74% do mercado imobiliário vê ambiente positivo, diz pesquisa inédita. Ministro das Cidades diz que MCMV deve receber reforço de R$1 bi em 2025. No RS, setor imobiliário passa por reconfiguração como consequência das enchentes de maio.
- 74 por cento do mercado imobiliário vê ambiente positivo, aponta pesquisa inédita
- Minha Casa, Minha Vida deve receber reforço de R$1 bilhão em 2025, diz ministro das Cidades
- Setor imobiliário do RS passa por reconfiguração após tragédia climática
- Incorporadoras pequenas transformam terrenos ‘rejeitados’ em SP em oportunidade
74 por cento do mercado imobiliário vê ambiente positivo, aponta pesquisa inédita
Mesmo diante das incertezas econômicas, com cenário de inflação e juros em alta, players do mercado imobiliário se mantêm otimistas, revela o Termômetro Imobiliário, estudo realizado pela Brain Inteligência Estratégica em parceria com o GRI Club. Segundo a pesquisa, 74% dos líderes do setor acreditam que o mercado imobiliário deve melhorar nos próximos 12 meses.
Quanto à economia em geral, 61% dos entrevistados esperam que permaneça estável no mesmo período. Apenas 14% preveem um cenário econômico pior ou muito pior, enquanto 23% antecipam melhora. O levantamento foi feito no 4º trimestre.
Os dados indicam percepção de estabilidade, especialmente quando comparados à pesquisa feita no primeiro trimestre, quando 24% (-1%) dos respondentes esperavam um cenário melhor e 28% (-14%) previam piora.
“Com a desaceleração da economia, seria natural que o otimismo com o mercado imobiliário também caísse, mas, na prática, ele aumenta. A estabilização da Selic ajuda a fomentar este cenário”, afirma Gustavo Favaron, CEO do GRI Club.
O estudo aponta que 72% dos empresários esperam resultados melhores para seus negócios no próximo ano, com 67% já planejando investimentos ou expansão.O segmento residencial lidera as oportunidades (65%), seguido por galpões (58%) e loteamentos (40%).
As principais dificuldades do setor também foram questionadas, com os os custos de produção sendo destacados por 65% dos entrevistados e a alta taxa de juros por 93%.
Neste sentido, Favaron prevê uma possível queda de ânimo no próximo trimestre, já que a alta taxa de juros e o custo dos materiais devem se refletir nos preços. Ele explica ainda que a pesquisa foi realizada antes das recentes mudanças no financiamento imobiliário.
“Possivelmente, veremos uma desaceleração leve na velocidade de venda dos lançamentos, seguida por uma alta de preços. A demanda restringida para a aquisição de imóveis também pode fazer o preço dos alugueis subir”, argumenta Favaron. A Caixa Econômica Federal (CEF) anunciou novas regras, incluindo o limite de R$1,5 milhão para compra ou venda e a redução das cotas de financiamento para até 70% do valor do imóvel.
“Se o índice de confiança e os juros sobem, o valor da parcela dos financiamentos também sobe. E se o consumidor se sente inseguro, ele adia a compra do imóvel. É um ciclo”, alerta.
Fonte: Estadão
Minha Casa, Minha Vida deve receber reforço de R$1 bilhão em 2025, diz ministro das Cidades
O Ministério das Cidades planeja novos investimentos para o setor habitacional em 2025. Em entrevista ao Grupo Liberal, o ministro Jader Filho revelou negociações em andamento para obter R$1 bilhão adicionais para o programa Minha Casa, Minha Vida (MCMV).
“Estamos em diálogo com o conselho curador pedindo mais um adicional, de mais um bilhão, para que as contratações do programa Minha Casa, Minha Vida (MCMV) permaneçam também no mesmo ritmo e para o ano que vem nós temos mais R$ 126 bilhões para atender a demanda do programa”, afirmou.
Jader Filho assegurou que o programa não será afetado pelas recentes limitações nas regras de financiamento da Caixa Econômica Federal (CEF). O MCMV já atingiu a meta deste ano, dois meses antes do previsto, e até 2026 espera-se chegar a 2 milhões de unidades habitacionais contratadas.
O ministro argumentou que as novas limitações da Caixa são reflexo das altas taxas de juros, que reduzem os depósitos na poupança e, consequentemente, o poder de investimento em financiamentos. “A Caixa está buscando alternativas, já que é cada vez mais escasso investimentos e financiamentos privados para aquisição de imóveis”, disse Jader Filho.
Fonte: O Liberal
Setor imobiliário do RS passa por reconfiguração após tragédia climática
As enchentes que assolaram o Rio Grande do Sul entre setembro de 2023 e maio de 2024 causaram um impacto significativo no mercado imobiliário local, modificando a dinâmica antes da trágédia. Segundo levantamento do Secovi-RS (Sindicato da Habitação), imóveis em áreas afetadas sofreram desvalorização, enquanto propriedades em locais seguros tiveram aumento de preço.
Em Porto Alegre, cerca de 1.413 imóveis (13% do total disponível) apresentaram redução de preços em setembro, com queda média de 9% em relação a abril. O bairro Menino Deus, um dos mais antigos e nobres da capital gaúcha, foi o mais afetado pela desvalorização.
Pontos comerciais, já impactados pela pandemia de Covid-19, sofreram quedas ainda maiores, entre 11% e 12% nos preços de venda. “As pessoas estão tentando voltar à normalidade, independente de enchente, confiando que vão alugar de novo, que vão conseguir vender. O problema é que os estabelecimentos comerciais estão demorando muito a voltar ao que era, e o que é pior, muitos negócios fechados e que estão para alugar de novo”, avalia o presidente do Secovi-RS, Moacyr Schukster.
A desvalorização dos imóveis impõe desafios às famílias, incluindo perda patrimonial e possível dificuldade de acesso a crédito. Em alguns casos, unidades financiadas podem valer menos do que a dívida total contratada junto ao banco. Além disso, a queda nos valores reduz as garantias disponíveis para novos empréstimos, dificultando o acesso ao crédito para recuperação ou mudança.
Já as áreas consideradas seguras contra enchentes registraram aumento nos preços, diante da alta demanda. Esse fenômeno cria um dilema para as famílias afetadas: enfrentam a desvalorização de suas propriedades atuais e, ao mesmo tempo, deparam-se com preços mais altos ao buscar imóveis em áreas seguras. “O prognóstico não é muito alvissareiro. Mas a gente tem que confiar na falta de memória das pessoas”, lamenta Schukster.
Os preços de venda residencial na capital gaúcha acumularam alta de 4,32% no ano até setembro e de 6,33% em 12 meses, segundo o FipeZap. O aumento foi impulsionado principalmente por bairros afastados do Guaíba, e que não foram afetados pelas cheias, como Rio Branco, Bela Vista, Mont’Serrat e Petrópolis.
No mercado de alugueis, o aumento foi ainda mais expressivo, atingindo 25,5% em 12 meses, superando a média de 13,75% observada nas 36 cidades monitoradas no Brasil. Alison Oliveira, coordenador do índice FipeZAP, atribui parte desse aquecimento à injeção de recursos para a reconstrução das cidades afetadas.
Embora os dados sejam mais limitados para o interior do estado, relatos de moradores e empresários sugerem dinâmica semelhante no setor imobiliário. Em Roca Sales, a funcionária pública Valquíria Regina Bazanella relata a desvalorização drástica de sua propriedade. “Aqui tinha proposta de mais de R$ 1 milhão. Agora não vale nada”. Ela também observa que “um terreno que era R$ 100 mil agora está R$ 200 mil. Dobrou [de preço] depois da enchente, todo mundo está procurando”.
Fonte: Folha de S.Paulo
Incorporadoras pequenas transformam terrenos ‘rejeitados’ em SP em oportunidade
Empresas focadas em projetos pequenos estão aproveitando terrenos descartados por grandes incorporadoras devido a restrições de zoneamento ou tamanho em São Paulo. A Tico, fundada por Rafael Fiorotto, já construiu três prédios com 12 a 30 apartamentos, utilizando terrenos a partir de 212 m².
A Só Predinhos, empresa familiar da arquiteta Inês Bonduki, está desenvolvendo um projeto com seis apartamentos em um terreno de 500 m² na Vila Madalena, em uma Zona Predominantemente Residencial (ZPR) com limite de altura de 10 metros. “Alguns estudos de arquitetura mostram que prédios com até 6 ou 7 andares mantêm a humanidade do espaço, porque quem está lá em cima consegue ver a rua, as pessoas”, afirma Bonduki.
A Cube,Inc., liderada por Octávio Moreira, foca em condomínios de casas, tendo construído 12 projetos na cidade. O menor deles ocupa um terreno de 380 m² em Higienópolis, com 5 residências. As casas variam de 120 m² a mais de 250 m², com preços a partir de R$2 milhões.
Existem também os desafios, com mudanças recentes no zoneamento e Plano Diretor, que expandiram áreas com zoneamento mais permissivo, aumentando a competição por terrenos antes considerados problemáticos. Apesar disso, os empresários afirmam que ainda há oportunidades na cidade para projetos alternativos que atendam à demanda por empreendimentos menores e mais exclusivos.
Fonte: Valor