Gerson Oliveira Filho, diretor comercial Loft
Duas notícias publicadas nesta semana na grande imprensa mostram um sinal de alerta para os proprietários de imóveis que pretendem colocar suas propriedades para alugar.
A primeira diz respeito à escalada dos preços do aluguel. De acordo com reportagem publicada pelo Valor Econômico, o índice FipeZap apontou um aumento de 1,25% da locação residencial em todo o Brasil no mês passado.
O valor é quase o triplo da inflação medida no mesmo mês, abril de 2025. O IPCA registrou alta de 0,43% enquanto que o IGP-M (conhecido como o índice do aluguel) variou positivamente em 0,24%, no mesmo período. No acumulado do ano, a alta do preço do aluguel residencial já soma 4,51%, ante 2,48% do IPCA e 1,23% do IGP-M.
Se por um lado a valorização dos preços é positiva, do ponto de vista da rentabilidade de quem coloca seu imóvel para alugar, de outro, cresce o receio quanto às dificuldades dos inquilinos em honrar os contratos em dia, visto que a renda da população não está crescendo na mesma velocidade do que os preços do aluguel.
Este sinal de alerta é confirmado por outro dado. A Folha de S.Paulo trouxe levantamento do Instituto de Estudos de Protesto de Títulos do Brasil (IEPTB) que mostra que o número de dívidas condominiais encaminhadas aos cartórios disparou de 4.885 em 2020 para 15.320 em 2024, um aumento de mais de 200% em cinco anos, em todo o país.
Considerando somente os primeiros três meses deste ano, já foram registrados 6.266 protestos, o que indica a manutenção da tendência de um novo salto em 2025. Diante desse cenário de arrocho, o principal ponto de atenção das imobiliárias que auxiliam os proprietários a locarem imóveis é tomar o máximo de atenção na escolha dos inquilinos.
Isso significa ter bastante cautela nas aprovações. Lançar mão de motores de créditos bem criteriosos para se realizar uma garantia segura. E, sempre que possível, mostrar para os proprietários que as garantias com maiores coberturas são, neste momento, a provável melhor escolha.
A imobiliária pode ser um apoio valioso para os proprietários neste momento também porque muitas delas lançam o valor do condomínio no mesmo boleto que o do aluguel. E, sendo assim, podem fazer um acompanhamento importante da inadimplência.
Por último, vale ficar ligado na divulgação dos dados do preço regional e dos bairros, para não ficar com o valor defasado, neste momento de forte alta. São cuidados necessários para não ter dor de cabeça. E aferir o bom rendimento mensal do aluguel, junto com a valorização do imóvel – que historicamente é maior que a inflação – sem sofrer com o fantasma da inadimplência.