Representantes do setor imobiliário pretendem atuar junto ao Senado para modificar pontos da Reforma Tributária. Santander abre linhas de crédito com imóveis alienados como garantia. Morar no “prédio do Neymar” em Itapemas (SC) pode custar até R$ 40 milhões.
- Reforma Tributária: apesar de limite de 26,5 por cento da cobrança de imposto, setor imobiliário teme desaquecimento
- Santander libera crédito com imóvel já financiado como garantia
- Apartamentos no “prédio do Neymar” em Itapema (SC) custam até R$ 40 milhões
- Construção civil encara crise de mão de obra com desinteresse dos jovens
Reforma Tributária: apesar de limite de 26,5 por cento da cobrança de imposto, setor imobiliário teme desaquecimento
O texto-base que regulamenta a Reforma Tributária, aprovado na Câmara dos Deputados na última quarta-feira (10) , traz mudanças para o mercado imobiliário e acende um sinal de alerta, sob temores de desaquecimento do setor. O texto cria uma trava para a alíquota do novo Imposto sobre Valor Agregado (IVA), limitado a 26,5%, e altera o momento de pagamento do Imposto sobre a Transmissão de Bens Imóveis (ITBI), que passa a ser cobrado já na escritura do contrato de compra e venda.
Com as mudanças, a alíquota média de tributos para imóveis deve saltar de 8% para 15%, podendo chegar a 25% se somados os 22% do IVA aos 3% do ITBI. “Isso tende a desaquecer o mercado, pois um quarto do valor do imóvel será destinado a impostos. A medida é prejudicial e pode dificultar a aquisição da casa própria”, avalia o advogado tributário Paulo Vaz, sócio da VBSO Advogados.
Segundo apurações do Estadão/Broadcast, a tributação do setor deverá ser progressiva, conforme o valor de cada imóvel. Imóveis de até R$ 200 mil serão tributados em 7,9% (atualmente em 6,41%), entre R$ 200 mil e R$ 500 mil a alíquota pode passar de 8% para 14%, entre R$ 500 mil e R$ 1 milhão pode subir de 8% para 15,8%, e entre R$ 1 milhão e R$ 2 milhões pode passar de 8% para 16,3%. Imóveis acima de R$ 2 milhões podem ter reajuste até 22%, mas a alíquota final pode chegar a 25%, se forem somados os 22% do IVA aos 3% do ITBI.
Como o texto-base da reforma segue para análise do Senado, representantes do mercado imobiliário acreditam que possa haver ajustes para diminuir a carga sobre o setor. O Sistema Cofeci-Creci, que representa os corretores de imóveis, informou que vai atuar junto aos senadores para tentar reverter o aumento de impostos, buscando evitar o encarecimento da moradia.
“Perdemos por apenas quatro votos no Plenário: foram 233 a 229 votos. Ainda temos a segunda oportunidade, que é derrubar essa derrota no Senado, explica o presidente do Cofeci, João Teodoro. Segundo ele, a pior das consequências é encarecer a moradia. “Esse aumento de impostos irá incidir sobre aluguel e sobre compra e venda de propriedade. É um obstáculo a mais para o custo da casa própria”.
A Associação Brasileira de Incorporadoras Imobiliárias (Abrainc) considera “insuficiente” a redução de 40% da alíquota combinada do Imposto sobre Bens e Serviços (IBS) e da Contribuição sobre Bens e Serviços (CBS) — tributos criados pela reforma — e aponta que seria necessário um redutor de 60% para garantir a manutenção da carga atual.
“O mercado imobiliário funciona como um termômetro da economia. Qualquer aumento na carga tributária pode resultar em desestímulo a novos investimentos, impactando diretamente os consumidores finais, que enfrentarão preços mais altos para comprar ou alugar imóveis”, avalia Luiz França, presidente da Abrainc. Fonte: E-investidor/Correio Braziliense
Santander libera crédito com imóvel já financiado como garantia
O Santander abriu uma nova linha de crédito pessoal, a “Use Casa Mais”, que aceita imóveis já alienados em outros financiamentos como garantia de pagamento. A iniciativa foi possível graças ao Marco das Garantias (lei 14.711), que entrou em vigor no fim de 2023 e passou a autorizar o uso de um mesmo imóvel como garantia de mais de um empréstimo.
As taxas mensais da linha de crédito variam de 1,05% (operações até 12 meses) a 1,69% (no limite de 240 meses). Sandro Gamba, diretor de negócios imobiliários do Santander, vê grande potencial para expandir a carteira de crédito imobiliário do banco, que totaliza R$ 60 bilhões. “Antes, só se oferecia crédito em cima de imóveis desalienados. O grande diferencial agora é que todo imóvel pertencente a uma carteira alienada está elegível”, afirma.
Apesar da inovação, existem riscos envolvidos e limites. O valor somado de todos os financiamentos não pode ser maior do que 60% do valor do imóvel, conforme a resolução do Banco Central. Além disso, em caso de inadimplência, há uma ordem a ser seguida na execução das garantias.
O crédito pessoal baseado em garantia imobiliária, também conhecido como home equity, vem crescendo no Brasil. A carteira do mercado chegou a R$ 19,7 bilhões no fim de 2023, um avanço de 19,3% na comparação com 2022, segundo dados da Associação Brasileira das Entidades de Crédito Imobiliário e Poupança (Abecip).
Fonte: Broadcast
Apartamentos no “prédio do Neymar” em Itapema (SC) custam até R$ 40 milhões
O empreendimento imobiliário Edify One, que conta com a participação da empresa NR Sports, responsável pela gestão de imagem do jogador de futebol Neymar Jr., oferece apartamentos de luxo com valores que variam de R$ 10,3 milhões a R$ 40 milhões. O edifício de 38 andares será construído em Itapema, no litoral de Santa Catarina.
Batizado de Edify One, a construção contará com 60 apartamentos, entre entre 264 e 966 m² e opções de 4 a 6 suítes. O empreendimento terá uma área construída de 32 mil m², incluindo 2.700 m² de área de lazer, com piscinas e academia. A previsão de entrega é para 2028, com um Valor Geral de Vendas (VGV) estimado em R$ 600 milhões.
Itapema surfa a onda de regiões catarinenses supervalorizadas no mercado imobiliário, ocupando a segunda posição entre as cidades mais valorizadas do Brasil, segundo o Índice FipeZAP. Quatro das cinco cidades com imóveis mais caros estão em Santa Catarina, que atrai cada vez mais investimentos.
O envolvimento de Neymar Jr. no projeto em Itapema, além da localização privilegiada do empreendimento, têm chamado a atenção de investidores e compradores interessados em imóveis de alto padrão no litoral catarinense, com vista direta para o mar.
Fonte: Estadão
Construção civil encara crise de mão de obra com desinteresse dos jovens
O mercado imobiliário brasileiro enfrenta uma crise de mão de obra, com quase 30% das empresas mencionando a falta de profissionais como um dos principais desafios do setor. Incorporadoras, especialistas e sindicatos apontam para o envelhecimento dos canteiros e a baixa atratividade da construção civil para os mais jovens, que preferem trabalhar de casa, seguir horários flexíveis e não ter um chefe.
A baixa qualificação e o preconceito associado aos serviços braçais também contribuem para a falta de interesse dos jovens pelo setor. Para enfrentar a crise, incorporadoras e construtoras estão investindo na industrialização dos processos e na qualificação dos profissionais, com programas de capacitação e adoção de tecnologias como a construção modularizada e realidade aumentada.
Hélio Zylberstajn, professor sênior da Faculdade de Economia da USP, sugere que as empresas se unam para compartilhar os custos e riscos na formação dos trabalhadores, por meio de programas coletivos, visando melhorar a eficiência do setor. “Estamos vivendo um boom da construção civil e a disputa por mão de obra é muito grande. Pela lei de oferta e demanda, o custo deste trabalho tende a aumentar”, argumenta.
Fonte: Estadão