Por Felipe Morgado e Gerson Oliveira Filho
Reportagens publicadas nesta semana com forte destaque na grande imprensa – no Estadão, por exemplo – enfatizam dado segundo o qual o aumento dos preços dos aluguéis em algumas das principais capitais brasileiras desacelerou em 2024 em relação ao ano anterior.
Estes seriam os casos de Belo Horizonte (22,88% ante 13,71%), Rio de Janeiro (17,87% para 10,16%) e Curitiba (21,03% para 15,34%). Os dados são do Índice de Aluguel Quinto Andar Imovelweb.
O próprio levantamento, no entanto, mostra que houve movimento no sentido contrário, de aceleração em três outras capitais, de igual ou maior importância para o mercado como um todo: Brasília (9,09% para 15,73%), Porto Alegre (13,83% para 14,71%) e São Paulo (9,70% para 9,72%).
Ainda mais importante do que isso, o dado mais relevante não está destacado nestas reportagens, porém está presente em outro conjunto de textos publicados sobre o balanço de 24: o aumento dos preços dos aluguéis em 2024 superou de forma muito intensa os índices de inflação no período.
De acordo com reportagem do Valor Econômico, entre outros veículos, a valor do aluguel residencial encerrou 2024 com uma alta de 13,5%, segundo o Índice Fipezap. Já o custo de vida medido pelos principais índices que balizam os contratos de aluguel foi muito menor: IPCA/IBGE (4,83%), e IGP-M/FGV (6,54%).
O fato é que a trajetória de alta dos preços do aluguel é constante desde a pandemia, e não há motivos a vista do mercado e no contexto macroeconômico que mostrem algum fator capaz de alterar essa tendência.
A alta da taxa dos juros e o consequente pacote de restrições na concessão de financiamento da Caixa apontam para um 2025 com maiores obstáculos do que 2024 para quem quer comprar imóveis, o que aumenta a pressão sobre o preço do aluguel. Valor que também é pressionados pela falta de supply registrada nas principais metrópoles, sobretudo dos imóveis menores, alvo de maior demanda, principalmente dos jovens.
Há também certo movimento das empresas convocando cada vez mais seus funcionários ao retorno ao trabalho presencial. Tendência que ainda precisamos observar se vai se confirmar, e em que intensidade.
Importante ainda notar que nos casos das cidades em que o aumento do preço foi alto, porém menos alto que 2023, essa aceleração, pelo que se vê no mercado, está justamente conectada com a dificuldade que os inquilinos encontraram no ano passado em realizar seu desejo de mudança para apartamentos maiores, por conta do preço alto. Em 2024 a quantidade de renovações de contrato de aluguel foi muito maior que 2023.
Sobre o que ocorrerá neste ano de 2025 ainda é incerto dizer se o valor do aluguel subirá mais do que subiu em 2024 em todas as metrópoles. Mas tudo aponta por uma pressão constante nos preços dos aluguéis. Maior ou um pouco menor que em 2023 e 2024, o que o mercado está mostrando é que 2025 vai ser mais um ótimo ano para quem investe em aluguel.
A diferença de mais de 100% entre o aumento médio dos valores da locação residencial em 2024 (13,5%) e o índice mais alto de inflação usada nos contratos (6,54%) é um argumento matador para quem está operando no mercado neste começo de ano.