Dois em cada três brasileiros deixaram de fechar uma negociação imobiliária por causa do preço. Empresários da construção civil debatem sustentabilidade no setor. Mercado de alto padrão prioriza financiamento junto a fundos imobiliários.
- Dois em cada três brasileiros deixaram de fechar uma negociação imobiliária por causa do preço
- “É possível conciliar crescimento econômico e preservação ambiental”, diz Rubens Menin da MRV
- Alto padrão prioriza financiamento junto a fundos imobiliários
- Por que a profissão de corretor de imóveis atrai cada vez mais brasileiros?
Dois em cada três brasileiros deixaram de fechar uma negociação imobiliária por causa do preço
Um estudo revela o impacto do preço de um imóvel na hora de fechar uma negociação: 65% dos brasileiros (dois em cada três) já desistiram de bater o martelo e finalizar um negócio por receio relacionado ao preço, segundo pesquisa Datafolha em parceria com o QuintoAndar.
“As pessoas querem comparar preços no mesmo prédio e ter acesso a fotos para entender como o estado de conservação impacta o valor”, explica Thiago Reis, gerente de dados do Grupo QuintoAndar. O levantamento “A precificação de imóveis no Brasil” entrevistou 2.005 pessoas em todo o país, entre 27 de agosto e 12 de setembro, com margem de erro de dois pontos percentuais.
A dificuldade em obter dados precisos sobre preços adequados é um ponto de destaque da pesquisa, citada por 84% dos entrevistados. Para 56%, o preço é fator determinante na escolha de um imóvel, com 47% dos inquilinos e compradores enfrentando desafios para conciliar negócios com orçamento disponível.
Entre os interessados em alugar ou comprar, 77% iniciam a busca esperando obter desconto, com 52% almejando uma margem de negociação entre 5% e 10% do valor do imóvel.
O estudo revela ainda que os proprietários de imóveis também encontram dificuldades com a falta de dados precisos para a precificação correta. 68% dos donos de imóveis entrevistados levam até um mês para precificar um imóvel, o que mostra o desconhecimento de ferramentas como calculadoras de preço.
Outro ponto interessante do estudo é o sobrepreço: 56% dos proprietários admitem cobrar acima do real, prevendo descontos futuros na negociação. “Isso resulta em um desequilíbrio de preços que prejudica todo o ecossistema imobiliário”, alerta Reis.
Fontes: UOL e Jornal do Commercio
“É possível conciliar crescimento econômico e preservação ambiental”, diz Rubens Menin da MRV
A deterioração do clima é o maior risco de longo prazo para as carteiras de investimentos no setor imobiliário, avaliam hoje especialistas e empresários deste mercado. A descarbonização no setor imobiliário e os riscos climáticos para investimentos de longo prazo foram temas centrais no 11º Conecta Imobi 2024.
“Acreditamos que é possível conciliar crescimento econômico e preservação ambiental. A MRV sempre esteve na vanguarda das práticas sustentáveis da construção civil”, afirmou Rubens Menin, presidente do conselho de administração da MRV, durante o congresso.
A MRV reduziu em mais de 20% suas emissões de CO² nos últimos anos. Em 2023, a empresa diminuiu em 26% os gases de efeito estufa de escopo 2 e em 28% as emissões de GEE. A companhia investe em P&D para investigar materiais sustentáveis, como o uso de rejeitos de mineração em argamassas e concretos.
Menin é signatário do “Pacto Econômico com a Natureza”, iniciativa que reúne mais de 50 empresários e economistas brasileiros, visando promover um diálogo com os Três Poderes para garantir o desenvolvimento econômico sustentável do país.
Entre os debates do evento – que discutiu também construções sustentáveis e casas modulares – ficou claro que o setor imobiliário demonstra um compromisso crescente com o tema, buscando equilibrar desenvolvimento econômico e responsabilidade ambiental.
O empresário Nicolaos Theodorakis, CEO e fundador da Noah Tech, afirmou que ativos imobiliários sustentáveis tendem a se valorizar mais ao longo do tempo. “A velocidade desse processo por aqui depende de quanto o mercado vai exigir, e de incentivos em paralelo. Alguns estados estão cogitando redução de impostos municipais para incentivar construções sustentáveis. Vejo também o poder público passando a exigir balanços de carbono como condição para aprovação de obras em breve”, afirma.
Luiz França, presidente da Associação Brasileira de Incorporadoras Imobiliárias (ABRAINC), enfatizou que o compromisso com o ESG – sigla em inglês para Environmental, Social and Governance, que em português significa “Ambiental, Social e Governança” – se tornou um diferencial competitivo e uma exigência de investidores e consumidores.
Para ajudar as construtoras a atuarem de maneira mais eficiente na implantação de projetos sustentáveis, a entidade lançou a 3ª edição do e-book “ESG na Prática”. O material reúne dados sobre o crescimento da agenda ESG no mundo corporativo e cases de sucesso de empresas associadas.
Fonte: Revista Lide
Alto padrão prioriza financiamento junto a fundos imobiliários
Incorporadoras de alto padrão em São Paulo têm optado pelo mercado de capitais para financiar empreendimentos. Os fundos de investimento imobiliário (FIIs), letras de crédito imobiliário (LCI) e certificados de recebíveis imobiliários (CRI) têm sido as alternativas preferidas em relação aos bancos tradicionais.
Um estudo da Associação Brasileira das Entidades de Crédito Imobiliário e Poupança (Abecip) confirma essa tendência com inversão significativa nas fontes de recursos para o setor. Em 2020, recursos do Sistema Brasileiro de Poupança e Empréstimo (SBPE) representavam 47% do financiamento. Em 2023, caíram para 31%. Em dezembro de 2023, o volume de recursos do mercado de capitais para crédito imobiliário superou a poupança pela primeira vez.
“Buscar um fundo imobiliário é nossa primeira opção de financiamento. Cerca de 90% dos nossos projetos têm sido feitos assim”, revela Bruna Afonso, diretora de Incorporação da Construtora Adolpho Lindenberg. A executiva destaca que essa estratégia traz benefícios além do financeiro.
A Kinea Investimentos, parceira de Lindenberg há 17 anos, tem observado um aumento significativo na demanda por produtos do segmento de alto padrão. Marcel Chalem, head de Estratégia de Desenvolvimento Imobiliário da empresa, explica que a gestora teve que adaptar sua equipe para atender essa demanda crescente.
“Apesar de vender investimento, temos um time com mais tijolo nas veias do que histórico de mercado financeiro. Isso faz muita diferença na hora de discutir projetos e produtos.”
A Kinea Investimentos afirma que houve um aumento na procura por parcerias no mercado imobiliário de alto padrão. A gestora possui R$33 bilhões voltados ao mercado imobiliário, de um total de R$132 bilhões em carteira.
O impacto dessa mudança se estende além das incorporadoras e gestoras de fundos. Pablo Slemenson, da PSA Arquitetura, vê com bons olhos a participação das gestoras no desenvolvimento imobiliário. Para ele, a chegada dos fundos “trouxe uma visão de viabilidade permanente sobre os projetos que é muito saudável.”
O apoio dos fundos desde o início dos projetos tem chamado a atenção deste mercado. Segundo André Fakiani, CEO da Global Realty Brasil (GBR), a empresa trabalha com a gestora Captal, que financia 17 projetos com VGV estimado de R$1,2 bilhão.
Fonte: Valor Econômico
Por que a profissão de corretor de imóveis atrai cada vez mais brasileiros?
A carreira de corretor de imóveis disparou no Brasil, com um aumento de 28% no número de profissionais entre 2019 e 2024, segundo dados da PNAD Contínua analisados pelo DataZAP. A autonomia, flexibilidade de horários, afinidade com a profissão e retorno financeiro são os principais fatores que motivam a entrada no setor.
Embora não exija diploma, a profissão é regulamentada e requer autorização do CRECI (Conselho Regional de Corretores de Imóveis), e os profissionais que se destacam sabem da importância da especialização. “A venda de imóveis é muito complexa e tem centenas de variáveis que podem ser decisivas em uma negociação além do simples valor”, Diogo Souza Gomes, de uma imobiliária em Juiz de Fora (MG).
A carreira oferece oportunidades para iniciantes e experientes, com possibilidade de especialização em nichos específicos. Rafael Nader, VP de Imóveis do Grupo OLX, ressalta o impacto da tecnologia. “O mundo está mudando muito rápido e a exigência dos consumidores também, o que exige que o corretor esteja preparado para usar as tecnologias corretas”.
Entre os desafios da carreira, especialistas destacam a falta de segurança financeira e o esforço contínuo para captar clientes. E o faturamento varia conforme o mercado e a especialização do profissional.
Além de habilidades de negociação, os clientes esperam suporte na parte burocrática e de documentação, com 45% dos entrevistados considerando esse aspecto importante na contratação de um corretor.
Fonte: Infomoney