Juros elevados desafiam mercado imobiliário, mas setor tem motivos para estar otimista, diz diretor da Abrainc. Loft projeta 650 mil contratos de fiança aluguel em 2025. Construtoras de médio padrão enfrentam dificuldades para financiar obras.
- Juros elevados desafiam mercado imobiliário, mas setor tem motivos para estar otimista, diz diretor da Abrainc
- Loft projeta 650 mil contratos de fiança aluguel em 2025
- Incorporadoras de médio padrão enfrentam dificuldades para financiar obras
- IA na construção: ex-OpenAI, brasileiro destaca potencial inexplorado no setor
Juros elevados desafiam mercado imobiliário, mas setor tem motivos para estar otimista, diz diretor da Abrainc
Mesmo com o mercado imobiliário brasileiro enfrentando desafios com a taxa Selic em 14,75% ao ano, há otimismo entre os empresários do setor, afirma Renato Lomonaco, diretor da Associação Brasileira de Incorporadoras Imobiliárias (Abrainc). Pesquisa da Sienge revela que 76% dos empresários planejam investir em 2025, motivados por bons números de exportação e queda no desemprego, o mais baixo desde 2012.
Segundo Lomonaco, um mercado imobiliário saudável engloba, além de juros baixos, emprego e renda. Portanto, o otimismo pode ser atribuído a confiança nos indicadores macroeconômicos positivos. “O desemprego caiu quase pela metade desde 2021 e este é um critério de vendas importante. Quando a economia brasileira está bem é porque a construção empurra”.
Desde março de 2023, os imóveis valorizaram 10,7%, segundo o Índice Geral do Mercado Imobiliário Residencial (IGMI-R), enquanto os custos de construção subiram 7,3%, conforme o Índice Nacional de Custo da Construção (INCC). O aluguel registrou alta de 63,6% desde 2020, contra inflação de 33,5% no mesmo período.
“A valorização dos imóveis é atrativa para os compradores e o avanço no preço do aluguel expulsa os locatários. A isso se soma o boom demográfico”, explica Lomonaco, apontando os juros como principal desafio do setor.
Já o conselheiro de negócios do Sienge, Fabrício Schveitzer ressalta que o impacto dos juros é mais significativo para a classe média. “A alta renda é imune aos juros altos e a baixa renda conta com subsídios, como os do Minha Casa, Minha Vida. Já a classe média é composta de assalariados e sofre bastante”.
Segundo Schveitzer, o mercado observa uma desaceleração e sinais de cansaço nas vendas de imóveis de classe média. “À medida que não vemos sinais de arrefecimento da inflação, a Selic alta começa a fazer pequenas rachaduras no mercado imobiliário”.
Fonte: Estadão
Loft projeta 650 mil contratos de fiança aluguel em 2025
A Loft planeja encerrar 2025 com 650 mil contratos de fiança aluguel. Atualmente com 500 mil contratos ativos, a empresa precisará fechar entre 230 mil e 250 mil novos acordos para atingir a meta, considerando o término natural de contratos antigos.
Segundo Sandro Westphal, vice-presidente de alianças e parcerias estratégicas da Loft, a fiança aluguel ganhou popularidade após a pandemia, quando a inadimplência aumentou e mesmo fiadores não conseguiram arcar com os custos. “O produto dá maior agilidade para fechar negócios, reduzindo o prazo de um mês para um dia, devido à rápida aprovação de crédito”, explica.
Neste cenário, o fim do QuintoCred Garantia não impactará significativamente a Loft. “É uma carteira muito pequena, representa cerca de dois meses da nossa originação de contratos”, afirma Westphal, destacando que o foco no segmento desde 2016 ajudou a empresa a atingir o breakeven em dezembro de 2023.
“Desde lá a empresa opera com margens, crescimento forte, mais de 30% ao ano”, revela o executivo, apontando que surgem mais de mil imobiliárias novas mensalmente no país, oferecendo oportunidades de expansão.
Enquanto isso, Zap e Creditas ampliaram parceria para oferecer garantia locatícia a imobiliárias, disputando parte dos 45 mil contratos deixados pela QuintoCred. A Creditas estima que o mercado de locação movimente anualmente R$ 36 bilhões no Brasil.
“Estamos preparados para acelerar nossa presença no segmento”, afirmam as empresas. Rafael Nader, vice-presidente de imóveis da Zap, projeta 800 mil contratos com garantia até 2029, prevendo um crescimento anual de 200% a partir de 2025.
Daniel Ricci, da Creditas, argumenta que a garantia locatícia assegura o fluxo de caixa do locador, que recebe mesmo em caso de inadimplência.
Para o presidente do Conselho Regional de Corretores de Imóveis de São Paulo (Creci-SP), José Augusto Viana Neto, o serviço de garantia locatícia é uma solução mais ágil e segura, já que a figura do fiador é problemática para as imobiliárias. “As garantias na locação são sempre muito complicadas, especialmente com o fiador, que é um processo demorado. Nos seguros de fiança locatícia, muitas vezes o valor é pago imediatamente”, afirma.
Fonte: Estadão
Incorporadoras de médio padrão enfrentam dificuldades para financiar obras
O dinheiro disponível para financiar a construção de novos empreendimentos imobiliários está cada vez mais escasso. Segundo dados da Abecip (Associação Brasileira das Entidades de Crédito Imobiliário e Poupança), o volume de recursos da poupança destinado a financiar obras caiu drasticamente: uma redução de 48,6% entre janeiro e abril deste ano, comparado ao mesmo período de 2024.
Com essa escassez, as incorporadoras que antes contavam com o “Plano Empresário” – uma linha de crédito mais barata – agora precisam buscar alternativas mais caras, como os CRIs (Certificados de Recebíveis Imobiliários), que cobram juros de até 20% ao ano. Segundo uma fonte do setor, o retorno da incorporação é um pouco acima disso.
Empresas que não conseguem vender bem seus projetos ficam sem liquidez para honrar compromissos, situação já observada no segmento médio (imóveis de R$ 500 mil a R$ 2 milhões).
Incorporadoras desse segmento são mais afetadas porque seus clientes sentem mais o impacto dos juros altos. “Temos visto isso acontecer”, confirma Bianca Setin, vice-presidente da incorporadora Setin, sobre concorrentes com dificuldades para bancar financiamentos.
A You,Inc, que atua na média e alta renda, viu sua alavancagem saltar de 38% para 407% entre 2019 e 2024, sendo citada como uma das empresas que está renegociando com credores. Outras como a Seed e a Ekko também enfrentam problemas semelhantes.
“A incorporadora sofre porque o tempo de desenvolvimento e de obra é muito grande, então um mesmo projeto pode pegar 100% da inflação e 100% do aumento de juros”, explica Maurício Muniz, sócio da gestora Brio.
Outras fontes do setor relatam aumento nos casos de desvio do patrimônio de afetação nos últimos 12 meses, prática que coloca em risco compradores e credores. Este mecanismo, criado em 2004 após o escândalo da Encol, exige contas segregadas para cada projeto imobiliário.
“Vai ter empresa que vai quebrar, como no passado”, alerta Muniz, enquanto Bianca Setin considera os problemas pontuais, acreditando que o mercado está absorvendo os imóveis, ainda que lentamente.
Fonte: Valor Econômico
IA na construção: ex-OpenAI, brasileiro destaca potencial inexplorado no setor
Magno Maciel, brasileiro que integrou a equipe de pesquisa da OpenAI e cofundador da fintech Serafin, afirma que a inteligência artificial (IA) deve se consolidar como alicerce do mercado imobiliário. Durante sua participação no Construssumit 2025, o especialista destacou que, embora a IA esteja cada vez mais presente nas empresas, seu potencial ainda está longe de ser totalmente aproveitado.
“Estamos começando a nos acostumar com a IA e a incorporá-la no nosso dia a dia, mas ainda distante do ideal”, observa Maciel. Segundo ele, o problema está na forma como as empresas utilizam essas ferramentas, geralmente apenas nas etapas finais dos processos. “Eles pedem para corrigir um texto, elaborar um e-mail ou preparar a apresentação do empreendimento. Isso é como acionar o profissional mais qualificado apenas na última etapa.”
Dados da OpenAI revelam que 92% das empresas ‘Fortune 500’ já usavam seus produtos em 2023, enquanto pesquisa da McKinsey mostrou que 79% dos entrevistados tiveram contato com ferramentas de IA generativa até o mesmo ano. “A IA não é uma modinha, é um fenômeno transacional”, defende o especialista.
Para implementação eficiente, Maciel propõe três modelos: o “Passageiro”, onde a IA observa sem interferir nos processos; o “Co-piloto”, com colaboração ativa em tarefas rotineiras e decisões; e o “Piloto automático”, assumindo gerenciamento e tomada de decisões em tempo real.
No modelo “Passageiro”, a IA pode revisar projetos e propor ideias sem envolvimento direto nas decisões. Como “Co-piloto”, atua na triagem de fornecedores e síntese de dados. Já no “Piloto automático”, contribui com aprovação de crédito, geração de cronogramas e atendimento ao cliente.
O executivo enfatiza que o modelo ideal está no equilíbrio entre as capacidades das máquinas e as qualidades humanas, integrando a tecnologia à estrutura das empresas do setor imobiliário para maximizar seu potencial transformador.
Fonte: Estadão