atuando na faixa 1, devido ao aumento dos custos de construção e preços dos imóveis, foram fatores chave.
“São poucas as construtoras que conseguem produzir imóveis para o público da faixa 1. O custo de construção e o preço dos imóveis subiram, e as pessoas desta faixa ficaram vivendo no aluguel, sem condições de comprar”, avaliou Silveira.
O maior projeto da construtora está localizado no Parque do Carmo, região da capital paulista, em uma área de 36 mil m², com previsão de 2,4 mil apartamentos distribuídos em 19 torres, que serão lançados em três fases nos próximos trimestres.
Fonte: IstoÉ Dinheiro
Mercado imobiliário de luxo se consolida em São Paulo também entre usados
O segmento de imóveis de luxo em São Paulo vem consolidando expansão com cada vez mais lançamentos. Dados da consultoria Bain & Company indicam que o segmento, com valores acima de R$3 milhões, cresceu 339% entre 2020 e 2022, considerando apenas vendas primárias.
Embora o Secovi-SP (Sindicato das Empresas de Compra, Venda, Locação e Administração de Imóveis Residenciais e Comerciais de São Paulo) não tenha mensurado dados do segmento entre os imóveis usados, players do chamado “mercado secundário” afirmam forte dinamismo, com vendas recentes mostrando sucesso também neste nicho.
“Localização é um ativo”, afirma Marco Túlio Vilela Lima, CEO da imobiliária Esquema, que atua principalmente nos Jardins. O executivo destaca a escassez de terrenos em bairros nobres como fator de valorização dos imóveis usados. Lima divide a parcela investidora de seu público entre a “turma que gosta de comprar, dar um tapa ou reformar o imóvel e colocá-lo para vender” e os “rentistas”, que ainda veem bastante sentido em viver como locadores.
O mercado secundário também ganha visibilidade nas redes sociais através de corretores influenciadores como Tamara Stief, da Mara Imóveis, e empresas especializadas que valorizam o patrimônio arquitetônico e a história por trás desses espaços. Eles atraem compradores que buscam não apenas moradia, mas também um pedaço da rica herança cultural de São Paulo.
É o caso de propriedades icônicas projetadas por arquitetos como Artacho Jurado, na capital paulista. O edifício Cinderela, em Higienópolis, promovido pela Refúgios Urbanos, tem apartamentos de 110 metros quadrados comercializados a R$2,15 milhões. Matteo Gavazzi, sócio-fundador da empresa, destaca que “a moradia é uma necessidade que não cessará de existir, e muitos clientes querem sair da locação para se tornarem donos”.
Ricardo Carazzai, professor da Universidade Corporativa Secovi-SP e especialista no segmento luxo, ressalta o interesse crescente de compradores do interior paulista, Centro-Oeste e exterior. “Essas pessoas querem habitar os bairros por onde circulam em São Paulo, e elas circulam em geral entre as avenidas Paulista e Faria Lima, quando muito pela Vila Nova Conceição”, diz.
Entre os empreendimentos novos no segmento, um projeto misto da Even na capital paulista ganha destaque: vai abrigar a terceira unidade mundial do hotel Faena, próximo ao shopping Eldorado, refletindo as mudanças na Lei de Zoneamento da cidade.
Outro destaque é o Vista Cyrela, situado próximo ao Jockey Club, que promete ser um marco no mercado de luxo paulistano – previsão de entrega para 2028. O empreendimento contará com duas torres, uma delas atingindo 206 metros de altura (a segunda mais alta da cidade). O projeto será decorado pela Armani/Casa, e terá um spa com piscina de borda infinita.
Fonte: Folha de S.Paulo
Em São Paulo, bairro da Freguesia do Ó se transforma com chegada do metrô e arranha-céus
A Freguesia do Ó, tradicional bairro da zona Norte de São Paulo – tema de canção de Gilberto Gil – passa por intenso processo de verticalização impulsionado pela futura linha 6-Laranja do metrô, que terá três estações na região. A previsão de operação do trecho Norte está prevista para 2026.
Dados da proptech Loft indicam crescimento de 41,1% na venda de apartamentos de até 90 m² na região em 2024, comparando o período de janeiro a julho com o mesmo intervalo de 2023. O distrito, que se estende da Marginal Tietê até a Brasilândia, atrai grandes incorporadoras.
A Helbor, por exemplo, desenvolveu um complexo na rua da Balsa com quatro torres residenciais, totalizando 400 apartamentos, além do mall Patteo São Paulo, em terreno de 18 mil m². “A Freguesia vai explodir com o avanço das obras do metrô”, afirma Marcelo Bonanata, diretor de vendas da incorporadora.
O Grupo Kallas, através da linha Kazas, está construindo empreendimentos com torres de até 29 andares, alterando o skyline da região. O Vision, com entrega prevista para janeiro de 2025, oferece 395 unidades entre 36 m² e 42 m², com preços de R$ 264 mil a R$ 350 mil. Já o Fábula conta com 336 apartamentos a partir de R$ 380 mil.
“A barreira da Marginal foi vencida”, destaca Gil Vasconcelos, diretora de incorporação da Kallas, referindo-se à antiga resistência do mercado em relação aos bairros ao Norte do rio Tietê. O centro histórico da Freguesia, no Largo da Matriz de Nossa Senhora do Ó, mantém sua identidade enquanto a região se moderniza.
Enquanto o bairro se moderniza, estabelecimentos históricos continuam estabelecidos na região, se adaptando às transformações. É o caso do tradicional bar Frangó, eleito o melhor bar de cerveja de São Paulo em 2024 pelo Datafolha, e a pizzaria Bruno, em sua terceira geração.
Fonte: Folha de S.Paulo