Gatos e cachorros estão cada vez mais presentes na vida de brasileiros de diferentes perfis: idosos, jovens, casais e famílias com crianças. Mais do que simples animais de estimação, os bichinhos são vistos como membros da família e existem decoração de apartamentos especialmente para eles, além de dicas e cuidados para ter cachorros, que são um dos pets mais comuns dos brasileiros.
A Radar Pet de 2021, pesquisa publicada no final do ano pela Comissão de Animais de Companhia (Comac) do Sindicato Nacional da Indústria de Produtos para a Saúde Animal (Sindan), revelou que 24% dos donos de cães consideram o animal como filho; no caso de gatos, o número chega a 27%.
Os casais sem filhos, famílias com crianças pequenas e com filhos jovens/adultos lideram os perfis de quem possui gato e/ou cachorro, representando mais de 20% dos grupos que possuem algum animal.
Crédito da Foto: Ambiente Pet
O fenômeno já ganhou até nome nas ciências humanas: família multiespécie. É por essa razão que os ambientes voltados para os animais estão em alta e a compra de apartamentos com esse tipo de acomodação estão em alta. Chamados de pet place, os novos apartamentos estão apostando nesse espaço de convivência como um atrativo para os moradores.
Adriano Afonso, gerente comercial da Cury em São Paulo e Rio de Janeiro, contou que todos os apartamentos entregues pela construtora desde 2020 possuem pet place. Em um país com mais de 130 milhões de pets , a importância desses espaços é enorme, comenta o executivo.
O que é um pet place?
Crédito da foto: Ambiente Pet
O pet place ou espaço pet é uma denominação genérica para espaços – geralmente compartilhados – que oferecem uma infraestrutura adequada para animais.
Existem dois tipos principais: o Pet Play, que é um espaço de convivência e atividade para os animais, e o Pet Care, um ambiente voltado para os cuidados de higiene e estética do bichinho.
A criação desses espaços não é algo tão simples e requer cuidados únicos de quem entende do assunto. Foi pensando nisso que Renato Moraes, formado em medicina veterinária e engenharia civil, decidiu criar sua própria empresa, a Ambiente Pet.
Renato Moraes defende que um espaço verdadeiramente pet friendly necessita de técnicas construtivas próprias pensadas para o bem-estar e segurança do animal e da pessoa que o acompanha. Ele explica que é fundamental que um pet place possua equipamentos apropriados para o enriquecimento do ambiente, e seja capaz de ser compartilhado entre humanos e animais com higiene, conforto, bem-estar e segurança de ambos.
Crédito da foto: Ambiente Pet
Por essa razão, Moraes explica que não é possível chamar de “pet friendly” um espaço que seja adequado para o pet, mas ofereça algum tipo de risco para a criança que o acompanha, por exemplo, ou vice-versa.
“As últimas duas décadas foram marcadas pelo aumento dos sentimentos em relação aos animais como companheiros. Eles deixaram de dormir na casinha do lado de fora da casa para conviver dentro dos lares e até dormir na cama de seus tutores. Como consequência, tratamentos estéticos, muitas vezes, semanais e cuidados com a saúde em centros especializados ganharam força”, avalia Moraes.
Vantagens do pet place
Cuidar da saúde do animal de estimação é uma das prioridades dos tutores. Um levantamento do Instituto Pet Brasil (IPB) mostrou que o gasto médio mensal do brasileiro com cachorros é de R$ 408,76, enquanto com gatos gira em torno de R$ 200,19.
Para Moraes, o pet place é uma maneira saudável de garantir o bem-estar do animal. Ele explica que é muito importante a socialização dos animais com outros, sobretudo da mesma espécie. Assim, cães que convivem com outros têm menores níveis de estresse e suas consequências à saúde.
Crédito da foto: Ambiente Pet
Outro ponto fundamental que Moraes destacou está relacionada diretamente à saúde do morador, que se força a fazer uma caminhada para curtir o momento com o seu pet e já realiza uma atividade física.
Além de oferecer uma opção de lazer para os animais, os pet places (especialmente o pet play) são vistos hoje como uma forma de trazer mais segurança aos moradores e evitar que sejam expostos à criminalidade na rua. Para Afonso, nesses espaços, os donos dos animais contam com um local seguro e prático para levar seus pets sem ter que sair do condomínio onde moram.
Moraes contou que um de seus clientes, um prédio em Moema, bairro nobre de São Paulo, relatou que 75% das razões das movimentações dos condôminos para fora da portaria eram para levar o animal para passear. O sequestro de animais é uma triste realidade em grandes cidades, sem levar em conta os demais crimes. Esse espaço dentro do condomínio reduz a vulnerabilidade da segurança, afirma o empresário.
Em São Paulo, o sequestro de animais de estimação disparou nos últimos anos. Segundo um levantamento feito pela Secretaria de Segurança Pública (SSP), houve um aumento de 110,8% na captura de cães entre 2017 e 2018.
Como é feito um projeto de espaço pet no condomínio
A criação de um projeto de pet place no condomínio exige alguns cuidados que vão além da segurança: higiene, mobilidade e lazer. É mais um diferencial nos condomínios com área de lazer em São Paulo.
A construtora costuma buscar opções de brinquedos para espaços pet separados por espécies. É muito comum alguns condomínios mais luxuosos terem áreas exclusivas para gatos e outras para cachorros – já que são animais que demandam cuidados e possuem rotinas distintas.
No caso dos cachorros, uma área para correr, túneis e outros brinquedos são projetados para que o animal consiga gastar energia pulando, caminhando e se exercitando.
Já nos espaços pets para gatos, não podem faltar prateleiras e arranhadores para os bichinhos poderem saltar, arranhar e interagirem entre si.
Mercado pet em ascensão
Existem mais pets nos lares do que crianças atualmente no Brasil. Segundo pesquisa do IBGE de 2020, em parceria com o IPB, até 2018 o número de crianças era de 35,5 milhões, enquanto o número de pets é bem mais expressivo, na casa dos 139 milhões.
O mercado pet cresce na mesma proporção. Durante a crise do coronavírus, enquanto muitas empresas sofriam para manter o negócio funcionando (e lucrando), este setor cresceu quase 18% só no Brasil. A expectativa do IPB é que em 2022 o crescimento seja de 14%.
Afonso afirma que a Cury já começou a sentir que os clientes da construtora buscam atualmente acomodações que irão receber seus pets com segurança. Ele conta que, para muita gente , os pets são parte da família, e consequentemente ter um Pet Place vem sendo um fator decisivo no momento da escolha da nova casa.
Além dos pet plays, a Cury pretende inaugurar condomínios com pet care, ou seja, espaços para cuidados dos animais, da higiene e estética de forma compartilhada entre os moradores.
* Colaboração Yeska Coelho
Comentários
eduardo
Excelente matéria. Que espaço lindo... parabéns Dr. Renato.
Danila
Boa tarde! Meu condomínio tem um espaço Pet mas o está mal cuidado fedido e com muitas sujeiras que os próprios moradores deixam no local fora que não tem mais grama de um lado e fica no barro ! O que podemos colocar no lugar da grama pra ficar mais higiênico? Aguardo
Deixe seu comentário