Juros elevados reduzem interesse em investimentos imobiliários. Aluguel se torna opção permanente para brasileiros, com mais de 60% dos jovens desacreditando na compra da casa própria. Inadimplência de aluguel permanece elevada no início de 2025.
Juros elevados reduzem interesse em investimentos imobiliários
O mercado imobiliário brasileiro registrou queda nas aquisições com finalidade de investimento em 2024, segundo o relatório Raio-X FipeZap. O interesse em comprar imóveis para investir caiu de 49% para 39% dos compradores ao longo do ano, acompanhando a alta da taxa básica de juros (Selic).
“A queda na participação de transações classificadas como investimento pode estar relacionada com o aumento da Selic, que afeta a taxa de remuneração de investimentos alternativos ao investimento em imóveis”, explica Paula Reis, economista do DataZap.
O financiamento imobiliário para investidores tem taxas atreladas à Selic. Nos últimos 12 meses até dezembro, o interesse em alugar imóveis adquiridos subiu de 59% para 79%, recorde histórico do índice.
O relatório também mostra recuo nas intenções de compra para moradia nos próximos três meses, atingindo 39% dos entrevistados, próximo à média histórica de 38%.
Para a coordenadora de projetos da construção do FGV/Ibre, Ana Maria Castelo, o investidor está fazendo uma conta financeira na hora de decidir onde colocar seu dinheiro. “Se, em vez de comprar o imóvel e pôr para alugar, você colocar o dinheiro no mercado financeiro, vai ter uma rentabilidade muito maior”, explica.
Contudo, a especialista pondera que investir em imóveis ainda tem sido uma busca segura. “Há quem invista em imóveis, a despeito de tudo, porque imóvel é (sinônimo de) segurança”.
A Reforma Tributária também pode influenciar investidores, com possível tributação de CBS (Contribuição sobre Bens e Serviços) e IBS (Imposto sobre Bens e Serviços) para aluguéis acima de R$ 240 mil anuais.
Para definir se vale a pena comprar para alugar, é preciso considerar fatores como taxa de vacância, valorização do imóvel, localização, demanda da região, custos de manutenção e tributação antes de optar por esse tipo de investimento, apontam especialistas.
Luciana Maia, professora de Finanças da Fipecafi, destaca que imóveis não oferecem rentabilidade garantida e recomenda um planejamento financeiro cuidadoso. O investimento em imóveis é considerado menos volátil que o mercado acionário e pode ajudar a preservar o poder de compra, pois os preços e aluguéis geralmente acompanham a inflação.
Para calcular a rentabilidade, é necessário considerar impostos, manutenções, reformas e uma reserva para períodos de vacância ou inadimplência. O “yield” de aluguel, que mostra a rentabilidade anual em relação ao valor do imóvel, pode variar entre 0,3% e 0,6% em grandes cidades como São Paulo e Rio de Janeiro.
A recomendação é avaliar cuidadosamente a localização, custos com impostos e taxas, valor médio de aluguéis na região, taxas de juros (em caso de financiamento) e potencial de valorização antes de investir em imóveis. Também é importante considerar o investimento no longo prazo, pois a valorização tende a ocorrer ao longo dos anos.
Fontes: Estadão e Valor Investe
Aluguel se torna opção permanente para brasileiros, revela pesquisa
Mais de 60% dos jovens brasileiros acreditam que não conseguirão uma moradia própria, apesar de 73% sonharem com isso, aponta estudo da Ipsos (empresa global de pesquisa de mercado). Segundo levantamento inédito, 62% deste público consideram mais difícil comprar um imóvel hoje do que há 12 anos.
A pesquisa “Ipsos Housing Monitor 2025”, realizada com 22.279 pessoas em 29 países, mostra que 69% dos brasileiros afirmam que os preços de compra subiram nos últimos 12 meses, e 68% acreditam que continuarão aumentando.
Diante das dificuldades, muitos permanecem no aluguel. Entre os inquilinos, 76% gostariam de comprar uma casa, mas 36% acreditam que nunca terão condições financeiras para isso.
“O imóvel continua sendo visto como um símbolo de estabilidade e pertencimento, mesmo com os desafios econômicos”, afirma Marcos Calliari, CEO da Ipsos no Brasil.
A localização é o critério mais importante na escolha de um imóvel para 44% dos entrevistados, seguida por baixa criminalidade (38%) e custo-benefício (34%). A preferência por morar em centros urbanos aumentou: 31% desejam casas dentro das cidades e 29% optariam por apartamentos bem localizados.
Apesar da maioria dos brasileiros jovens ser pessimista em relação à casa própria, comparado a outros países, o Brasil apresenta números otimistas. No restante do mundo, 70% dos jovens acreditam que não conseguirão comprar um imóvel.
Fonte: Exame
Inadimplência de aluguel caiu em janeiro, mas permanece elevada no início de 2025
O Índice de Inadimplência Locatícia da Superlógica, que monitora 800 mil imóveis, revelou que a taxa de atraso no pagamento de aluguéis fechou janeiro em 3,44%, uma leve queda de 0,02 ponto percentual em relação a dezembro. Apesar da redução, este é o segundo maior nível de inadimplência desde junho de 2024.
A região Norte apresentou a maior taxa de atraso (6,77%), seguida pelo Nordeste (5,26%), Centro-Oeste (3,93%), Sudeste (3,07%) e Sul (2,77%). O estudo considera inadimplentes aqueles com boletos em atraso há mais de 60 dias.
Segundo Manoel Neto, diretor de negócios da Superlógica, o orçamento das famílias está pressionado pelas projeções de aumento na inflação, as taxas de juros, além dos gastos típicos do início do ano, como IPVA, IPTU e despesas escolares. “Desta forma, até mesmo o pagamento de uma despesa essencial como o aluguel é afetada”, explica.
Em relação ao tipo de imóvel, a inadimplência de apartamentos caiu de 2,36% para 2,33%, e a de casas, de 3,85% para 3,75%. A maior taxa de atrasos foi observada na faixa de aluguel acima de R$ 13 mil (5,80%), seguida pelos imóveis de até R$ 1 mil (5,34%).
Apesar da inadimplência locatícia ser um forte indicador de que a situação econômica da população não está saudável, os dados de 2024 ainda mostram resiliência do mercado. “O setor se manteve estável mesmo com o Brasil enfrentando situações de calamidade, como as enchentes no Rio Grande do Sul e as queimadas no centro-oeste”, diz.
Em relação aos imóveis comerciais, a faixa de até R$ 1 mil trouxe a maior taxa de atraso (6,97%), e a menor foi na faixa de R$ 1 mil a R$ 2 mil (3,92%). Em 2024, os imóveis comerciais tiveram taxas de inadimplência mais altas do que os residenciais.
Fonte: Valor Investe
Retomada de imóveis por bancos atinge maior estoque em quatro anos
O estoque de imóveis retomados pelos bancos atingiu o maior nível em quatro anos, chegando a R$ 79 bilhões até novembro de 2024, segundo dados do Banco Central. Esse valor representa um aumento de 10% em relação ao mesmo período de 2023 e 20% acima do fim de 2022, equivalendo a um terço do valor de todos os empreendimentos lançados no Brasil no último ano.
Por outro lado, especialistas afirmam que esse aumento é um efeito “natural” da expansão das vendas e financiamentos nos últimos anos, não representando uma crise como a observada na última década.
A Caixa Econômica Federal, responsável por dois terços dos financiamentos no país, registrou um crescimento significativo no estoque de imóveis retomados: de 20,2 mil unidades em 2022 para 50,4 mil em 2024, um aumento de 150%. Para manter esse estoque, a Caixa gastou R$ 443 milhões com IPTU, condomínio e outros encargos em 2024.
Após a retomada pelos bancos, os imóveis passam por até dois leilões. No primeiro, são ofertados pelo valor de mercado; no segundo, pelo valor da dívida mais custos processuais, com descontos que podem chegar a 70%. Se não forem vendidos, vão para os estoques dos bancos como Bens Não de Uso Próprio (BNDUs).
Em termos relativos, a proporção BNDUs em relação ao tamanho da carteira de crédito imobiliário caiu para 6,8% no fim de 2024, o menor patamar em quase uma década. Para o presidente da Associação Brasileira das Entidades de Crédito Imobiliário e Poupança (Abecip), Sandro Gamba, o aumento do estoque não é preocupante. “O aumento dos BNDUs vem em decorrência disso. Não tem pressão. É algo natural”, acrescenta Gamba.
O ambiente de juros elevados pode complicar a liquidação desses imóveis, mas no momento, não há risco significativo de bolha. A atenção se concentra em como o saldo evoluirá. Além disso, a inadimplência no financiamento imobiliário atingiu 1,54% em 2023, com maior elevação nos financiamentos que utilizaram o FGTS.
Fonte: Estadão