Banco Central propõe seguro obrigatório para empréstimos com garantia de imóvel. Ponte de Guaratuba, no litoral do Paraná, valoriza imóveis e impulsiona mercado de alto padrão. Falta de dinheiro trava financiamentos pela Caixa.
- Banco Central propõe seguro obrigatório para empréstimos com garantia de imóvel
- Ponte de Guaratuba, no litoral do Paraná, valoriza imóveis e impulsiona alto padrão
- Falta de dinheiro trava financiamentos de imóveis pela Caixa Econômica Federal
- Corte de juros nos EUA ajuda setor imobiliário e atrai investidores brasileiros
Banco Central propõe seguro obrigatório para empréstimos com garantia de imóvel
O Banco Central do Brasil (BC) propôs uma nova regulamentação para empréstimos garantidos por imóveis residenciais, como parte da adaptação ao Marco Legal das Garantias, sancionado pelo presidente Lula em outubro de 2023. A proposta, que estava em consulta pública até recentemente, inclui a obrigatoriedade de contratação de seguro que cubra riscos de morte e invalidez permanente do mutuário, além de danos físicos ao imóvel. A medida teria o objetivo de proteger tanto os mutuários como as instituições financeiras envolvidas nas operações de crédito.
Segundo o presidente da comissão de seguro habitacional da Federação Nacional de Seguros Gerais (FenSeg), Lincoln Peixoto, a ideia é prevenir a perda da moradia em casos de inadimplência causada por morte ou invalidez, além de tornar o crédito mais viável.
A proposta do BC também estende o limite da cota de financiamento de 60% para operações garantidas por imóveis não residenciais, ampliando as possibilidades de uso de imóveis comerciais como garantia.
Segundo Melhim Chalhub, sócio do Chalhub Advogados, este limite atua como um fator de contenção de risco de superendividamento, especialmente considerando que o Marco Legal das Garantias permite o uso do mesmo imóvel em múltiplas operações de crédito. “São duas ou mais operações de crédito garantida por um único imóvel, então tem que haver uma trava.”
A Associação Brasileira de Bancos (ABBC), que participou do processo de consulta, sugeriu estender a obrigação da cobertura securitária mínima também para imóveis não residenciais.
O advogado André Abelha, observa que, embora a contratação obrigatória do seguro possa adicionar custos ao crédito, isso não deve inviabilizar as operações, já que “reduz consideravelmente” o risco de insolvência. “Para o devedor isso é bom porque em caso de ocorrência do sinistro, o espólio não vai ter essa dívida. Quem fica não vai ter nenhuma dívida”.
Já a especialista Camila Aguileira Coelho, do Graça Couto Advogados, ressalta que a regulamentação proposta traz incentivos ao mercado de crédito ao ampliar as garantias à disposição do devedor.
O Banco Central deve publicar a norma definitiva ainda em 2024, trazendo mais clareza e segurança para o mercado de crédito imobiliário no Brasil.
Fonte: Valor Econômico
Ponte de Guaratuba, no litoral do Paraná, valoriza imóveis e impulsiona alto padrão
A construção da Ponte de Guaratuba, no litoral paranaense, tem impulsionado significativamente o mercado imobiliário local, mesmo antes da conclusão da obra. Com de 1.200 metros de extensão, a ponte pretende facilitar a conexão entre os municípios de Guaratuba e Matinhos, cerca de 130 quilômetros da capital Curitiba, que hoje tem a ligação por meio de ferry-boat.
Segundo especialistas no mercado imobiliário local, mesmo com apenas 17,7% das obras finalizadas – segundo o Departamento de Estradas de Rodagem do Paraná (DER/PR) – já é possível notar uma valorização expressiva em imóveis da região. Imobiliárias passaram a oferecer mais contratos de aluguel de longo prazo, e veem a chegada de novas construtoras e incorporadoras à região, focadas em empreendimentos de alto padrão.
“Eu vejo lançamentos com quatro suítes e espaços de convivência muito maiores. Antes, as construções visavam apenas a praia, não precisava mais do que isso para entretenimento. Agora existe um conceito de áreas de convivência com um olhar mais especial, de lugares de contemplação, de descanso, não sendo só piscina”, afirma Vânia Grossi Fernandes, do Creci-PR em Guaratuba e presidente da Associação de Corretores de Imóveis de Guaratuba (Associg).
A valorização dos imóveis tem se concentrado principalmente nas regiões central e de faixa de areia de Guaratuba e o perfil do público comprador também está mudando, com um aumento na procura por residências permanentes, impulsionado pela tendência do trabalho remoto.
“As pessoas estão optando pelo home office, então elas não se importam se estão em Curitiba ou em grandes centros. Acabam preferindo uma cidade que oferece qualidade de vida melhor, como no Litoral”, afirma Vânia.
Segundo estimativas da Associg, o mercado de alto padrão já cresceu cerca de 40% na cidade, mais que o dobro do registrado em imóveis de padrão médio (15%). O valor do metro quadrado para imóveis de alto padrão subiu de R$ 5 a R$ 6 mil em 2019 para cerca de R$ 10 mil atualmente.
“O efeito econômico já é visível, mesmo durante a fase de construção, porque isso tem gerado vários empregos”, argumenta a vice-presidente da Associação Comercial e Empresarial de Guaratuba (ACIG), Cleide Areco.
Fonte: Diário da Indústria & Comércio
Falta de dinheiro trava financiamentos de imóveis pela Caixa Econômica Federal
Relatos de funcionários da Caixa Econômica Federal, consumidores e entidades do mercado imobiliário, indicam semanas sem a assinatura de novos contratos de financiamento, alertando para dificuldades de liquidez do banco. Este gap de contratos seria, para alguns participantes do mercado, indícios de uma escassez de recursos do Fundo de Garantia do Tempo de Serviço (FGTS), principal fonte para políticas habitacionais.
“Se o ‘funding’ vem via tesouraria, dobra o custo, passando de 8% a uma taxa de 15% a 16% ao ano. Esse custo das construções acaba repassado ao consumidor”, argumenta Claudio Teitelbaum, presidente do Sinduscon-RS, ressaltando o impacto no programa Minha Casa, Minha Vida. Como alternativa, o setor da construção civil negocia o uso de dinheiro da tesouraria da Caixa, embora seja uma opção mais cara.
Corretores de imóveis no estado gaúcho relatam diferentes situações, desde funcionários da Caixa admitindo abertamente a falta de recursos até pedidos sendo “empurrados com a barriga”. Sandro Polachini, vice-presidente do Sindimoveis RS, observa que há “sinais de falta de recurso em etapas de pagamento a construtoras”. Além disso, a demanda pelo Minha Casa, Minha Vida deu um salto em 2024.
A busca por novas fontes de financiamento não é recente. A caderneta de poupança, outra fonte tradicional, enfrenta mais saques do que depósitos, situação agravada pela alta da taxa Selic. Alternativas em discussão incluem atrair investidores para Letras de Crédito Imobiliário (LCIs) e reduzir o depósito compulsório dos bancos, mas o desafio persiste em encontrar fontes de recursos tão acessíveis quanto o FGTS e a poupança.
Apesar dos relatos, a Caixa informou que as contratações estão “dentro da normalidade”, recusando-se a fornecer mais esclarecimentos sobre a situação.
Fonte: Zero Hora
Corte de juros nos EUA ajuda setor imobiliário e atrai investidores brasileiros
A recente queda nas taxas de juros nos Estados Unidos, anunciada pelo Federal Reserve (Fed) em setembro, está impulsionando o mercado imobiliário americano e atraindo investidores brasileiros. Esta é a primeira redução de juros em quatro anos, com as taxas agora entre 4,75% e 5% ao ano, e há expectativa de mais dois cortes de 0,25 ponto ainda este ano.
A redução dos juros permite que as empresas fiquem menos alavancadas e necessitem de menos capital próprio em seus projetos, avalia Ricardo Costa, sócio da RBR Asset Management. A empresa, que possui R$ 10,5 bilhões sob gestão, dos quais 10% estão fora do Brasil, tem conseguido gerar um retorno líquido de 15% ao ano para seus investidores, majoritariamente brasileiros.
A estratégia RBR possui três frentes: compra de prédios de apartamentos antigos em Nova York com foco em retrofit – voltado à locação no modelo “multifamily” -, empréstimo para desenvolvimento de ativos imobiliários e a compra de prédios para o portfólio próprio de multifamily. Os dois últimos estão concentrados, além da Costa Leste, no chamado Cinturão do Sol, região ao Sul, que vai da Flórida à Califórnia, e atrai brasileiros para investir, passear e viver.
Para o sócio-fundador da Invisto, João Vianna, o mercado imobiliário americano atrai brasileiros pela facilidade de compreensão do investimento, além da escassez de moradias nos EUA, um tema que vem sendo explorado nas eleições norte-americanas. Com foco na compra e reconstrução de residências na Flórida, a Invisto já lançou um segundo fundo de US$ 150 milhões, com 90% dos investidores sendo brasileiros.
A MRV&Co, por meio da Resia – sua unidade nos EUA – anunciou recentemente a venda de um projeto em Miami por US$ 118,5 milhões. O grupo MRV busca um investidor para a Resia e considera separá-la, para capitalizar o potencial de valor do negócio americano.
Por outro lado, um relatório do UBS Wealth Management aponta Miami como a cidade com maior risco de bolha imobiliária no mundo, com os preços subindo quase 50% em termos reais desde o final de 2019. O Goldman Sachs também destaca a queda na oferta de moradias no Cinturão do Sol, o que pode levar a um aumento nos preços de locação em 2025 e 2026.
Fonte: Valor Econômico