Ao pensar nos lugares em que você já morou na vida, é possível ver que cada um marcou uma época. Da infância, costumamos lembrar do quintal dos avós e da varanda dos pais. A primeira casa própria, adquirida quando você ganhou a primeira promoção no trabalho ou quando se casou, era pequena e mal iluminada, mas rendeu boas recordações.
Depois vieram a crianças e a família se mudou para um apartamento maior. Mas quando os filhos saíram de casa, ou você passou por um divórcio, já não fez mais sentido ter todo aquele espaço.
Mudar para um apartamento menor não é o fim do mundo – pelo contrário! Ao encarar a experiência como um bom desafio, você desenvolve uma das principais características do ser humano: a capacidade de se adaptar rapidamente a novas realidades. Ter mais espaço tem vantagens e desvantagens, e isso também vale para apartamentos pequenos.
Checklist: como organizar uma mudança
Não ficar de cabelos em pé ao se mudar para um apartamento menor é bem mais fácil do que se imagina. Basta compreender o passo a passo de como organizar uma mudança. É o planejamento que vai evitar que se gaste tempo com etapas desnecessárias ou repetitivas.
A primeira atitude é criar um checklist da mudança, uma lista de tarefas que vai guiar todo o processo. Nela devem constar os afazeres que precisam ser realizados, como comprar caixas de papelão, fita adesiva e plástico bolha, além das datas em que cada tarefa precisa ser finalizada.
Isto feito, parta para o inventário. Em uma folha de papel ou planilha no computador, catalogue tudo o que você tem, de livros a utensílios de cozinha, passando pelas roupas também. Com essas informações disponíveis, você vai se dar conta de tudo o que possui e vai ser mais fácil pensar no que vai querer vender ou doar antes de se mudar.
A arquiteta e sócia do JMA Estúdio, Bianca Atalla, aconselha que também se faça um estudo de layout para definir a configuração dos móveis nos ambientes do apartamento. Ela afirma que, desta forma, é possível definir se as peças que serão levadas para o novo imóvel serão compatíveis com o espaço.
“Móveis maiores como, por exemplo, sofás e mesas de jantar nem sempre se encaixam e, se não possuírem medidas adequadas para os novos espaços, podem acabar prejudicando o fluxo e implicando no não aproveitamento de todo o potencial do apartamento”, avisa a arquiteta.
Bianca Atalla aponta que aparadores, mesas laterais, cadeiras, luminárias, criados-mudos e tapetes – os chamados móveis soltos e menores – costumam ser mais fáceis de serem reaproveitados no apartamento menor. A mudança pode ser o momento ideal para fazer uma boa reforma na peça, com um novo acabamento ou pintura, bem no estilo faça você mesmo.
Família vende tudo: dê um novo lar a móveis e objetos
Quem não se lembra do enredo de Toy Story, no qual os brinquedos Woody e Buzz Lightyear enfrentam altos e baixos para não serem deixados para trás durante a mudança da família? É claro que tudo deu certo para eles no final, mas na sua mudança para um apartamento menor a história precisa ser outra.
Para que a mudança seja bem sucedida, será preciso se desfazer de alguns vínculos com móveis e objetos. Com um pouco de disposição, é possível até receber uma “reparação financeira” pela chateação de cortar o excesso de objetos.
Organize um período de vendas para o que não entrará no seu caminhão de mudança – o chamado “família vende tudo”. Há empresas especializadas que podem ajudar na organização e no gerenciamento das vendas, mas também dá para tocar tudo sozinho: coloque uma faixa na frente de casa avisando que está acontecendo o “família vende tudo”, divulgue em suas redes sociais ou invista em uma divulgação boca a boca prévia.
A Loft já organizou seu próprio Família vende tudo. Veja como foi!
Como morar bem em um apartamento menor
Planejar cada ambiente do novo lar garante que todos os cantos do apartamento menor serão aproveitados. Se você cozinha pouco, não tem necessidade de ter um fogão de cinco ou seis bocas na cozinha e de guardar tantas panelas, utensílios e potes. Se recebe visitas de vez em quando e sua família é pequena, talvez não precise de uma mesa para seis lugares.
Este tipo de pensamento favorece a organização da casa, fundamental quando se vai morar em um apartamento menor. “Organização se torna uma característica muito importante e quase que prioritária para apartamentos pequenos. Objetos espalhados e sem um lugar específico para serem guardados acabam passando a impressão de que o ambiente é menor do que é”, explica Bianca Atalla.
A dica da arquiteta é fazer um planejamento dos móveis e armários, atribuindo um espaço para cada tipo de objeto, e praticar o desapego com itens que não farão falta na rotina da casa. “Para auxiliar na transição para um apartamento menor, uma marcenaria bem pensada garante o aproveitamento máximo da área do apartamento, inclusive fazendo uso vertical do espaço. Prateleiras, nichos e móveis aéreos solucionam muito bem o problema de falta de locais para armazenamento quando não temos tanta metragem de piso”, completa.
Minimalismo: onde os acumuladores não têm vez
Mudar para um apartamento menor pode ser uma oportunidade de se aproximar da decoração minimalista, deixando os ares acumuladores para trás. No minimalismo, apenas o essencial pode entrar em casa. Móveis e eletrodomésticos multifuncionais ganham destaque e qualquer excesso é cortado – isso vale para itens decorativos também.