São Paulo, do jeito que é hoje, é relativamente nova. Com mais de quatro séculos de história, sua verticalização começou nos anos 1930, motivo pelo qual diversas construções tombadas dessa época, como o Edifício Altino Arantes, conhecido como Torre Banespa, seguem o estilo Art Déco em voga naqueles tempos.
Esse fase continuou acelerada pelas próximas décadas, muitas vezes com inovações arquitetônicas que criaram os edifícios icônicos de São Paulo destacados neste artigo.
- Por que São Paulo é tão vertical?
- Os encantos de edifícios icônicos de São Paulo
- Conheça 23 edifícios icônicos de São Paulo
- Arquitetura moderna em São Paulo: principais nomes
- Características da arquitetura moderna brasileira
- Bairros nobres de SP: onde encontrar apartamentos à venda?
Por que São Paulo é tão vertical?
No começo do século 20, a maioria dos serviços, trabalhos, transportes e infraestrutura se concentrava na região central da cidade. Dessa forma, um número crescente de pessoas queria morar por ali.
Nos anos 1930, o poder público passou a incentivar essa mudança. De olho especialmente nas camadas mais ricas da população, que consideravam morar em um edifício com outras pessoas algo de mal gosto, surgiram projetos agradáveis e visualmente impactantes.
Por isso, não é incomum que edifícios icônicos de São Paulo, especialmente na proximidade do centro histórico, ofereçam plantas de tamanhos diferentes, para perfis (e bolsos) diferentes. É o caso dos mais de mil apartamentos no Copan, por exemplo.
Uma lei de zoneamento de 1957 mudou esse cenário ao implementar um tamanho mínimo de 35 metros quadrados para habitações em edificações. Como os prédios subiam na região central, isso encareceu o custo final das unidades e tornou-as economicamente viáveis para um número cada vez menor de pessoas.
Sendo assim, uma das consequências dessa regra, vista por muitos historiadores do urbanismo como de cunho elitista, foi o crescimento das periferias.
No entanto, a verticalização, nunca parou. Com o tempo, espalhou-se pela cidade. A maior parte dos 53 mil prédios em pé hoje vem das décadas de 1970 e 80, em primeiro e segundo lugar, respectivamente. E só em agosto de 2019, segundo a Secovi-SP, foram lançadas 6.064 novas unidades residenciais.
O que mudou foi a estética, que se tornou mais conservadora e padronizada. Segundo Raul Juste Lores, autor do livro São Paulo nas alturas, o motivo foi primordialmente econômico.
“Com a construção de Brasília [inaugurada em 1960], uma capital construída sem orçamento, com empréstimos no exterior, impressão de dinheiro, isso trouxe a maior inflação já registrada na história do Brasil até então. O preço do material de construção aumentou 100% em um ano”, disse em entrevista ao Nexo.
Além disso, Raul Juste Lores, complementou dizendo que diante desse panorama “ocorreu então uma quebradeira gigantesca desses inovadores, obras não são terminadas, compradores movem processos etc.” .
A situação fez com que os incorporadores seguintes preferissem projetos mais simples, funcionais e rápidos, o que resulta em uma cidade bastante distinta do ponto de vista arquitetônico.
Em uma volta rápida pelo centro, é possível topar com a ousadia curva de edifícios como Copan, de Oscar Niemeyer, e Viadutos, de João Artacho Jurado, em meio a uma série de prédios gradeados e parecidos entre si.
Os paulistanos logo viram a importância de proteger seu patrimônio cultural em uma cidade que crescia a passos largos. Prova disso é a criação, em 1967, do CONDEPHAAT, o Conselho de Defesa do Patrimônio Histórico, Arqueológico, Artístico e Turístico. Desde 1968, já tombou mais de 500 obras, incluindo edifícios icônicos de São Paulo.
Os encantos de edifícios icônicos de São Paulo
O critério para considerar edifícios icônicos de São Paulo como tal é subjetivo. Afinal, o que é ícone para um pode não ser para outros. Aqui, icônico toma o sentido de emblemático, marcante e visualmente relevante – prédios que se tornam o lar dos sonhos de tantos paulistanos.
Todavia, apesar de não ser homogêneo, há um perfil que busca esse tipo de imóvel. “Geralmente são arquitetos, entusiastas da arquitetura ou pessoas ligadas às áreas de criatividade, como publicidade, cinema, literatura”, diz Octavio Pontedura, sócio da Refúgios Urbanos, imobiliária com forte foco em arquitetura.
Foi de lá que surgiram os três volumes de Prédios de São Paulo, livros que contam e ilustram as histórias dos edifícios icônicos de São Paulo. O site da empresa, aliás, é um verdadeiro tesouro para interessados, com cliques detalhados de diversas obras pela cidade.
Para Octavio, a capital paulista se diferencia por ter uma arquitetura tão diversa que ainda há de pé exemplares de todo tipo de estilo que esteve em voga desde meados do século 19. Por isso, recuperar e contar suas histórias é, também, resgatar pedaços da história do município e de quem passou por ali.
Em frente a prédios assinados, ou seja, aqueles projetados nos mínimos detalhes por arquitetos de renome, é frequente que mesmo quem não esteja antenado com arquitetura sinta algo diferente, como curiosidade ou prazer estético. “O prédio que tem assinatura ‘fala’ com você”, explica Octavio.
“Mesmo quem não sabe quem foi João Artacho vai passar na frente dos [edifícios] Planalto ou Viadutos e falar que é fora do comum”, continua. “Tem esse pensamento de harmonia estética e de equilíbrio que acaba fazendo diferença. Esses prédios permanecem.”.
Para ele, que elege o Copan como o edifício mais icônico do skyline paulistano, São Paulo é uma cidade em que as construções se tornaram as protagonistas – e isso não é má notícia.
“Em um primeiro momento, São Paulo vai parecer um grande paredão de edifícios, muitas vezes indistintos. Depois, com o tempo, você começa a descobrir pequenas joias”, diz. “A arquitetura é um caminho para descobrir a cidade.”
Conheça 23 edifícios icônicos de São Paulo
1) Centro de São Paulo
Edifício Cícero Prado (1954)
Avenida Rio Branco, 1661 – Campos Elíseos. Projeto de Gregori Warchavchik.
Edifício Albina (1962)
Rua Conselheiro Brotero, 801 – Santa Cecília. Projeto de Alberto Botti.
Edifício Copan (1956)
Avenida Ipiranga, 200 – Centro Histórico. Projeto de Oscar Niemeyer.
Edifício Esther (1938)
Praça da República, 32 – República. Projeto de Álvaro Vital Brazil.
Edifício Germaine Burchard (1930)
Avenida Cásper Líbero, 39 – Centro Histórico. Projeto de Enrico Brand.
Edifício Santa Elisa (1928)
Largo do Arouche, 109 – República. Projeto de Arnaldo Maia Lello.
2) Bela Vista
Edifício Planalto (1950)
Rua Dona Maria Paula, 279. Projeto de João Artacho Jurado.
Edifício Paulicéia (1959)
Avenida Paulista, 960. Projeto de Gian Caro Gasperini e Jaques Pilon.
Edifício Saint Honore (1958)
Avenida Paulista, 1195. Projeto de João Artacho Jurado.
Edifício Viadutos (1956)
Praça Emilio Miguel Abella, 19. Projeto de João Artacho Jurado.
3) Higienópolis
Edifício Abaeté (1963)
Rua Pará, 222. Projeto de Abrahao Sanovicz e caixilharia de Luiz Sacilotto.
Edifício Louveira (1946)
Praça Vilaboim. Projeto de João Batista Vilanova Artigas e Carlos Cascaldi.
Edifício Prudência (1948)
Avenida Higienópolis, 235. Projeto de Rino Levi.
Edifício Parque das Hortênsias (1950)
Avenida Angélica, 1106. Projeto de João Artacho Jurado.
Edifício Piauí (1952)
Rua Piauí, 428. Projeto de João Artacho Jurado.
Edifício Arper (1959)
Rua Pernambuco, 15. Projeto de David Libeskind
Edifício Lausanne (1958)
Avenida Higienópolis, 101. Projeto de Franz Heep.
Edifício Irajá (1960)
Rua Aracajú, 174. Projeto de Rubens Corsi.
Edifício Paquita (1959)
Rua Alagoas, 475. Projeto de Aldred Josef Duntuch.
Edifício Nobel (1956)
Avenida Higienópolis, 375. Projeto de Ermanno Siffredi e Maria Bardelli.
Edifício Domus (1960)
Rua Sabará, 47. Projeto de Ermanno Siffredi e Maria Bardelli.
Edifício Corina (1964)
Rua Doutor Veiga Filho, 493. Projeto de Bernardo Rzezak.
4) Pompéia
Edifício Jaraguá (1988)
Rua Herculano, 420. Projeto de Paulo Mendes da Rocha.
Em tempo: quem busca um roteiro arquitetônico do centro de São Paulo, onde se concentram boa parte das construções mais antigas, a Prefeitura da cidade tem um guia bastante útil que conta a história de prédios públicos e comerciais.
Arquitetura moderna em São Paulo: principais nomes
E de onde vieram tantos edifícios icônicos de São Paulo? Talvez você tenha notado que muitos dos projetistas dessas construções se repetem. Não é por acaso: os principais nomes da arquitetura moderna em São Paulo eram imigrantes, que vieram da Europa cheios de ideias, ou seus pupilos, que aplicaram os ensinamentos cidade afora.
Da cidade de Odessa, na Ucrânia, veio Gregori Warchavchik, o qual criou aquela que é considerada a primeira casa moderna brasileira. A Casa Modernista, como é hoje chamada, foi erguida em 1928 na Rua Santa Cruz, no bairro da Vila Mariana, em São Paulo.
Outra Casa Modernista foi feita por ele pouco depois, em 1930, na região de Pacaembu e Higienópolis – que concentra uma grande quantidade de edifícios icônicos de São Paulo. A edificação, na Rua Itápolis, é tida como a chegada definitiva da arquitetura moderna em São Paulo e no país.
Outros nomes importantíssimos na cena da arquitetura moderna em São Paulo – levando em conta prédios comerciais e residenciais – incluem:
- Oscar Niemeyer
- Lúcio Costa
- João Artacho Jurado
- David Libeskind
- Franz Heep
- Ermanno Siffredi
- Maria Bardelli
- Paulo Mendes da Rocha
Características da arquitetura moderna brasileira
A Semana de Arte Moderna, que aconteceu em 1922 em São Paulo, marcou as artes plásticas, a literatura e a arquitetura moderna brasileira de forma indelével.
O célebre arquiteto, Le Corbusier, urbanista e artista franco-suíço, o qual visitou o Rio de Janeiro nos anos 1930 e orientou o projeto do Edifício Gustavo Capanema, sediou o Ministério da Educação na então capital Rio de Janeiro. Le Corbusier determinou que havia 5 princípios para a arquitetura moderna:
- Uso de pilotis (para elevar a construção e liberar o térreo)
- Terraço-jardim (para criar espaços de lazer e convívio)
- Planta livre (permite espaços integrados)
- Fachada livre (independência da estrutura)
- Janelas em fita (amplas)
Com isso em mente, a arquitetura moderna brasileira também adotou características como:
- Novos materiais (aço, vidro) e concreto armado
- Uso de brise-soleil
- Utilização de linhas retas
- Uso de cobogó
- Usufrui de pastilhas
- Criação de jardins térreos e suspensos
- Uso de poucos ornamentos. Visto que, a obra em si é considerada um ornamento