Pé direito é o termo utilizado na construção civil para se referir à altura entre o piso e o teto de um ambiente. Simplificando, é a medida vertical do chão até o forro ou teto.
O pé direito é importante para definir a altura dos cômodos de uma construção e pode influenciar na sensação de espaço e conforto do ambiente. Geralmente, os cômodos mais amplos, como salas e quartos, têm pé direito maior do que os banheiros e cozinhas, por exemplo.
O pé direito também pode ser um elemento importante no projeto arquitetônico, podendo ser utilizado para criar ambientes mais amplos e iluminados ou para conferir um estilo mais tradicional ou contemporâneo ao espaço.
O que é pé direito e para que serve?
Afinal, o que é e para que serve? Define-se como a distância vertical entre o chão (acabado) e a parte de baixo do teto (ou do forro) de um espaço. É ele quem determina a altura de um ambiente e, por consequência, o que será possível fazer lá dentro.
O pé direito pode variar dependendo do tipo de construção e do objetivo do espaço, mas, em geral, é de cerca de 2,5 metros em edifícios residenciais e 3 metros ou mais em edifícios comerciais e industriais.
Como influencia os sentidos?
A distância entre o chão e o teto costuma fazer os olhos brilharem (e os preços subirem). Estudos indicam que não se trata apenas de uma preferência estética, mas também psicológica ligada à uma sensação de liberdade.
Através de testes e resolução de anagramas, um estudo de 2007 conduzido pelos estudiosos de marketing Joan Meyers-Levy e Rui Zhu descobriu que espaços de teto alto incentivam o pensamento abstrato e a criatividade, enquanto espaços fechados fazem o oposto. Em típica linguagem formal desses estudos, ambos concluíram que, ao ativar conceitos relacionados à liberdade ou ao confinamento, “a altura do teto pode ser um antecedente para tipo de processamento [de informações]”.
Oito anos depois, um outro estudo feito pelo psicólogo Oshin Vartanian, da University of Toronto-Scarborough, pediu aos participantes que avaliassem, de dentro de um scanner cerebral, fotos de cômodos como “bonitas” ou “não bonitas”. Os espaços com pé direito alto foram julgados como mais belos e, neurologicamente, ativavam certas áreas do cérebro associadas com exploração visual-espacial. A conclusão é que tetos altos captam a atenção e ativam o desejo de observar os arredores.
“O pé direito deve ter uma relação harmônica com as demais dimensões do ambiente – largura e comprimento –, mas de modo geral, uma estrutura mais alta confere uma maior sensação de amplitude, enquanto uma distância do teto ao chão mais baixa confere uma maior sensação de aconchego”, explica Rafaela Azevedo, do time de arquitetura da Loft. “Além disso, como o ar quente sobe, uma distância do teto ao chão grande também ajuda a manter a temperatura do ambiente mais amena se aliado ao correto posicionamento das janelas.”
O que é ergonomia e como ela entra na conta?
A ergonomia trata da interface entre pessoas e objetos, ou seja, aquilo que é material e pode ser percebido pelos sentidos. Esse esclarecimento ajuda a entender o porquê a estrutura de um imóvel, como um pé direito, pode ter relação com a ergonomia.
Como diz Maria Cristina Palmer Lima Zamberlan, chefe da Divisão de Desenho Industrial e do Laboratório de Ergonomia do Instituto Nacional de Tecnologia, essa interface não é única e depende do contexto. “Como os contextos quase sempre são dinâmicos, variáveis, a relação entre as pessoas e esses artefatos também muda”, explicou ao Boletim ABNT.
Ao trabalhar com métodos científicos, profissionais da área conseguem definir os aspectos ergonômicos mínimos e ideias de nossas relações com o mundo – a curvatura do espaldar de uma cadeira de trabalho, a altura de um botão no elevador, a quantidade de luminárias em um determinado espaço.
“Com base no diagnóstico obtido nesses estudos é possível reprojetar os artefatos (objetos, ferramentas, equipamentos, ambientes de trabalho, organização do trabalho etc.) com os quais as pessoas interagem e, desse modo, adequar esses artefatos às capacidades e limitações de uma pessoa ou de um conjunto de pessoas”, continua ela.
Quando se fala sobre o que é e qual é sua importância, é importante levar o aspecto ergonômico em consideração. Não basta conseguir ficar em pé dentro de um lugar: é preciso ter espaço para se mexer em todas as direções e também para instalar objetos sem atrapalhar esse movimento.
Existe altura mínima para o pé direito?
Há regras de construção determinadas no Código de Obras e Edificações (COE) de cada cidade. No COE de São Paulo, habitações precisam ter um pé direito mínimo de 2,50m. Isso garante o conforto ergonômico para a população brasileira, que tem alturas médias de 1,73m (homens) e 1,60m (mulheres).
Como se vê, o tamanho pode variar de acordo com o uso do espaço. “Ambientes sociais, como salas, podem ter um pé direito mais alto enquanto ambientes mais intimistas, como quartos e banheiros, podem ter um mais baixo”, fala Rafaela. “De modo geral, o ideal é que ele varie entre 2,60m a 3m. Em situações em que não seja possível garantir tais medidas, que não seja menor do que 2,40m.”.
O que é pé direito alto?
Visto que a altura mínima é de 2,50m e é comum que apartamentos já façam algo acima desse número, em geral na casa dos 2,70m, uma grande distância entre teto e chão é uma aquela que supere tais medidas.
Para Rafaela, suas vantagens estão tanto na sensação de amplitude quanto nas possibilidades de projeto: “Com um pé direito alto, podemos explorar mais a distribuição de forros de gesso nos ambientes, o que ajuda a distribuir melhor a iluminação”.
O que é pé direito duplo?
Você já pode ter ouvido falar nesse termo, mas o que é pé direito duplo? Trata-se de um espaço que tem o equivalente a dois pés direitos de distância entre chão e teto, como, por exemplo, 5,40m (2,70m multiplicado por dois). Essa solução arquitetônica, que pode ser aplicada em determinados espaços de um imóvel com dois andares, passa a impressão de sofisticação, integração e imponência.
Se do teto ao chão muita coisa pode acontecer em termos de decoração, quando essa distância é grande o número de possibilidades cresce ainda mais. Confira abaixo alguns exemplos interessantes ofertados: