Planta em apartamento é vida. Por isso, trazer o verde para dentro de casa é tão necessário na hora de compor um ambiente. O estresse urbano, ampliado pelo isolamento social, alimentou um desejo ainda maior de conexão com a natureza. Mas a falta de conhecimento ou tempo pode frustrar os planos e até matar sua pequena floresta.
“Quando a pandemia começou, comprei várias plantinhas, principalmente suculentas, com a informação de que elas são mais fáceis de cuidar e precisam de menos rega. No primeiro ano, elas ficaram lindas, cresceram e se multiplicaram em outros vasos. Depois, algumas começaram a murchar, apareceram bichinhos e 90% dos meus vasos morreram”, conta Rita Garcia, administradora de empresas e personal organizer.
Rita recorreu a dicas de youtubers, mas não conseguiu ressuscitar suas plantas. “Como eu não sabia cuidar, buscava orientações na internet. Uma hora as minhas plantinhas ficaram mais secas, em outra hora pareciam encharcadas”, lamenta.
O problema de Rita deve ser o mesmo de muitos outros novos “jardineiros” de apartamento, que desconhecem a série de variáveis que vão além da rega.
“Em um apartamento, é muito importante saber a insolação. Entender o quanto de luz solar essa planta vai receber”, recomenda o paisagista Edu Bianco.
“Um erro comum é colocar muita água nas plantas. No ambiente interno, não há exposição ao vento e ao sol como do lado de fora, que fazem secar a água. Então, a rega deve ser muito menos frequente e em quantidade bem menor”, alerta Edu. Para um vaso de 40 centímetros de diâmetro de uma jiboia – que é indicada para sombra e possui resistência – o paisagista orienta usar a metade de um copo de 300 ml de água, apenas uma vez por semana.
“É preciso espalhar bem a água no vaso”, enfatiza o especialista. “Regue em toda a superfície, e evite excesso. Se vazou, você regou demais. Com a água em excesso saem os nutrientes. Eu nem uso prato nas minhas plantas.”
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Em relação a luz, coloque as espécies que gostam de sol na área com mais claridade, e aquelas que preferem a sombra, nas áreas em que há menor incidência de raios solares. As plantas com folhagens verde-escuro costumam ser mais adaptáveis à sombra. Quanto mais claras, mais necessidade de sol. “Não adianta colocar uma orquídea na varanda, tomando o sol do meio dia. Ela não vai aguentar”, exemplifica Edu Bianco.
- Considere a luz solar e a adubação
- Melhores plantas para apartamento
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10 espécies de plantas para apartamento
- Jiboia (Epipremnum pinnatum)
- Rhipsalis (Rhipsalis baccifera)
- Pleomele (Dracaena reflexa)
- Filodendro (Philodendron)
- Costela de Adão (Monstera deliciosa)
- Clusia (Clusia fluminensis)
- Dracena repolhuda (Cordyline fruticosa)
- Samambaia (Nephrolepis exaltata)
- Lírio da paz (Spathiphyllum wallisii)
- Léia-rubra (Leea rubra)
Considere a luz solar e a adubação
Além da luz solar, do vento e da água, adverte Edu, é importante considerar a adubação da planta, se o vaso está adequado e até a época do ano. O outono, estação iniciada em março, é o início do período de dormência das plantas.
O paisagista enfatiza a importância de “alimentar” a planta com húmus natural e orgânico (aquele cheio de ovos de minhocas), em três adubações anuais, após o período de dormência. “O ideal é colocar o húmus orgânico, polvilhando sobre a terra, como um queijo ralado, em pouca quantidade. É quase uma homeopatia. Faça isso em outubro, depois em dezembro e por uma terceira vez no final de janeiro”, orienta. O adubo químico deve ser colocado apenas nas folhas, pulverizando e evitando o contato com a terra, para não matar as minhocas.
Um problema comum em plantas de apartamento é o aparecimento daquelas manchinhas brancas por excesso de umidade. “Sabe aquela micose de pé que a gente coça? É parecido na planta. Além de diminuir a quantidade de água, você pode usar um inseticida comum à base de água – isso é muito importante – e passar apenas nas folhas, com um paninho, três vezes no intervalo de sete dias. Assim, esses ‘bichinhos’ vão morrer e suas folhas ficarão bonitas e saudáveis novamente”, aconselha.
Melhores plantas para apartamento
O paisagista Edu Bianco aconselha a busca por aquelas que são mais fáceis de manter saudáveis, como as suculentas. “Essas plantinhas são muito adaptáveis, precisam de pouca água, e são fáceis de cuidar”, lembra.
Outro ponto importante é buscar plantas mais verticalizadas, que ocupam menos espaço em diâmetro, como os cactos a Espada de São Jorge e a Árvore da Felicidade, ou as pendentes, como as jiboias, samambaias e o tostão (também conhecido como Dinheiro em Penca).
Você até pode colocar uma palmeira, tipo ráfia, no ambiente, se tiver espaço, mas é importante observar se ela ficará segura e longe de esbarrões. “Não dá pra ficar batendo na planta o tempo todo”, orienta o paisagista. “Isso prejudica a saúde do seu vaso”, complementa. Edu também adverte: “Nada de ficar puxando o vaso de lá pra cá, mudando o lugar dele. Planta não é cachorro. Ela deve ficar parada e se adaptar ao ambiente em que está”, brinca.
O custo de cada planta também pode ser um bom guia na hora da compra. “Um Ficus lyrata, que está super na moda e todo mundo está buscando, ficará em torno de R$ 1.500. Já a pleomele, que tem o mesmo efeito e é tão bonita quanto, vai custar em torno de R$ 300”, explica.
10 espécies de plantas para apartamento
Jiboia (Epipremnum pinnatum)
Resistente, fácil de cuidar, pode ser colocada em um móvel, prateleira ou até pendurada. As folhas mudam o tom de verde no decorrer da vida e a planta pode chegar a 12 m.
Como cuidar: regue três vezes por semana no verão e uma vez por semana no inverno. Deixe um lugar de meia-sombra. Adube a cada três meses.
Rhipsalis (Rhipsalis baccifera)
Planta resistente a ventos, baixas temperaturas e até ao sol pleno. No fim do inverno e começo da primavera, dá flores brancas ou rosadas que viram pequenos frutos. Embora não sejam comestíveis para humanos, as frutinhas atraem passarinhos.
Como cuidar: pode ser cultivado em meia-sombra ou até amarrado em uma árvore. Por ser uma suculenta, não necessita de muita água. Para criar uma muda, é só cortar um ramo com raiz e plantar em um substrato para orquídea.
Pleomele (Dracaena reflexa)
Resistente ao sol e à sombra, a pleomele é indicada para quem procura uma decoração rústica.
Como cuidar: regue frequentemente e cultive a luz indireta. Caso fique em um ambiente com ar-condicionado, borrife água para manter a beleza das folhas.
Filodendro (Philodendron)
Tem folha que se assemelha ao formato de coração, gosta de luz indireta e é uma excelente opção para ser pendurada.
Como cuidar: Pode ser cultivado a meia sombra e precisa ser irrigada frequentemente. Adube semestralmente.
Costela de Adão (Monstera deliciosa)
As folhas recortadas apresentam um verde brilhante. Na natureza, pode chegar a 12 m. Tem presença forte com belo visual e fácil manutenção e se adapta facilmente a diferentes ambientes.
Como cuidar: regue duas vezes por semana no calor e a cada 15 dias no frio. Deixe num local iluminado, mas sem luz solar direta.
Clusia (Clusia fluminensis)
As verdes podem ser usadas para sombra e a variegata, para sol. Tem folhas brilhantes e flores delicadas. Suas folhas são brilhantes e em forma de gota.
Como cuidar: pode ser cultivada em meia-sombra ou sob o sol. Precisa ser podada regularmente e regas periódicas.
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Dracena repolhuda (Cordyline fruticosa)
Como folhas no tom vermelho-bordô, aguenta bem dentro do apartamento e fora, numa varanda. Podem ser cultivadas em vasos e jardineiras.
Como cuidar: cultive a meia-sombra, em solo fértil. Faça regras regulares, deixando o solo levemente úmido. Pulverize as folhas com água, se o tempo estiver seco.
Samambaia (Nephrolepis exaltata)
Gosta de áreas sombreadas, mas desenvolve melhor em um local próximo às janelas com luz indireta. Também ajuda a purificar o ar.
Como cuidar: regue três vezes por semana e também borrife água em suas folhas. Mantenha longe de ventos fortes.
Lírio da paz (Spathiphyllum wallisii)
Com folhas verdes e flores brancas brilhantes, a espécie é conhecida por ser uma planta mística que tira toda a energia negativa dentro do ambiente.
Como cuidar: regue de três a quatro vezes por semana. Cultive em luz difusa, em ambientes de meia-sombra. É uma planta indicada para banheiros.
Léia-rubra (Leea rubra)
Planta arbustiva, em forma de uma pequena árvore, de cor verde-arroxeada bem escuro. A inflorescência surge na primavera e no verão.
Como cuidar: cultive a meia-sombra em locais quentes e com luz solar. Não é uma espécie que tolera baixas temperaturas.
Com essas dicas em mãos, basta escolher a planta que mais agrada e cuidar delas. Não esquecer de regar – com quantidade específica para cada espécie – adubar e deixá-las paradinhas nos locais escolhidos para apreciá-las e completar a decoração.
Colaboração de Marcela Guimarães e Nádia Kaku
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