Colaboração de Michele Louvores
Febre na capital paulista, o beach tennis tem conquistado adeptos também fora das arenas especializadas. Hoje, novos empreendimentos já contam com a quadra para a prática da modalidade como um dos benefícios dos condomínios. Afinal, o que explica esse sucesso?
“O beach tennis é um esporte mais fácil do que o tênis de campo que tem muita técnica e exige um material mais caro para ser praticado. Aqui, se o aluno aprender a volear (pegar a bola no ar), já pode sair jogando”, explica Yessi Cordova, professora de tennis e beach tennis.
Yessi, que ensina em condomínios há um ano, conta que por se tratar de uma modalidade que ajuda a manter a forma e permite o jogo em grupos, a maior parte do público é de mulheres e famílias. Há dois meses, ela dá aulas para um casal e dois filhos que não passavam muito tempo juntos, mas encontraram no beach tennis uma forma de sair do lazer em shoppings e se divertir juntos dentro da estrutura do próprio condomínio.
Crescimento na pandemia
Por se tratar de uma modalidade que pode ser praticada ao ar livre, o beach tennis cresceu muito durante a pandemia. Ao observar a fila para a prática nas arenas, o mercado imobiliário absorveu a estrutura para dentro dos empreendimentos, o que facilitou a vida dos moradores e movimentou a rotina dos condomínios.
Hoje, condomínios que pouco aproveitavam as áreas comuns veem na quadra de beach tennis um espaço disputado. Alguns contam até com aplicativo para a reserva de vaga. “Aqui precisamos agendar com uma semana de antecedência ou não conseguimos horário para praticar”, conta a publicitária Camila Fleming, moradora de um condomínio na zona sul de São Paulo.
Ela e outros moradores solicitaram ao conselho a construção de uma nova quadra de areia. “Esse é hoje o espaço mais disputado da área comum. E estamos estudando a possibilidade de construir mais uma ou duas quadras”, explica a empresária Daniela Sasatani, uma das conselheiras.
Tamanho da quadra
Uma quadra de beach tennis tem 8 metros de largura por 16 metros de comprimento. Com os espaços dos recuos e as amenidades como vestiário e lava-pés, ocupa no mínimo 250 metros quadrados. Em uma cidade verticalizada como São Paulo, isso significa muita área útil, mas de acordo com Lucas Araújo, diretor de Marketing e Inteligência de Mercados da incorporadora Trisul, o investimento vale a pena.
Segundo Lucas, o custo total de implantação do projeto de uma quadra de beach tennis gira em torno de R$60 mil, o que não significa muito dentro do valor total da obra. O custo de manutenção também é baixo, exigindo apenas pintura e a troca de materiais e iluminação que em geral são bastante duráveis. Outra vantagem é o custo para o morador, que hoje pagaria em torno de R$400 em uma arena para ter aulas de beach tennis uma vez por semana, fora os investimentos em raquete e equipamentos.
Diferentemente de uma quadra de futebol society ou de tênis de campo, uma quadra de beach tennis não acumula água e é muito mais versátil porque basta retirar a rede para praticar outros esportes como futevôlei, vôlei de praia e futebol de areia, além de treinamento funcional. Exatamente por isso, condomínios mais antigos têm optado por substituir essas estruturas pelas novas quadras de areia.
Beach tennis é só modinha?
Em alguns casos, a experiência com o beach tennis começa muito antes da compra ou da mudança e serve como uma forma de experimentar a modalidade. Ao perceber o aumento da busca pelas quadras de beach tennis entre seus clientes, a incorporadora Trisul implantou a estrutura no terreno do estande de um de seus empreendimentos. O estande funcionava em uma região que tinha fila de espera para a prática do esporte e lá foram promovidos eventos e aulas gratuitas para os visitantes. Além de um atrativo para potenciais clientes, a quadra funcionou como uma gentileza urbana para os moradores do bairro.
Quem acompanha o mercado imobiliário e sabe como algumas estruturas viram febre deve estar se perguntando se vai acontecer com as quadras de beach tennis o mesmo que aconteceu com as quadras de squash e as salas de pilates. “Eu acho que o beach tennis veio para ficar porque tem um custo baixo e já se provou muito versátil, mas em algum momento vai chegar alguma novidade que vai chamar mais atenção”, aposta Lucas. Enquanto isso não acontece, é tempo de volear.
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