Batizado com nome indígena por conta de sua geografia originalmente de mata fechada, o Catete, bairro da Zona Sul carioca, se destaca pela fatura de comércio, lazer, localização estratégica e boas alternativas de mobilidade. O bairro segue bastante arborizado e coleciona páginas importantes da história brasileira, o que garante uma arquitetura diferenciada para quem circula pela região.
Além dos vestígios deixados pela elite cafeicultora, o Catete também sediou o governo brasileiro de 1987 a 1960, até a transferência da capital para Brasília. Quem transita pelo local está habituado às construções em estilo neoclássico e art noveau que atualmente abrigam dezenas de lojas de departamento, bares, agências bancárias e restaurantes. As construções históricas garantem o charme, mas também implicam em limitação de espaço. Como a maioria dos prédios é antiga, são baixas as chances de conseguir condomínios com infraestrutura interna para quem busca playgrounds e vagas de garagem, por exemplo.
Com cerca de 24 mil habitantes e pouco mais de 11.350 domicílios, segundo dados do último censo do IBGE, de 2010, o bairro é conhecido por garantir praticidade. Moradores de estilos diversos transitam pelas ruas sempre movimentadas, usufruindo da facilidade de resolver quase tudo a pé, um dos grandes atrativos para quem procura uma casa ou apartamento no Catete. O comércio ambulante também é bastante tradicional na região e ocupa boa parte das calçadas da rua principal, a rua do Catete, oferecendo os mais variados itens a quem caminha pelo local, nem sempre de forma ordenada. Conheça mais sobre o bairro.
História do Catete
Catete era o nome de um pequeno rio, ligado ao Rio Carioca, que passava por onde hoje está a Rua do Catete. O nome tem origem indígena e significa “folha grande ou mato grosso”. Essa passagem era chamada de Caminho do Catete e, antes da chegada dos europeus à região, era habitada por índios da aldeia Uruçumirim. A Rua do Catete surgiu com o aterramento da área, que era coberta por mangues. Até o início do século 19, o bairro era pouco povoado. Após a chegada da família real portuguesa ao Rio, em 1808, chácaras e olarias começaram a se estabelecer ao longo do caminho para o bairro do Botafogo – que inclui o Catete.
O bairro se desenvolveu ainda mais na época do reinado de D. Pedro II e no auge da cultura do café, principal produto de exportação brasileiro na virada do século 19 para o 20. Foi no Catete que os grandes “barões do café” estabeleceram suas mansões. Entre as principais realizações da época está a construção do Palácio do Catete. Antes chamado de Palácio Nova Friburgo, foi construído entre 1858 e 1867 pelo fazendeiro de café Antônio Clemente Pinto, o Barão de Nova Friburgo. Após a proclamação da República, em 1889, o palácio foi comprado pelo Governo Federal e passou a ser a sede da Presidência da República no ano de 1897. No total, 18 presidentes residiram e governaram no palácio, que desempenhou o papel de sede do poder brasileiro até a inauguração de Brasília, em 1960.
Apesar de sua importância histórica, o Catete foi reconhecido como bairro apenas em 1981, com denominação; delimitação e codificação estabelecida pelo Decreto número 3158, de 23 de julho de 1981, com alterações no Decreto Nº 5280, de 23 de agosto de 1985. Desde os anos 1990, o bairro passa por um processo de valorização imobiliária, que atraiu novos investimentos e empreendimentos para o local.
Onde fica o bairro do Catete
O Catete está localizado na Zona Sul do Rio de Janeiro, bem próximo ao Centro do Rio e ao Aterro do Flamengo.
Se você não conhece o Rio, saiba que o Catete não tem praia, mas fica a 20 minutos de um mergulho em Copacabana ou Ipanema, chegando de carro, pegando o metrô ou alguma das dezenas de linhas de ônibus que atendem a região.
Bairros próximos do Catete
Partindo do Catete, é possível chegar caminhando aos bairros de Laranjeiras, Flamengo e Largo do Machado. De carro ou transporte público, o bairro está a poucos minutos de distância de Santa Teresa, Botafogo e Glória. Há facilidade de acesso também para chegar ao Centro da cidade e ao Aeroporto Santos Dumont.
Mapa do Catete
O que tem no Catete?
Além de ampla oferta de serviços, comércio e transporte, o Catete também oferece muita cultura. O principal ponto histórico do bairro é o Palácio do Catete, do qual já falamos um pouco acima e que é tombado pelo patrimônio histórico. O local hoje abriga o Museu da República. O Largo do Machado é outro local de encontro da cultura na região: bandas, feiras e blocos de Carnaval são apenas algumas das atrações que sempre podem ser vistas no local. A antiga sede da Faculdade de Direito da UFRJ também é uma das estruturas tombadas do bairro.
Mas o Catete também tem diversão: The Maze e Casarão Ameno Resedá são duas das opções para curtir uma música no bairro, que também oferece dezenas de opções de hotéis para hospedagem, como o Hotel Windsor Florida (R. Ferreira Viana, 81), que serviu de acomodação oficial da FIFA para a Copa do Mundo de 2014.
Como chegar ao Catete?
O principal meio de transporte usado pelos moradores e visitantes da região é o metrô. O bairro é atendido pelas linhas 1 e 2 na estação Catete e fica bem perto, cerca de oito minutos de caminhada, da estação Largo do Machado.
Há também a opção de utilizar ônibus, já que o Catete é atendido por dezenas de linhas. Fazem parada na rua principal do bairro a 104 – TRO4 (São Conrado-Rodoviária), 409 (Saens Pena – Praia de Botafogo), 497 (Penha-Cosme Velho), 775D (Charitas – Gávea), entre outras.
Aos mais dispostos, é possível transitar de bicicleta pelas ciclofaixas, marcações nas pistas coloridas em vermelho e sinalizadas. Entretanto, é importante ter em mente que o trecho não é segregado, por isso é preciso atenção redobrada. Não é raro flagrar motocicletas, carros de passeio e mesmo ônibus urbanos trafegando pelo trecho. Se precisar alugar uma bike, o bairro dispõe de duas estações públicas de locação: uma na Rua do Catete 195, em frente ao Museu da República, e outra na Rua Bento Lisboa, altura do número 1.120.
O Catete é um bairro barato?
O local é um dos bairros bons e baratos no RJ para se morar: na Rua do Catete, por exemplo, o valor do m² gira em torno de R$ 10 mil – a média de toda a cidade em 2022 foi de e os valores dos imóveis variam de R$ 300 mil a R$ 849 mil. Para comparação, o metro quadrado mais caro do Rio de Janeiro, segundo levantamento da Loft de setembro de 2022, fica no Leblon, com R$16.928 o m².
O Catete também é um dos melhores bairros com custo x benefício para os turistas se hospedarem. As opções de diárias variam de R$ 110 a R$ 400 nos hotéis da região, em média. Outra vantagem são as opções de transporte, entre elas as vans com destino ao Cristo Redentor que saem do Largo do Machado.
O Catete é seguro?
O Catete não figura entre os bairros mais perigosos do Rio de Janeiro, de acordo com informações do Instituto Fogo Cruzado. Apesar de episódios de furtos e aumento considerável de pessoas em situação de rua, o Catete ainda é considerado seguro para quem frequenta a região. Segundo a cantora Lu Dantas, moradora do Catete desde 2020, a iluminação pública poderia ser reforçada, o que melhoraria a sensação de segurança.
De acordo com a assessoria de comunicação da RioLuz, o Catete conta 800 luminárias LED. Todas as alterações na iluminação do bairro, previstas no Programa Luz Maravilha, já foram efetuadas.
Conservação do bairro
No quesito conservação, a avaliação do Catete também é positiva, mas ao sinal de chuva forte, procure abrigo. Existem pontos de alagamento e bolsões d’água tradicionais na Rua do Catete, altura da Rua Silveira Martins, até a chegada ao bairro da Glória.
Catete tem hospital?
O Catete conta com o Centro Municipal de Saúde Manoel José Ferreira, localizado à Rua Silveira Martins, e centenas de consultórios particulares. Entretanto, para atendimentos emergenciais ou internação, será preciso dirigir-se a bairros próximos, como Glória ou Botafogo.
Escolas no Catete
Se procura opção de ensino para os filhos, o bairro é bem atendido por creches e escolas. O centenário Colégio Zaccaria, que ocupa mais um dos prédios históricos do Catete, recebe alunos da educação infantil ao Ensino Médio. Há também opções públicas como o Centro Integrado de Educação Pública do Rio de Janeiro – Ciep Presidente Tancredo Neves.
O que fazer no Catete?
Cultura e espetáculos
Palácio do Catete
O ponto turístico mais famoso do bairro é um marco histórico para todo o País. O Palácio do Catete, construído entre 1858 e 1867, tem estilo arquitetônico eclético. Foi vendido em 1896 para o Governo Federal e testemunhou cenas marcantes como o suicídio de Getúlio Vargas, em 1954. O palácio e seus jardins foram tombados pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan). Juntos, ocupam o trecho que vai da Rua do Catete pela Rua Silveira Martins, até a Praia do Flamengo. Em 1960 passou a abrigar o Museu da República e oferece programação permanente. Em seu acervo, fotos, documentos, objetos, mobiliário e obras de arte dos séculos 19 e 20.
Os jardins do Palácio têm 3 mil metros quadrados e são um convite irresistível a um pause na correria do dia a dia. Pistas para caminhadas, parquinho infantil, palmeiras imperiais do século 19, esculturas, centenas de espécies de plantas e famílias de patos que deslizam sob as águas do lago instalado no local. Cenário perfeito para moradores que desfrutam do espaço quase todos os dias. Mas atenção: os pets ficam fora do passeio. A administração do local não permite animais de estimação. Para curtir uma caminhada com seu cachorrinho, será preciso caminhar até o Aterro do Flamengo, onde estão disponíveis os parcões. Lá seu amigo peludo pode brincar livremente.
Museu do Folclore
Os fãs de museus também podem apreciar o Museu do Folclore Edison Carneiro. São mais de 17 mil objetos, além de 130 mil documentos bibliográficos e 70 mil documentos audiovisuais que representam a cultura popular e garantem uma viagem pelo Brasil através dos olhares dos artistas. O espaço foi reaberto recentemente e completa 55 anos de existência em 2023.
Tavares Bastos
Outro ponto bem famoso na região é a Tavares Bastos, favela repleta de bares e pontos turísticos que atraem cariocas e turistas de todos os cantos para apreciar uma das vistas panorâmicas mais bonitas da Baía de Guanabara. É conhecida por ter sido cenário de novelas e filmes, a exemplo de Tropa de Elite. No local está sediado o The Maze, centro cultural que ostenta uma arquitetura icônica e realiza shows de música brasileira, exposições de arte e os eventos de jazz mais queridos da cidade. O espaço foi eleito sete vezes como Top Jazz Venue pela Downbeat Magazine, publicação americana dedicada ao jazz.
Bares e restaurantes
O bairro também oferece fartas opções na gastronomia. Entre os bares e restaurantes do Catete está o CaRiocando Bar, que fica perto da estação Catete e conta com música ao vivo e shows de vários estilos musicais. No cardápio, os pratos levam nomes que remetem à música, como o Tem Passarinho no Samba (frango à passarinho) e os sanduíches Gafieira e Samba-Enredo – além da tradicional feijoada aos sábados, temperada com samba ao vivo. Funciona de segunda a sábado.
Outro bar com tema musical do bairro é o Bar Oásis – Rock and Beer, que oferece decoração temática, cervejas e chopes artesanais e uma jukebox digital com mais de 35 mil opções de músicas. Também fecha aos domingos. Se a pedida é comida temática, a Rotisseria Sírio Libanesa é um tradicional endereço de comida árabe na Galeria Condor. Destaque para a esfiha e as fartas porções de arroz com lentilha, acompanhadas de abobrinhas recheadas, charutos de folha de uva ou duas kaftas.
Entre as padarias, destaca-se a Padaria Nova Viriato, que oferece refeições no local e para viagem, com opções de assados como bacalhau, pernil, frango e churrasco, além de guarnições, salgados e artigos de panificação. É possível fazer a encomenda pelo site e marcar a retirada. Já a Padaria Bicho Pão, que conta com duas unidades no bairro – e uma outra prevista para 2023 -, mistura padaria e café e oferece aos moradores do bairro opções de pães de longa fermentação, como o sourdough, croissants e menus de café da manhã. Funciona de terça a sexta, das 14h às 20h, aos sábados das 9h às 19h, e aos domingos das 9h às 13h.
Parques e praças
Um dos principais espaços de área verde do Catete é o Jardim do Museu da República. O local, que vai até o Flamengo e também tombado pelo patrimônio histórico, é obra, de acordo com o site oficial, do paisagista francês Auguste Marie Françoise Glaziou. Segundo historiadores, tanto o jardim do Palácio do Catete quanto o jardim do Palácio São Clemente, em Nova Friburgo, também de propriedade do Barão de Nova Friburgo, foram feitos pelo europeu. No ano de 1960, com a criação do Museu da República, o jardim foi aberto ao público. Em 1995, um novo projeto paisagístico foi elaborado para o parque e, no final dos anos 90, uma nova intervenção substituiu os muros do parque erguidos ao longo da Rua Silveira Martins e da Praia do Flamengo por gradis idênticos aos que já existiam nas demais margens do Palácio, permitindo uma maior visibilidade do jardim. No local, os visitantes encontram esculturas de Val D’Osne, grutas, coretos, esculturas de terracota, além de fauna rica e árvores centenárias.
Perto do bairro, na vizinha Laranjeiras, o Parque Eduardo Guinle, ou só Parque Guinle, também é opção para os moradores da região. Possui uma área de aproximadamente 24.750 m² e, inicialmente, era parte dos jardins do palacete do banqueiro Eduardo Guinle, patriarca de uma das mais conhecidas famílias do Brasil. O palacete é hoje conhecido como Palácio das Laranjeiras, residência oficial do governador do Estado RJ. O parque conta com lago, alamedas, gramados, árvores e plantas tropicais.
Entre as praças, o Largo do Machado é uma instituição do Catete. Palco de atividades culturais diversas como apresentações de bandas itinerantes, grupos circenses, blocos de carnaval e coletivos de arte, também abriga feiras de livro, brechós e postos de floricultura. Ao redor da praça também se concentram bares, restaurantes e opções de lazer e serviços.
Colaboração de Mariana Jucá e Karen Villerva
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