Após enchentes e quatro meses de altas históricas, aluguel em Porto Alegre cai 1,16% em outubro. Com mudanças no financiamento da Caixa e Plano Diretor, o que esperar do mercado imobiliário em 2025? Aumento na retomada de bens por falta de pagamento cria imobiliária focada em imóveis de leilões.
- Preço do aluguel em Porto Alegre cai pela 1ª vez desde enchentes
- O que esperar do mercado imobiliário em 2025? Veja análises para Belo Horizonte, Goiânia, Curitiba, Brasília, Salvador e Recife
- Aumento de retomada de bens por falta de pagamento cria imobiliária focada no mercado de leilões
- Incorporadoras mantêm crescimento, mas cenário econômico preocupa
Preço do aluguel em Porto Alegre cai pela 1ª vez desde enchentes
Após quatro meses de altas sucessivas, o mercado de locação em Porto Alegre apresentou uma redução de 1,16% nos preços em outubro. Essa é a primeira queda registrada na capital do Rio Grande do Sul desde os efeitos da enchente em junho, conforme dados divulgados pelo QuintoAndar.
Os meses de julho e agosto foram marcados por aumentos de 3,45% e 3,85%, os maiores já observados pela série do Índice de Aluguel QuintoAndar Imovelweb, que começou em 2019. Em setembro, a alta desacelerou para 0,35%, antes da queda em outubro, quando o valor médio do metro quadrado caiu para R$ 36,84, comparado aos R$ 37,27 do mês anterior.
Segundo Thiago Reis, gerente de dados do grupo, os números “consolidam uma mudança no mercado de locação de Porto Alegre, percebida a partir de setembro. O que se vê agora é uma reacomodação dos valores, algo natural”.
A pesquisa indica também que todos os tipos de imóveis monitorados tiveram redução de preço em outubro. As residências de três quartos foram as mais afetadas, com uma queda de 1,78%, chegando a R$ 34,89 por metro quadrado.
Quase metade dos bairros da cidade, 20 de 42, registrou diminuição nos preços. As áreas mais altas e distantes das regiões afetadas pela enchente continuam a ser as mais procuradas.
Apesar da redução em outubro, o crescimento acumulado dos preços nos últimos 12 meses ainda é de 16,86%, abaixo dos 20% observados em agosto.
Fonte: Zero Hora
O que esperar do mercado imobiliário em 2025? Veja análises para Belo Horizonte, Goiânia, Curitiba, Brasília, Salvador e Recife
O mercado imobiliário brasileiro enfrenta mudanças significativas em 2024, com destaque para as alterações no financiamento pela Caixa Econômica Federal e mudanças em leis urbanísticas municipais (Plano Diretor), que preocupam o setor. Enquanto o preço de compra de imóveis continua em alta, o valor dos aluguéis começa a mostrar sinais de desaceleração.
Os preços de venda de imóveis nas principais capitais do Brasil subiram 7,15% até setembro de 2024, superando a taxa de 5,3% do ano anterior, a mais alta desde 2018, o Índice FipeZAP de Vendas. Em contraste, o mercado de locação desacelerou, com um aumento de 13,7% nos últimos 12 meses, comparado a 16,2% no ano anterior.
Em Belo Horizonte, após um período de estagnação, os preços de venda aumentaram 11,3% até setembro de 2024, acima da média nacional. A demanda reprimida impulsionou as vendas, segundo Cassia Ximenes, presidente do Sindicato de Habitação de Minas Gerais. No entanto, mudanças futuras devido às restrições de crédito e ao Plano Diretor, que podem afetar o mercado em 2025.
Ela destaca que a outorga onerosa para novas construções é muito alta e pode levar construtoras a migrar para cidades vizinhas, como Nova Lima. “Em BH, tivemos uma evasão populacional de 70 mil pessoas”, explica Ximenes, lembrando ainda que o período de revisão do plano está próximo, e o mercado pretende propor ajustes para manter as construtoras em Belo Horizonte.
Em Goiânia, conhecida como a “capital do agro”, os aluguéis desaceleraram após um forte aumento de 32,8% em 2023. A variação de 12 meses até setembro de 2024 mostra aumento de 17,2%, uma virada bruta, já que os valores vinham subindo desde 2019. Por outro lado, com o agro ainda forte e sendo o principal investidor no setor na capital, as perspectivas são positivas.
“O mercado de locação está tão aquecido que a demanda supera a oferta. As imobiliárias praticamente não têm estoque para atender as pessoas”, ressalta Benjamin Ragonezi, vice-presidente do Secovi-GO. Para contornar a situação, o Secovi trabalha para que investidores e construtoras passem a disponibilizar mais imóveis para locação.
A capital paranaense, Curitiba, registrou um aumento de 16,3% nos preços de venda nos últimos 12 meses, o maior entre as capitais analisadas pelo FipeZAP. Luciano Giongo Tomazini, do Secovi-PR, atribui essa recuperação à alta renda e novos lançamentos, principalmente em bairros nobres como o Batel. Para ele, a dinâmica de juros altos pode também fortalecer o mercado de locação no próximo ano.
Em Brasília, o mercado de locação mantém um crescimento constante, com alta de 15,4% no preço do metro quadrado nos últimos 12 meses até setembro de 2024. Ovídio Maia, presidente do Sindicato da Habitação do Distrito Federal (Secovi-DF), atribui essa tendência a um realinhamento de preços após as concessões feitas durante a pandemia. Durante esse período, muitos proprietários evitaram reajustes para manter os inquilinos.
O mercado de locação em Brasília deve manter a trajetória de crescimento vista nos últimos anos em 2025. Maia prevê que o realinhamento dos preços continuará à medida que os contratos de locação forem renovados. A demanda persistente por apartamentos de um e dois dormitórios indica que o setor de locação continuará atraente para investidores e famílias em busca de segurança patrimonial.
Salvador deverá continuar explorando o potencial de bairros em expansão, como Ondina, que já superou regiões tradicionais em termos de preço de aluguel. Claudio Cunha, da Associação de Dirigentes de Empresas do Mercado Imobiliário da Bahia, destaca que a oferta de novos empreendimentos pode atrair ainda mais demanda, especialmente devido à proximidade com áreas turísticas e eventos culturais, consolidando a valorização imobiliária na cidade.
Já o mercado de locação no Recife deve enfrentar 2025 com expectativa de estabilização de preços. Novos lançamentos e melhorias nas condições de crédito poderão aliviar a pressão em áreas valorizadas. No entanto, a demanda por aluguéis deve permanecer robusta, enquanto os juros elevados continuam a tornar a compra de imóveis menos acessível, favorecendo a locação como alternativa viável.
Fonte: Exame
Aumento de retomada de bens por falta de pagamento cria imobiliária focada no mercado de leilões
O aumento nas vendas de imóveis trouxe um efeito inesperado: um crescimento na quantidade de bens retomados por falta de pagamento, o que impulsionou o mercado de leilões. Nesse cenário, a empresa mineira Smart Leilões lançou a Smart Link, uma plataforma focada na venda de imóveis retomados.
Lançada neste semestre, a Smart Link já possui cerca de 1 mil imóveis em seu portfólio e planeja expandir para entre 2,5 mil e 3 mil unidades no próximo ano. A empresa conecta compradores a proprietários que adquiriram imóveis em leilão.
Diferente de uma imobiliária tradicional, a plataforma utiliza inteligência artificial (IA) para facilitar o contato direto entre comprador e vendedor, sem intermediários. “Nosso braço imobiliário nasceu para que os investidores consigam vender imóveis mais rapidamente, pelo melhor preço”, explica Renan Lopes, cofundador da Smart Leilões.
A maioria dos imóveis disponíveis são residenciais, localizados nas regiões Sul e Sudeste, com valor médio de R$ 500 mil. Esses imóveis, já desocupados e sem pendências legais, representam oportunidades de negociação flexível e preços atrativos para compradores.
Fonte: Estadão
Incorporadoras mantêm crescimento, mas cenário econômico preocupa
O setor de incorporação imobiliária apresentou sólidos resultados no terceiro trimestre de 2024. Um levantamento do Valor Data com 31 incorporadoras de capital aberta revelou um aumento de 287% no lucro líquido consolidado e um crescimento de 25,6% na receita em relação ao ano anterior. Contudo, o desempenho econômico não refletiu nas ações das empresas, devido ao cenário macroeconômico desafiador.
Mesmo com resultados acima das expectativas, caso da Cyrela, as ações da empresa caíram 3,06% após a divulgação. A MRV, que registrou prejuízo, sofreu uma queda de 7,07%, a maior do Ibovespa naquele dia. Gustavo Cambaúva, do BTG Pactual, aponta “exagero” nas reações do mercado, destacando que o impacto dos juros elevados e restrições ao crédito afetam as percepções.
Apesar das dificuldades, Victor Tapia, analista do UBS, observa que a demanda persiste, sem necessidade de descontos. A economia forte e bons indicadores de emprego contrabalançam os desafios de juros e inflação. Para ele, fica a dúvida de até quando essa resiliência vai continuar.
Empresas como Lavvi, Trisul e EZTec destacaram-se no segmento de média e alta renda. No programa Minha Casa, Minha Vida (MCMV), o orçamento de 2025 foi garantido, e a Caixa reduziu o uso do Fundo de Garantia por Tempo de Serviço (FGTS) para imóveis usados, o que beneficiou empresas como MRV, Cury e Direcional. A Tenda surpreendeu positivamente com a recuperação da margem bruta.
A inflação do setor é maior que no ano anterior, mas as incorporadoras têm ajustado preços de forma eficaz. Cambaúva considera a inflação de 5% a 6% aceitável para o Brasil, e analistas observam que as empresas mantêm a rentabilidade. Programas habitacionais municipais e estaduais, que oferecem subsídios ao MCMV, têm sido celebrados por executivos e analistas, ajudando a fortalecer o setor.
Fonte: Valor Econômico