Quem tem filho em casa sabe o poder que uma criança tem de mudar a ordem de qualquer ambiente. Mas o que o futuro casal ou mãe/pai solo não sabe é o quanto essa transformação precisa de cuidados. Muitos deles, antes de a família aumentar.
Sempre é possível adaptar uma construção, com ou sem quebra-quebra. Há também a opção de mudar para uma casa ou apartamento novo, porém sempre haverá alguma adaptação a ser feita.
“Tudo depende do tamanho da intervenção que essa família está disposta a fazer e o quanto esse ambiente é adulto a ponto de mudar para a chegada de um filho”, orienta a arquiteta Beatriz Quinelato. “Ao meu ver, não é necessário mudar a casa inteira pensando única e exclusivamente na criança. Mas alguns fatores são importantes.”
Há a possibilidade de se instalar piso sobre piso, trocar revestimentos de mobiliários, envelopar um objeto, proteger pontos elétricos, arredondar cantos de móveis ou simplesmente mudar peças de lugar, usar pinturas não tóxicas e laváveis ou revestir paredes.
“Abrir espaços, selecionar os objetos que ficarão na decoração, talvez substituir tapetes e cortinas que podem ser mais alergênicos por algo mais fácil de limpar, colocar iluminação mais aconchegante. Há muitas maneiras de modificar trazendo esse cuidado”, acrescenta Beatriz.
Na decoração para a chegada de um bebê, por exemplo, é importante pensar em poltronas e cadeiras confortáveis para o momento da amamentação. Essas peças podem ser adaptadas em outros cômodos da casa. Basta investir em conforto e num design interessante.
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Segurança para seu filho
Sejam bebês ou crianças maiores (no caso de adoções) que irão completar a família, o primeiro passo é observar os perigos visíveis e aqueles que estão escondidos em cada canto da casa.
A professora de design e arquiteta Márcia Monteiro, mãe de duas meninas, de 11 e 7 anos, acumula experiência como profissional, mas foi a maternidade que mais ajudou a apurar o olhar para os detalhes na busca por uma casa segura e adaptável a crianças.
“Se for um bebê ou uma criança pequena, os cuidados na adaptação da casa são ainda maiores. Bebês engatinham por tudo, depois andam e mexem, sobem, escalam, e qualquer acidente pode ser preocupante”, diz.
Ela aponta portas e janelas como principais fontes de preocupação, porque podem provocar acidentes graves. “Sabe aquelas portas pivotantes? Aquelas fixadas na parte superior e inferior e que giram em torno de um eixo vertical? Tenho visto em vários projetos, instaladas com mais frequência nas residências e, no vão entre o batente e a folha da porta, cabe um bracinho ou até a cabeça de uma criança pequena, portanto um sinal de alerta”, destaca a professora.
“Janelas altas e guarda-corpos devem ser protegidos por redes ou grades e, nas escadas, pode-se instalar portõezinhos”, enfatiza Márcia.
De olho nas instalações elétricas
As instalações elétricas também merecem uma atenção especial. Hoje há dispositivos para bloqueá-las. Mas, caso a criança coloque algum objeto pontiagudo condutor de eletricidade, é possível ocorrer um acidente. Portanto, utilizar o fechamento das tomadas mais baixas é uma solução prática.
“É bem comum deixarmos cabos de carregadores de celulares expostos. E eles podem parar na boca dos pequenos ou serem puxados, já vi isso acontecer”, lembra a professora de design. Neste caso, a recomendação é optar por tomadas altas, com carregadores embutidos nos móveis, sem fios aparentes ou rentes ao chão. Outra opção é instalar portinhas de serviço nas marcenarias, para ocultar tomadas e fios, ou instalar tomadas nas gavetas, para que os carregadores fiquem guardados e seguros.
Mesmo crianças maiores podem se machucar em banquetas ou cadeiras mais altas, por exemplo, projetadas para uso adulto, que costumam ser utilizadas nas cozinhas abertas. Esse tipo de mobiliário pode provocar acidentes graves, já que não protege as costas e desequilibra facilmente com os movimentos da criança.
Opte por móveis mais arredondados e sem pontas, para evitar galos nas cabeças e arranhões. Um jeito simples de prevenir esse tipo de acidente, se não puder trocar o mobiliário, é utilizar protetores de silicone nas quinas mais perigosas.
A arquiteta Beatriz Quinelato, que também acumula experiência como profissional e mãe, alerta para questões práticas, que não requerem obra ou repaginação.
“A altura dos produtos de limpeza e químicos deve ser observada, assim como o acesso à cozinha para os pequenos. Cuidado com peças de vidro e móveis soltos que podem cair em cima da criança, ou ainda portas de armários fáceis demais para abrir (deixando produtos perigosos à disposição de bebês, por exemplo).”
Travas de silicone para impedir a abertura de portas e protetores para gavetas são encontrados facilmente e ajudam a manter portes de vidro e produtos de limpeza longe das crianças.
Fique atento a eletrodomésticos que esquentam, como ferro de passar, fornos, cooktops. Muitas vezes eles são colocados em áreas de circulação ou em ilhas, ao lado do espaço de alimentação e ao alcance da criança.
Quando possível, vale criar uma mesa de refeição, de preferência na área da cozinha, que possa receber um cadeirão de bebê e uma cadeira confortável para quando ele crescer.
Além disso, invista em pisos antiderrapantes ou tapetes emborrachados na cozinha, banheiros, áreas de serviço e áreas externas, para impedir que seu filho escorregue.
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É possível aliar conforto, design e praticidade
Transformar uma casa para receber crianças não significa esquecer o design. As soluções passam por aliar o conforto à praticidade usando materiais resistentes, mas que proporcionam beleza nos ambientes.
No quesito praticidade, é interessante que a família pense na limpeza de superfícies. É comum que as crianças apresentem problemas alérgicos causados por poeira, como rinites e bronquites. Assim, opte por materiais fáceis de limpar, como pisos e rodapés laváveis, móveis sem muitas frestas, tapetes impermeáveis e cortinas e estofados de tecidos impermeabilizados ou de fácil manutenção.
É importante lembrar também do conforto térmico e acústico. Crianças passam muito tempo sentadas no chão e, nos dias gelados, pisos frios provocam desconforto. Opte por revestimentos mais quentes, como os vinílicos de fácil colocação, para os locais de brincar e assistir TV. Tapetes antiderrapantes também vão evitar escorregões e tropeços.
Outra dica interessante são os tecidos para sofás com tratamento naval, que unem conforto e praticidade. Há opções em veludo, camurça e até atoalhados.
Beatriz Quinelato chama atenção para a necessidade de deixar áreas mais livres na casa. “Pensar no espaço e conforto para o crescimento e evolução desse bebê também é importante. Uma casa com muitos móveis dificulta, por exemplo, o engatinhar e o andar. Ter espaços abertos, com menos mobiliário, favorece muito essa etapa.”
Crie um espaço aconchegante e divertido só para as crianças
Não se iluda: crianças se espalham pela casa. Mas é possível criar espaços mais atraentes e específicos para elas. A começar pelo quarto de dormir.
Quando o quarto é criado para um bebê, existem as regras básicas: berço adaptável para cada etapa do crescimento, evitar almofadas e cordões que possam provocar sufocamento, ter uma poltrona confortável para amamentação, iluminação com dimmer para controle de intensidade, arandelas ou abajur, evitar objetos que possam provocar quedas ou trombadas da mãe com seu bebê.
Mas um bom projeto deve pensar além da primeira fase da criança. Lembre-se que seu filho ou filha vai crescer e é interessante que o quarto cresça com ele. “Eu prefiro móveis e acessórios que sejam adaptáveis ao tamanho da criança”, diz a professora Márcia.
Uma escrivaninha, por exemplo, pode ter um tamanho adaptável, para as fases do desenvolvimento. Mesma orientação para as cadeiras. Aliás, nesse quesito, móveis multiusos, como pufes-baú, nichos e caixas com rodinhas, facilitam na hora de guardar os brinquedos, aumentando o espaço de armazenamento.
“Um ambiente aconchegante, colorido, fácil de limpar, com tudo à mão, torna o brincar tranquilo, organizado, sem a preocupação com bagunça”, diz Márcia. “Mas um lar é um local em movimento, principalmente com crianças. Imaginar que esse local ficará sempre arrumado e perfeito é algo inatingível, que trará estresse e decepção. Seguir um bom projeto vai fazer com que a rotina seja mais tranquila e a casa tenha harmonia”, complementa.
Deixe o apartamento mais seguro para seu filho
- Coloque redes em janelas altas e guarda-corpo
- Instale portõezinhos nas escadas
- Feche tomadas com protetores específicos
- Não deixe fios, carregadores e dispositivos eletrônicos ao alcance das crianças
- Evite usar cadeiras e banquetas altas
- Prefira marcenaria com pontas arredondadas. Caso, não seja possível, utilize protetores de quinas feitos de silicone nas beiradas
- Guarde produtos de limpeza e objetos pesados em locais sem acesso à criança
- Invista em pisos antiderrapantes ou tapetes emborrachados na cozinha, banheiros, áreas de serviço e áreas externas
- Opte por revestimentos mais quentes, como os vinílicos de fácil colocação, para os locais de brincar e assistir TV
Colaboração de Marcela Guimarães