Imagine a situação: você faz uma mudança ou vai receber uma peça de mobiliário que comprou em uma loja, mas o objeto não passa pela porta, não entra no elevador e nem sequer pode ser levado pelas escadas de um prédio. Isso é bem mais frequente do que muita gente pode imaginar. Nesse caso, a única saída é usar janelas e varandas, fazendo o içamento das peças.
Hoje há tecnologia, soluções simples e empresas especializadas que resolvem tudo sem dor de cabeça, mas valem alguns cuidados.
“O arquiteto ou morador que procura o serviço de içamento precisa investigar a idoneidade da empresa, saber se possui apólice de seguro em caso de avarias e se é uma apólice vigente, se a empresa trabalha com engenheiros qualificados registrados pelo CREA (Conselho Regional de Engenharia e Agronomia)”, recomenda Marcelo Jesus, sócio-proprietário da MCJ Içamentos.
É comum, nas grandes capitais, que as empresas de mudanças ofereçam o serviço. Com isso, o contratante só tem que passar as informações sobre a nova moradia, como enviar foto da fachada do prédio ou casa.
A empresa analisa se o local (unidade e fachada) é de fácil acesso, se precisa de material adicional, se há espaço para o objeto ser colocado dentro do condomínio ou se será puxado direto da área externa do prédio.
Quando a peça superdimensionada vem de uma loja – tampos de mesas, colchões e geladeiras, por exemplo – o comprador terá que procurar a empresa de içamento por conta própria.
Os valores vão depender do endereço, do andar para o qual a peça será içada e das dimensões da peça. Por exemplo, para um sofá com 2,80 m e até 100 kg, fica em torno de R$ 400. Importante: a empresa de içamento não busca a peça na loja. Esse serviço terá que ser feito por uma transportadora, que pode ser parceira da loja em que a peça foi comprada.
Observe as regras do condomínio
Para que o trabalho de içamento ocorra sem problemas é preciso saber exatamente as regras aprovadas pela convenção do condomínio. É comum que as empresas entrem em contato direto com a administração.
“Alguns condomínios autorizam o içamento em determinado horário, outros exigem acompanhamento do Corpo de Bombeiros ou do zelador. Há administrações que exigem a apresentação de documentos específicos, como a ART (anotação de responsabilidade técnica) que acompanha um laudo técnico assinado por um engenheiro responsável ”, explica Stefanyi Amorin, auxiliar da MCJ Içamento.
Como funciona o sistema de içamento de móveis?
Cada empresa pode desenvolver o seu sistema de içamento, mas costuma ser simples e inclui: dispositivos de transporte vertical de materiais (como pequenas gruas) instaladas na parte interna do apartamento ou casa, cordas, ganchos e mantas específicas.
“Nós trabalhamos com uma mini-grua, um equipamento portátil, pequeno, mas eficiente”, explica Marcelo Jesus, da MCJ.
“Todo mundo imagina que vai chegar aqui um guindaste ou aquela carreta enorme. E quando eles se deparam com aquele carrinho todo desmontável, que em instantes vira uma mini-grua, ficam surpresos que o material compacto consegue fazer o içamento com segurança”, brinca o especialista.
Essa mini-grua, usada pela MCJ, é montada na varanda ou próxima à janela. São colocados contrapesos em sua base para que ela fique firme. O dispositivo tem uma ponta que vai para frente e para trás, deixando o objeto afastado da fachada do prédio.
“Quando é feita uma cotação, o cliente fala: eu tenho um sofá de três metros, aproximadamente 200 quilos. Então, sabemos o que levar ao local e quantas pessoas estarão na equipe. Muitas vezes é necessário ir até o endereço e fazer uma análise, verificar as medidas, levar a quantidade de contrapeso exigida para aquela carga”, explica Marcelo.
“Nem sempre uma peça a ser içada pode ser colocada do lado de fora do prédio. Pode ter que parar no lado interno e sair através de um portão”, enfatiza.
Os funcionários da empresa de içamento fazem todo o processo de encaixe das cordas, ganchos e acionamento de um motor que vai puxando o objeto para dentro do apartamento.
Mantas, papelão e plástico cobrem grades, peitoris de janelas, pisos e protegem paredes e móveis que estarão próximos à entrada do objeto. A preocupação é não danificar o móvel e os acessos ao apartamento.
Qualquer peça pode ser içada?
Além de içar sofás e colchões, que são bem comuns, é possível içar vários tipos de objetos, como esteiras de ginástica e pianos, e eletrodomésticos como geladeiras. “Já fizemos o içamento de banheiras, ofurô, SPA e até de um carro”, conta Marcelo Jesus.
Mas tudo vai depender dos critérios de cada empresa. “Hoje a MCJ trabalha com capacidade limite de 800 quilos. Porque esse é o limite de segurança especificado pelos engenheiros que desenvolveram nossos equipamentos. Quem confecciona as máquinas e faz a inspeção dos cabos, cordas e outros aparatos de elevação, vai determinar qual é a capacidade máxima.”
Algumas peças precisam de tratamento diferenciado para serem içadas. Tampos de mármore ou vidro recebem uma embalagem exclusiva, que a equipe de içamento faz no local. Há móveis que precisam receber caixas de madeiras construídas no local. Objetos maiores e mais delicados – que exigem embalagem específica – ficam mais caros na hora do içamento. Lembrando que o cálculo levará em conta o peso, dimensões e grau de dificuldade para subir ou descer a peça.
O que fazer com as redes de proteção das janelas?
Há duas possibilidades: a remoção pode ser feita pela equipe de içamento, com todo cuidado para que a rede não seja danificada, no dia da mudança. A recolocação também é feita no mesmo dia, após o trabalho. Neste caso, recomenda-se que o morador chame um especialista posteriormente para ver se a rede está segura.
O cliente também pode optar por chamar uma empresa especializada para retirar a proteção antes do içamento e recolocá-la após o trabalho, o que é mais indicado.
Colaboração de Marcela Guimarães