Mercado imobiliário se adapta a imóveis para apenas uma pessoa. Alta dos juros esfria captação dos fundos de investimentos imobiliários. QuintoAndar acelera recorrência de negócios com corretores.
Mercado imobiliário se adapta a imóveis para apenas uma pessoa
O Censo Demográfico do IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística) revelou que 13,7 milhões de brasileiros vivem sozinhos. Esse fenômeno tem provocado transformações no mercado imobiliário, com a proliferação de empreendimentos voltados para esse público.
Moradores “solitários” impulsionam o mercado a oferecer soluções variadas, desde imóveis compactos em áreas centrais até opções que priorizam a qualidade de vida e o bem-estar em diferentes faixas de preço.
Em Salvador, por exemplo, os apartamentos compactos – chamados de estúdios – representaram 27% dos lançamentos em 2022, totalizando cinco mil unidades, segundo a Associação de Dirigentes de Empresas do Mercado Imobiliário da Bahia (Ademi-BA). Essas unidades, com espaços integrados e metragem entre 15m² e 40m², têm sido as mais procuradas para investimentos, com ticket médio de R$355 mil.
“Tem aumentado o número de condomínios com unidades residenciais menores e maior aposta em áreas comuns, com pet places e coworking”, revela Nilson Araújo, presidente do Conselho Regional de Corretores de Imóveis (Creci Bahia).
A pandemia de Covid-19 também influenciou essa tendência. “Com a flexibilização do trabalho híbrido ou remoto, os mais jovens passaram a viajar mais e demandar apartamentos mais compactos, que se adaptam melhor ao seu bolso e sua rotina”, explica Araújo.
Lara Ferreira, 30 anos, representa essa nova realidade. Moradora de um apartamento de dois quartos em Piatã, Salvador, ela afirma que não foi algo planejado, mas aconteceu. “Não tenho problema nenhum em viver assim. Gosto de ter meu espaço e não tenho conflitos de convivência”, argumenta.
O aumento de lares unipessoais não se restringe apenas aos jovens. O Censo 2022 mostra que 28,7% das pessoas com 60 anos ou mais moram sozinhas. No entanto, o crescimento mais significativo foi observado na faixa etária de 25 a 39 anos, passando de 8,3% em 2010 para 13,4% em 2022.
Além dos estúdios, há também no mercado imobiliário uma tendência crescente de condomínios com unidades menores e áreas comuns mais elaboradas. “Também temos visto o surgimento de condomínios com até 100 unidades residenciais, mas com áreas reduzidas, de até 28 m²”, diz Nilson Araújo, do Creci Bahia.
O especialista afirma que o mercado se adapta não apenas às novas demandas dos consumidores, mas também às mudanças socioeconômicas e culturais da sociedade brasileira. Ele conta que, entre os jovens adultos que herdam imóveis, tem sido comum desmembrar uma casa ou apartamento grande em unidades menores, onde cada filho pode morar sozinho ou investir em aluguel.
Fonte: A Tarde
Alta dos juros esfria captação dos fundos de investimentos imobiliários
A mudança na direção dos juros no Brasil e a retomada do ciclo de alta da taxa Selic provocaram uma desaceleração nas captações dos fundos de investimentos imobiliários (FIIs). Embora as captações tenham crescido em 2024, houve um esfriamento nos últimos meses, impedindo um avanço ainda maior.
De acordo com levantamento da Hedge Investments, os FIIs captaram R$31,9 bilhões de janeiro a outubro de 2024, superando o total de 2023, que foi de R$ 30,4 bilhões. No entanto, as captações mensais caíram de R$3 bilhões a R$5 bilhões no início do ano para cerca de R$1 bilhão atualmente.
“O ano foi muito volátil. De janeiro a abril, os fundos imobiliários se destacaram nas captações. Desde então o mercado ficou mais difícil, e agora estamos em uma encruzilhada”, afirma André Freitas, fundador da Hedge Investments. A mudança nas expectativas ocorreu em abril, quando o Banco Central (BC) sinalizou uma possível inversão no ciclo de juros.
Para o final de 2024 e início de 2025, espera-se um cenário mais fraco. Pedro Carraz, da XP, observa uma tendência de captações restritas aos fundos de grande porte, com patrimônio líquido acima de R$3 bilhões, e um reaquecimento das captações de fundos voltados a operações de crédito, como certificados de recebíveis imobiliários (CRIs).
Rodrigo Abbud, da VBI Real Estate, projeta oportunidades mais estreitas para fundos imobiliários de tijolo. “Para fazer alguma captação neste momento, os fundos de tijolo precisam ter um diferencial bem significativo”, pondera, citando qualidade dos ativos, estrutura da operação e prêmios para investidores como fatores diferenciais.
O cenário futuro das captações dependerá da evolução dos juros. “Se os juros recuarem, voltaremos a ver interesse dos investidores. Se ficar como está, enfrentaremos um cenário de dúvidas”,ressalta Freitas. Há um cronograma de ofertas totalizando R$24,0 bilhões, cuja concretização agora é incerta devido ao novo cenário econômico.
Fonte: Estadão Conteúdo
QuintoAndar acelera recorrência de negócios com corretores
Após anos de incertezas do mercado em relação a startups e novas empresas, o QuintoAndar se adaptou ao ceticismo e diz ver os efeitos no próprio ecossistema. É o que diz Arthur Malcon, diretor comercial da startup, em entrevista à Bloomberg Línea. De acordo com Malcon, a empresa conta com 5 mil corretores na plataforma, com um aumento de 20% em um ano.
“Estamos em um momento em que o aumento do número de negócios fechados por corretor por mês tem alavancado o crescimento, mais do que a entrada de novos profissionais na plataforma”, afirmou.
De acordo com informações do QuintoAndar, corretores associados à plataforma conseguem fechar 1,5 contrato de compra e venda por mês, entre quatro a cinco vezes a média de mercado, e 4,5 contratos de aluguel. Em números absolutos, a companhia fecha 2.200 contratos de compra e venda e 12.000 de aluguel por mês.
No total, há cerca de R$170 bilhões em 275 mil contratos ativos sob gestão do QuintoAndar, com mais de 3.500 colaboradores em seis países.
A empresa ainda investe em ferramentas de tecnologia, como CRM proprietário, análise de crédito e o uso de Inteligência Artificial para capacitação e orientação dos corretores.
Para 2025, Malcon reforça que a empresa quer desenvolver funcionalidades para a eficiência e produtividade aos corretores, partindo da premissa de que para além de parceiros do negócio, eles também são clientes.
“Sabemos que precisamos contar com os melhores corretores do mercado, aqueles que são os mais capacitados”, conclui o diretor comercial da empresa.
Bairros planejados de alto padrão ganham força no mercado imobiliário brasileiro
Empreendimentos imobiliários que combinam residências, centros comerciais, torres corporativas e amplas áreas verdes, são a nova tendência do setor imobiliário nacional. Os bairros planejados de alto padrão também seguem o conceito de “cidade de 15 minutos” do urbanista colombiano Carlos Moreno, oferecendo mobilidade e qualidade de vida.
Um exemplo é o Distritq, um bairro-design com 600 mil metros quadrados, construído em Santana de Parnaíba, no interior paulista. “A opção por um bairro planejado é porque é possível dar um tratamento mais humano ao empreendimento, interferindo diretamente em questões como segurança, mobilidade e gestão de energia e resíduos”, argumenta Felipe Chukr, CEO da Arqos.
No Sul do país, dois projetos ganharam destaques: o Cidade dos Lagos, Porto Belo (SC), da JTA Urbanismo, apresenta 1 milhão de metros quadrados e 28 mil metros “de lagos”, com as casas com vista livre para a água e a natureza. “Os lotes começarão a ser vendidos em março de 2025, com valor estimado de R$4 mil o metro quadrado”, afirma José Antunes, CEO da incorporadora.
Em Curitiba (PR), a BairrU lançou o Parc Autódromo, projetado por Jaime Lerner no antigo circuito internacional de automobilismo da cidade. “Poderíamos ter feito uma série de condomínios fechados aqui, seria muito mais fácil, mas acreditamos em propósito e legado”, afirma o CEO da empresa, Fernando Bau.
O principal atrativo desses empreendimentos são segurança 24 horas, tecnologia avançada e áreas de lazer sofisticadas. Com VGVs estimados em bilhões de reais, os bairros planejados de alto padrão prometem ser o novo filão no mercado imobiliário brasileiro.
Fonte: Valor