Representação arquitetônica e artística do otimismo e do progresso tecnológico, o Art Déco marcou época e ainda se destaca nas ruas.
Como todo grande estilo, o Art Déco é filho de seu tempo. Em uma época de rápidas transformações sociais e tecnológicas (rádios, aviões, telefones, telégrafos, entre guerras, jazz, swing), artistas queriam responder com algo fora dos moldes clássicos rumo à modernidade.
Constituído logo depois do Art Nouveau, aproveitou sua quebra de padrões antigos em preferência da decoração da vida com a beleza e as linhas curvas da natureza. O diferencial do Art Déco – também inspirado por movimentos artísticos como cubismo e Bauhaus – se deu através de sua adoção de novos materiais como alumínio, cromado e baquelite e da opção por linhas geométricas. Esses dois fatores representavam a interface artística entre seres humanos e as máquinas que agora os rodeavam.
Aplicado em edifícios, móveis, estações de metrô, desenhos, cinemas, roupas, carros, cruzeiros, rádios, joias, papeis de parede e muito mais, esse modelo de arte decorativa se tornou representante de um estilo de vida luxuoso, otimista, opulento e exuberante, que confiava no progresso rápido. Como se sabe, tal otimismo logo se defrontou com a Grande Depressão nos EUA, iniciada em 1929, e com o começo da Segunda Guerra Mundial, em 1939.
Um século depois, no entanto, esse estilo se mantém influente e suas criações originais seguem de pé mundo agora. Aliás, a maior de todas as construções Art Déco do mundo fica no Brasil: a estátua do Cristo Redentor, arquitetada por Paul Landowski, Albert Caquot e Heitor da Silva Costa em 1931.
O que é Art Déco
Além de ser hoje um estilo, Art Déco também foi considerado um movimento artístico e arquitetônico que surgiu nos anos 1920, na Europa. Seu nome deriva da mostra Exposition Internationale des Arts Décoratifs et Industriels Modernes, que aconteceu em 1925, em Paris, e onde foi exibido pela primeira vez.
A ideia era criar objetos elegantes que confrontavam a ideia de elegância tradicional e eram epítome da riqueza e da sofisticação modernos. Chegou aos Estados Unidos nos anos 1930 e, não por acaso, é a estética que embala de um dos grandes clássicos da literatura americana, O Grande Gatsby.
Art Déco: características
No Art Déco, características incluíam a admiração pelo progresso tecnológico, pela modernidade, pela máquina e por objetos feitos por máquinas. Por isso, na prática se traduziam como preferência por:
- Simetria
- Simplicidade
- Repetição de elementos
- Linhas geométricas e elegantes
- Ornamentos geométricos ou estilizados inspirados por criações naturais, como animais, raios de sol e flores
- Combinação entre materiais tecnológicos (plástico, concreto, metal, vidro) e materiais naturais (prata, marfim, platina, madeira, jade)
O que influenciou esse estilo Decorativo?
Além do Art Nouveau, cubismo e Bauhaus, outros movimentos serviram de inspiração e influência, como futurismo e construtivismo e as artes antigas das civilizações egípcia, asteca e hindu.
Como o Art Déco expunha o que se acreditava ser o "bom gosto" da sociedade, também se inspirou no que havia em voga na época nas ruas de Paris. A companhia de balé de origem russa Ballets Russes, por exemplo, entrou para a história da dança e da arte ao se inspirar nesse estilo. O trabalho do arquiteto, urbanista e artista Le Courbusier foi outra grande influência.
Art Déco: arquitetura
O Art Déco na arquitetura teve grandes aplicações que ainda hoje dominam o skyline e o imaginário popular. Três dos edifícios mais famosos do mundo, o Chrysler Building, o Empire State Building e o 30 Rockefeller, todos em Nova York, foram construídos nesse estilo artístico, assim como boa parte dos prédios históricos da região central de Manhattan.
Como descreve a acadêmica Telma de Barros Correia, o Art Déco na arquitetura foi marcado pelo uso de marquises, colunas, pilastras, formas simplificadas e platibandas, como são chamadas as faixas que fazem a moldura da parte de cima de um edifício para esconder seu telhado. Além disso, é frequente ver escalonamento de andares, pontas angulosas e adornos em ziguezague ou linhas exageradamente retas na superfície.
Muitas vezes a aplicação desse estilo de arte ia além da fachada, se estendia pelo lobby e chegava até os elevadores. As portas dos elevadores do Chrysler, por exemplo, são tidas como objetos essenciais nesse estilo de arte e constam em guias turísticos como ponto de interesse histórico.
O design geométrico em meio de painéis de madeira lustrosa, aliado aos elementos abstratos futuristas em metal, criam uma imagem inconfundível :
Art Déco: mobiliário
O principal nome do Art Déco no mobiliário foi Émile-Jacques Ruhlmann, designer que exibiu suas peças na exposição de 1925. Encantado pela riqueza, preferia matérias-primas de ponta, como madeiras nobres e exóticas e detalhes em marfim, casco de tartaruga, madrepérola e seda.
Como o ápice do bom gosto no mobiliário à época eram os modelos do século 18, Ruhlmann tornou-os mais modernos ao desenhar linhas mais simples e curtas. Camadas em cima de camadas de material, geralmente bem finas e com detalhes em tiras, eram polidas e envernizadas. Dispostas de tal maneira que pareciam pertencer a um único pedaço de madeira, deixavam a superfície macia e brilhante.
Se o design em si agradava, os materiais ultra-nobres utilizados por Ruhlmann foram criticados por outros grandes nomes desse estilo de arte decorativa como escolhas elitistas. Eventualmente, o mobiliário ganhou versões mais simples feitas com materiais modernos, como alumínio e madeira compensada.
Art Déco no Brasil
O Art Déco no Brasil marcou a arquitetura nacional. Como no exterior, aqui também era visto como expressão de modernidade e um estilo perfeito para construções e arranha-céus que subiam em cidades cada vez mais aceleradas e poderosas.
A diferença ficou na agregação de suas características a outros estilos que também exploravam e pensavam sobre futuro e progresso e informaram, de forma geral, o modernismo brasileiro.
Entre os nomes proeminentes quando se fala sobre esse estilo de arte no Brasil estão: Flávio de Carvalho e Elisiário Bahiana (principalmente na arquitetura), John Graz, Lasar Segall e Cassio da Rocha Mattos (no mobiliário e design de interiores) e Victor Brecheret (nas artes).
Exemplos de Art Déco no Brasil incluem:
- Edifício Altino Arantes, ou Prédio do Banespa (São Paulo)
- Antiga Estação Ferroviária de Goiânia (Goiânia)
- Viaduto do Chá (São Paulo)
- Banco de São Paulo (São Paulo)
- Elevador Lacerda (Salvador)
- Estádio do Pacaembu (São Paulo
- Estação Central do Brasil (Rio de Janeiro)
Onde encontrar prédios Art Déco em São Paulo?
Em regiões habitadas há décadas em São Paulo, como Higienópolis, Santa Cecília, Vila Buarque e centro histórico, há diversos edifícios residenciais que possuem características inspiradas no Art Déco, principalmente em seus cantos curvados e nas fachadas, com letras retas e espaçadas.
Recentemente, em julho de 2018, a Prefeitura da cidade tombou quatro edifícios desse estilo de arte devido ao seu valor histórico: Edifício Lunice, Prédio da Rua Rosa e Silva, Edifício Maria Teresa e Edifício Tupã.
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