Estar atrasado e não encontrar uma peça de roupa ou objeto é um daqueles pequenos estresses que fazem parte da rotina de muitas pessoas. Junte a isso brinquedos espalhados pela casa, utensílios de cozinha difíceis de localizar e até cosméticos que estragam por falta de armazenamento correto e o que se tem é um cenário que dificulta ainda mais a nossa vida. Esses são alguns dos problemas de quem sofre em como organizar a casa.
“Quando as coisas não estão em ordem, muitas pessoas preferem sair mais de casa para não conviver com a bagunça. Estar numa casa organizada gera prazer, bem-estar e a casa passa a funcionar como um ponto de recarga de energia”, afirma Adriana Plaza, proprietária da Vida Bem Organizada. Especializada em serviços como organização residencial, gestão de mudanças e organização de fotos, a empresa existe desde 2017 e já ajudou centenas de clientes a “colocar a casa em ordem”.
Antes um serviço requisitado com mais frequência por mulheres que trabalham fora e que têm filhos, nos últimos anos a organização residencial passou a interessar também a outros públicos, como casais mais velhos que já não moram mais com os filhos, homens solteiros e recém-casados. “Desde a pandemia, as pessoas passaram a ficar mais tempo em casa e, consequentemente, a conviver mais com suas próprias bagunças. Muitas mudanças e arrumações que elas vinham adiando tiveram que ser encaradas e isso gerou um aumento da demanda por este tipo de serviço”, destaca.
Como organizar a casa
Uma das situações que mais geram estresse e impactam diretamente na organização dos imóveis é a realização de reformas. Esse foi o caso da economista Alessandra Rodrigueiro, que, em 2019, reformou o apartamento que mora com o marido e duas filhas. Nesse período, ela contratou Adriana para ajudar com a mudança e a organização do imóvel pós-reforma. “Antes da organização residencial eu não tinha critérios definidos (para arrumar a casa), era uma espécie de organização mais tradicional. O que mais me impressionou no serviço foi o fato de que cada coisa passou a ter um endereçamento específico e uma lógica para isso”, conta a economista.
Além da organização em si, o serviço incluiu um treinamento para a empregada doméstica que trabalha na casa de Alessandra, que passou a seguir as orientações. “Com a organização e o treinamento, conseguimos manter a arrumação de 2019 até hoje e não precisamos contratar novamente”. Esta, inclusive, é uma das características dos serviços de Adriana. “Utilizamos uma metodologia voltada para a praticidade e facilidade de manutenção. Tudo é feito para que a pessoa consiga manter o que foi feito depois. É um investimento que ela vai fazer pontualmente e depois disso a ideia é que ela consiga manter sozinha”, afirma.
Dicas de organização para a casa
Como organizar um quarto pequeno
Uma das tendências do mercado imobiliário brasileiro é a diminuição na metragem dos imóveis que vêm sendo lançados, o que representa mais um desafio para quem quer manter a casa organizada. Segundo Adriana, a organização de ambientes pequenos passa, antes de tudo, por uma mudança de mentalidade.
“Existem dois caminhos que são diametralmente opostos: de um lado, a diminuição da metragem dos apartamentos, do outro, um aparente aumento de consumo por parte das pessoas. Então, é difícil colocar tudo que você compra num espaço cada vez menor. O desafio é a mudança da mentalidade das pessoas em relação ao próprio consumo. O espaço tem limites e é ele que vai limitar o quanto você pode consumir, e não o seu poder aquisitivo. Você pode ter dinheiro para comprar, mas se você não tiver o espaço e a organização, você vai viver no caos”, orienta.
Dicas de organização para ambientes pequenos
De olho no consumo
Fique atento àquilo que você compra. Espaços pequenos exigem uma mudança nos hábitos de consumo. Não dá pra comprar se você não tem onde guardar.
Use caixas organizadoras
Caixas plásticas, com boas tampas, servem não apenas para os brinquedos das crianças. Elas podem ser grandes aliadas para organizar casacos, sapatos e itens de decoração, entre outros itens. Dê preferência às caixas transparentes.
Identifique os itens
Uma boa forma de saber onde cada coisa está é utilizando etiquetas adesivas de identificação. Você também pode utilizar cores específicas para cada tipo de item.
Guarde de acordo com a frequência de uso
Tente deixar os itens que você usa com mais frequência sempre acessíveis. Roupas de inverno ou decorações de Natal, por exemplo, podem ficar em lugares mais altos ou distantes, já que são utilizadas com menos frequência.
Dicas de organização para casa
Banheiro
A umidade e as diferenças de temperatura podem afetar a validade e a composição de alguns produtos, como perfumes e maquiagens. Procure guardar esses itens dentro de um armário fechado, sem frestas.
Dispensa
Tme cuidado com a luz, quando expostos diretamente, alguns alimentos podem estragar mais rapidamente.
Visualização
Tente deixar todos os itens o mais visíveis possíveis, o que a gente não vê, a gente não usa.
Praticidade
Na hora de arrumar, procure considerar a rotina de cada ambiente. No quarto, quem levanta e se veste primeiro? Isso afeta como os objetos devem estar dispostos.
Como manter a casa organizada
Por mais importantes que essas dicas sejam, elas só vão fazer sentido se, depois da arrumação, a casa permanecer organizada. Para isso, a manutenção e a incorporação de certos hábitos à rotina são essenciais, o que não significa que a bagunça nunca mais estará presente. “As pessoas têm essa ilusão de que uma casa organizada nunca tem nada fora do lugar. Não é isso. Uma casa tem vida, principalmente uma casa com crianças. O importante é que, no final do dia, cada coisa tenha um lugar certo para voltar. E, além disso, a pessoa precisa ter a disciplina de voltar aquele objeto para o lugar, mesmo que não seja na hora”, destaca Adriana.
Mesmo sem a contratação de um profissional é possível cultivar pequenos hábitos que ajudem a organizar e manter em ordem uma residência.
Identifique o maior problema
Para Adriana, o primeiro passo é descobrir o que mais te incomoda e começar por isso. “A pessoa precisa fazer uma análise e entender qual é a sua maior dor. Por exemplo, pode ser closet ou um armário de roupa, uma dispensa, um armário de cozinha. O ideal, então, é começar por aí”, destaca.
Comece devagar para manter rápido
Outra dica importante é começar pequeno, mas manter a constância. “Tirar tudo de dentro de um armário é o maior erro que alguém pode fazer, porque muitas vezes as pessoas não têm paciência ou tempo necessário para concluir a arrumação. Se você só tem 15 minutos, comece com uma gaveta e vá fazendo aos poucos. Dessa forma fica mais fácil se manter motivado, porque é possível ver o progresso. E tudo bem não terminar num dia, o que importa é ter o comprometimento de continuar no dia seguinte ou no próximo dia que estiver disponível”.
Inclua as crianças no processo
Para pais e mães com filhos, outro fator importante é inserir as crianças nas rotinas de arrumação. “Quanto mais cedo a gente puder ensinar para a criança que ela tem que voltar as coisas pro lugar adequado, que ela precisa dobrar a própria roupa e guardar os próprios brinquedos, sapatos e livros, melhor. Sempre é tempo de aprender, não importa se o filho tem 10, 15 ou até 20 anos”, afirma Adriana. Mas, segundo a personal organizer, não adianta só ensinar, é preciso praticar também. Os filhos seguem os exemplos dos pais, por isso os pais precisam ser uma referência nesses hábitos”.
Façam uma triagem
Um dos momentos mais importantes da organização residencial é a seleção e ela é particularmente educativa para crianças. Nesta etapa, é realizada uma triagem e se decide quais itens serão mantidos, quais serão doados e, em alguns casos, até jogados no lixo. “Nessa hora é essencial respeitar a vontade da criança. Os pais não podem impor quais brinquedos ela vai doar, nem deixar que ela fique com todos. É um momento de negociação de muito aprendizado”, afirma. Segundo Adriana, esta também é uma boa oportunidade para discutir hábitos de consumo. “Lotar a casa de brinquedos não vai ajudar o filho no futuro, principalmente na organização. Dar uma consciência de consumo para os filhos desde cedo pode ajudá-los em vários aspectos da vida adulta”, finaliza.
Colaboração de Michele Louvores
Comentários
Irene modesto de almeida rogers
Eu gosto muito disso
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