Imóveis de milhões de reais foram 100% vendidos ainda na planta e disputados por altos valores. O que impulsionou essa alta?
Para surpresa de muita gente que se lembra da última crise, o mercado imobiliário reagiu bem à pandemia de COVID-19, com força especial nos imóveis de médio e alto padrão. Nesse segmento de moradias de luxo, que custam milhões e milhões de reais, o que está puxou a fila? A gente te explica!
Como o mercado imobiliário brasileiro está reagindo à pandemia
O ano de 2020 foi marcado pelo financiamento imobiliário com juros historicamente baixos e por pessoas querendo trocar de casa, uma combinação que trouxe ótimos resultados e número recorde de transações para o setor imobiliário no Brasil.
Ao longo de 2021, essa tendência de alta se manteve. Mas com uma adição importante: já que a Selic estava baixa, muitas pessoas que investiam seu dinheiro em renda fixa passaram a buscar opções mais rentáveis – e lá estava o mercado imobiliário, especialmente os imóveis de alto padrão, cada vez mais visados e competitivos.
Segundo dados da Associação Brasileira das Incorporadoras Imobiliárias (Abrainc), o volume de vendas de alto padrão (acima de R$ 1,5 milhão) em São Paulo foi 33,2% maior no primeiro semestre de 2021 do que no mesmo período de 2020.
E subiu também o preço do metro quadrado na capital paulista no último ano. Segundo o Índice FipeZap, hoje ele está em R$ 9,6 mil (alta de 4,17%), chegando a R$ 50 mil em alguns lançamentos de luxo nos bairros mais nobres da cidade.
Por que o momento é favorável para imóveis de alto padrão?
Motivo 1: Novas vontades de moradia e estabelecimento do home office
Os dois motivos anteriores – financiamento imobiliário mais barato e necessidades diferentes de moradia – também influenciaram o aumento das vendas no segmento de luxo, especialmente no eixo Rio-São Paulo.
Sobre quem compra imóveis de alto padrão, é bom lembrar que essas são pessoas com poder aquisitivo mais alto, com transações que já tem um ticket médio bem mais alto também.
E, nessa faixa de renda, quem compra para morar não está apenas trocando de apê em busca de uma metragem maior, por exemplo, mas frequentemente adquirindo uma segunda casa no interior, na praia ou em bairros nobres e se preparando para trabalhar a longo prazo em esquema híbrido ou 100% home office.
Vale apontar um tipo de imóvel que foi super procurado: as casas em condomínios horizontais em bairros nobre. Estamos falando aqui de residências de vários milhões de reais, muitas vezes arrematadas em pouquíssimos dias, inclusive ainda na planta, que unem tanto um desejo que surgiu na pandemia (ter mais espaço e mais contato com natureza) quanto uma necessidade na vida urbana (garantir a segurança).
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Motivo 2: Diversificação de investimentos
Como a renda fixa estava rendendo muito pouco devido à Selic baixa e esse segmento de residências está obviamente super cobiçado, teve quem enxergou ali uma ótima oportunidade de investimento. A ideia é diversificar o próprio portfólio comprando uma casa de luxo com jardim e piscina no Jardim Europa, por exemplo, ou um imenso apê na Gávea – um dinheiro que dificilmente vai desvalorizar com o tempo.
Outro tipo de investimento que parece ter sido realocado para a compra de imóveis de alto padrão no Brasil são aqueles baseados ou com reserva em dólar. É verdade que a moeda dos EUA tem subido bastante nos últimos anos em relação ao Real brasileiro, mas quem fica de olho no mercado já está prevendo que esse valor deve cair em breve, por conta dos novos pacotes de estímulo econômico do governo norte-americano, que já anunciou que pretende aplicar mais de 1 trilhão de dólares na economia logo mais.
Ou seja, para esse grupo seleto de investidores, é hora de trocar os ganhos em dólar por um ganho mais sólido, de tijolo, voltado para a população mais rica do país.
Até onde vai o boom?
Em outubro de 2020, a taxa básica de juros estava em 2%. Em outubro de 2021, a Selic já tinha subido para 6,25%, com expectativa de que siga subindo ao longo dos próximos meses. No setor imobiliário, isso deve ter dois impactos importantes:
- Aumentar de novo as taxas de juros oferecidas pelos bancos (e assim afetar a busca por financiamentos imobiliários, que ficam mais caros)
- Voltar a tornar os investimentos de renda fixa mais atraentes para um investidor mais conservador que andava investimento em imóveis
Por isso, já tem quem se preocupe com um recuo nessa demanda toda – e também quem se prepare para utilizar esse boom da melhor forma, enquanto ele durar.
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