Acidentes acontecem com certa frequência, mas nem por isso as pessoas vivem preparadas para lidar com situações extremas. Em busca de mais tranquilidade, muitos brasileiros têm optado pela contratação de seguros residenciais. De acordo com dados da Confederação Nacional das Empresas de Seguros Gerais, Previdência Privada e Vida, Saúde Suplementar e Capitalização (CNseg), o segmento cresceu 16,9% até agosto de 2021, em comparação com o mesmo período de 2020. Apesar disso, muitos proprietários e inquilinos ainda questionam: o que é seguro residencial e se vale a pena pagar?
O que é seguro residencial?
O seguro residencial é um tipo de seguro de propriedade que cobre um imóvel, seja ela um apartamento ou casa. Quem contrata esse tipo de seguro passa a ter a sua residência protegida contra incêndio, vendaval, queda de raio, roubo, danos elétricos, desmoronamento e possíveis danos a terceiros, além de outras coberturas extras que variam a depender da instituição contratada e do tipo de cobertura do seguro.
Por que contratar um seguro?
Acidentes em casa se tornaram ainda mais frequentes durante a pandemia. De acordo com a Organização Mundial da Saúde, os acidentes domésticos cresceram 30% durante o período. Se os incidentes se tornaram corriqueiros, o que não é comum é contar com um seguro sem sequer saber que ele está ali. Por isso, contratar um seguro residencial é a maneira mais eficaz de
proteger o patrimônio e estar amparado num imprevisto ou acidente, como um incêndio, vendaval, quebra de vidros e roubo, por exemplo.
Vale a pena ter seguro residencial?
Essa é a dúvida da maior parte das pessoas que pensam em contratar o produto. Isso porque muitos dos motivos para fazê-lo parecem não ser frequentes ou controláveis, pois mesmo tomando uma série de cuidados, sinistros (acidentes que estão previstos nas apólices de um seguro) podem acontecer.
No caso de apólices de seguros de veículos, por exemplo, os sinistros podem contemplar desde riscos e arranhões até furto, roubo e eventuais danos a terceiros. Já no caso dos seguros residenciais existem alguns tipos de sinistros possíveis, sendo os principais incêndio, raio, explosão, quebra de vidros, roubo ou até uma responsabilidade civil familiar, que consiste na indenização à vítima por danos que tenham sido causados pelo segurado ou por pessoas que estejam relacionadas à ele, como cônjuge, funcionários e familiares que vivam no mesmo ambiente.
Por tudo isso, a resposta para a pergunta é: Ter um seguro residencial vale a pena dependendo dos tipos de riscos aos quais o imóvel esteja mais ou menos suscetível. Em todo caso, as principais vantagens são:
Proteção
A primeira e principal vantagem em possuir um seguro residencial é ter uma cobertura para os sinistros que protegem a sua casa. Adquirir um imóvel certamente demandou um investimento alto e tê-lo sob proteção de qualquer sinistro é uma maneira de proteger não só o seu patrimônio, mas também o seu lar.
Economia
Existe um consenso de que a maioria dos seguros têm um ótimo custo-benefício. Afinal, você pode encontrar seguros que custam a partir de R$ 170 por ano e vantagens que vão além da cobertura de sinistros. No momento de pesquisar o produto com melhor cobertura, verifique quais opções oferecem serviços assistenciais como chaveiro, eletricista, encanador, vidraceiro, desentupimento, limpeza, entre outros. Esse certamente será um diferencial, já que ajudará você a economizar com a manutenção.
Tipos de cobertura do seguro residencial
Estar coberto por um seguro residencial pode ter muitas vantagens não só para eventos inesperados, como também para demandas do dia a dia. O que estará coberto no seu contrato deverá ser definido com o corretor e/ou instituição que vende o produto.
Vanessa Santos, dona da Ágape Corretora, explica que, quanto maior a cobertura, maior será o valor do seguro residencial. Além disso, o lugar onde está localizado o imóvel pode interferir no preço. “O valor mais caro pode variar, mas a média é de R$ 500 por mês. Isso depende do valor do imóvel também. Não tem um valor determinado. A cobertura mais cara hoje para seguro de casas é a que cobre roubos. Já para apartamento, a cobertura que pode ficar mais cara é a que cobre rupturas da tubulação e danos elétricos”, explica a corretora de seguros e benefícios.
explosões (de qualquer origem);
incêndios (de qualquer natureza);
fumaça;
queda de aeronaves.
roubo e furto de bens;
danos elétricos;
prejuízos causados a terceiros (responsabilidade civil familiar);
vazamento de tubulações;
vendaval, ciclone, furacão, tornado, granizo.
Como fazer um seguro residencial?
Qualquer pessoa pode contratar um seguro residencial, mas alguns pontos devem ser observados para não cair em golpes ou esperar mais do que o que foi contratado em caso de sinistro.
1- Investigue
Para isso, é importante pesquisar as opções de seguradora ou corretora e verificar se ela é autorizada pela SUSEP (Superintendência de Seguros Privados). Os seguros variam de acordo com os tipos de cobertura e valores.
2- Compare
A dica é: faça pesquisa de preço e avalie qual tem o melhor custo-benefício. Em geral, contratar este serviço é simples e fácil. Os documentos solicitados são RG, CPF e endereço.
3- Verifique
Leia quantas vezes for necessário a apólice do seguro até ter certeza de que está de acordo com todos os itens da cobertura. O documento reúne todas as cláusulas e condições do contrato. A apólice tem tudo o que está sendo de fato contratado, o que está coberto e descoberto.
4- Cuide
Guarde a apólice em um lugar que possa acessar facilmente quando precisar. Além de ter uma versão impressa, guarde uma cópia da apólice em algum dispositivo eletrônico seguro.
De maneira geral, as corretoras, seguradoras e instituições financeiras que realizam seguros residenciais fazem o atendimento e contratação de maneira virtual também. “Fazemos tudo on-line, com os dados principais do segurado, endereço do local de risco, dados bancários, cartão de crédito ou boleto, caso a pessoa escolha”, conta Vanessa Santos.
Seguro com IDT
De acordo com dados divulgados pela Susep (Superintendência de Seguros Privados), no Brasil, a venda de seguros residenciais cresceu 12,8% em 2021. Entre os meses de janeiro e junho de 2022, o setor cresceu cerca de 16,4%, em comparação com o mesmo período do ano anterior.
Esse aumento revela o crescimento de uma percepção: você pode estar em dia com todo o tipo de manutenção, com todos os cuidados e prevenções e, ainda assim, ter prejuízos estruturais no seu lar por causas externas. Por isso, se você reside em bairros centrais de cidades grandes é bem provável que receba a indicação da contratação do IDT, que significa Incêndio Decorrente de Tumulto.
Esta é uma cobertura adicional no seguro residencial e, apesar de não ser muito conhecida, é uma opção a se considerar na hora de compor a apólice. “Ela é uma cobertura focada na possibilidade da sua residência ser incendiada em decorrência de um tumulto, como manifestações e depredações, geralmente ocorridos em protestos em áreas urbanas”, explica Vanessa.
Entretanto, a contratação do IDT no seguro residencial não cobre problemas causados por umidade, ferrugem, infiltrações, qualquer tipo de corrosão, mesmo as causadas por problemas ambientais, ou problemas com chuva, areia e terra dentro de casa, mesmo que tenham entrado pela janela, portas ou de outra forma. Danos causados durante a construção também não são cobertos.
Benefícios do seguro residencial
O caso a seguir ajuda a ilustrar a resposta: a jornalista Luísa Gonçalves viveu uma experiência traumatizante no apartamento onde morava e contar com um seguro residencial fez toda a diferença. No início de 2020, ela chamou a assistência técnica para fazer a manutenção do seu aquecedor e foi realizada uma limpeza. Além disso, ela foi orientada a trocar as pilhas do aparelho. Aparentemente o problema estava resolvido, mas aí, o simples ato de ligar o chuveiro para tomar banho foi o gatilho para o incêndio que tomou conta de toda a área de serviço. “Minha cunhada ligou o chuveiro e logo depois viu pela janela do banheiro o fogo subindo. Ela estava só em casa. Tenho uma filha de 3 anos. Graças a Deus ela não estava em casa”, conta Luísa.
A cunhada de Luísa foi rápida e logo conseguiu pedir ajuda. O porteiro do prédio apareceu com um extintor e apagou o incêndio. Mesmo assim, toda a área de serviço foi atingida pelo fogo, e a cozinha e a sala foram afetadas pela fumaça. O pior: o imóvel não tinha seguro residencial.
Tudo parecia perdido, mas o que Luísa não sabia era que o prédio onde morava tinha um seguro que contemplava as instalações do edifício e também as unidades de cada morador. Ao contactar a seguradora, ela teve a grata surpresa de conseguir a cobertura de R$ 15 mil dos R$ 20 mil em danos e prejuízos ocasionados pelo incêndio. “O seguro cobriu a maior parte dos prejuízos com coisas que quebraram, pagaram conserto do tanque, mão de obra dos pedreiros, limpeza do sofá e tubulação de gás para o fogão”, conta.
Cuidados preventivos
É claro que ninguém contrata um seguro esperando pelo momento de acioná-lo, mas uma série de cuidados podem e devem ser tomados para prevenir acidentes, como:
- Ficar atento à manutenção do encanamento e da instalação elétrica;
- Desligar o gás quando for sair de casa por longos períodos;
- Não deixar cabos ligados nas tomadas o tempo todo;
- Acompanhar as condições climáticas da região;
Como não pode mais contar com a sorte, o imóvel onde ela vive agora é financiado e está coberto com seguro residencial. Hoje, apesar do trauma de aquecedores, a jornalista aprendeu uma lição antiga, mas que nunca sai de moda: prevenir é melhor do que remediar.
Colaboração de Michele Louvores
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