Por Sandro Westphal, CEO de Fintech da Loft
O atual cenário macroeconômico se apresenta desafiador para o mercado imobiliário. Juros e câmbio em alta encarecem o financiamento, principal alavanca para venda, responsável por pouco mais da metade das transações no país. O quadro favorece o aluguel, porém, a falta de portfólio, presente na maioria das capitais, também é agravada por um aumento da procura por esta modalidade.
Mas há um fator puramente positivo entre os reflexos deste quadro. É que se a depreciação do real frente ao dólar deixa os imóveis mais caros para os brasileiros, estes ficam mais acessíveis para quem fatura em dólar. E este valor mais baixo em moeda estrangeira dos ativos imóveis brasileiros já está de fato atraindo novos compradores.
De acordo com dado divulgado esta semana na imprensa, os imigrantes investiram R$ 283 milhões em imóveis no Brasil de janeiro a setembro deste ano, volume maior do que o montante atraído em todo o ano de 2023, de R$ 273 milhões. A informação consta do Boletim de Migração do Ministério da Justiça e Segurança Pública, com base em dados do Observatório das Migrações.
Entre os estados que mais estão atraindo estes investimentos constam localidades com forte apelo turístico, como Rio de Janeiro e Santa Catarina. Porém, São Paulo também está entre os destaques, e aparece em segundo lugar na lista, logo atrás do Rio de Janeiro. De acordo com o secretário-executivo do Conselho Nacional de Migração (CNI), muitos executivos estrangeiros vêm ao Brasil a negócios, e depois fixam residência por aqui.
Importante notar que uma resolução do CNI facilita esse movimento. Ela permite que estrangeiros que comprem imóveis no Brasil solicitem autorização de residência. Para isso pessoas físicas devem comprar um imóvel em área urbana no valor mínimo de R$ 1 milhão com recursos próprios de origem externa.
Portanto, existem oportunidades claras para imobiliárias e corretores que querem fazer mais negócios com este público ávido por investir no Brasil, porém nem sempre ciente de todas as informações.
A primeira diz respeito a um esforço de produzir conteúdo nas redes sociais em língua estrangeira capaz de atrair a pesquisa desse público. A segunda, é compilar informações objetivas sobre a regulamentação e a facilitação para o investimento estrangeiro em imóveis no Brasil. A terceira é abrir canais de relacionamento com câmaras de comércio e outras representações das diversas colônias de imigrantes estabelecidas em diferentes regiões do Brasil. O networking, aqui, vai contar em dobro.