Muitos donos (e futuros donos) de imóveis têm dúvidas na hora de pedir financiamento para a reforma da casa. Afinal, vale a pena contrair uma dívida para fazer a tão sonhada renovação do seu espaço? Como sempre acontece ao falarmos de vida financeira, a resposta para essa pergunta não é única, e conhecê-la requer planejamento e clareza das próprias necessidades e possibilidades de pagamento.
- O que é um financiamento?
- Financiamento para reforma de imóvel vale a pena?
- Como funciona o Construcard?
- Como financiar a reforma do imóvel pela Caixa?
- Existem outras soluções de crédito para reforma do imóvel?
- É possível obter crédito para reforma refinanciando meu imóvel?
- Como resgatar o FGTS para a reforma da casa?
- Como declarar a reforma do imóvel no Imposto de Renda?
- Como declarar a reforma do imóvel no Imposto de Renda segundo o ano de aquisição:
O que é um financiamento?
Um financiamento nada mais é que uma modalidade de crédito que possibilita a aquisição de um produto ou serviço seja paga em parcelas. Trata-se de uma operação financeira que obedece a uma lógica parecida com a do empréstimo.
No financiamento, porém, uma instituição credora possibilita uma determinada compra para o tomador interessado em um produto ou serviço. Esse indivíduo pagará aos poucos pela aquisição em prestações, sobre as quais incidem juros e outras taxas.
A diferença para o empréstimo é que o financiamento vincula os recursos liberados a um objetivo específico, como a compra de um carro ou uma casa. O empréstimo, por outro lado, pode ser usado conforme as necessidades do indivíduo que o contraiu.
No Brasil, o financiamento para compra de imóveis não permite aplicar parte dos recursos em obras e renovações. No entanto, certos bancos oferecem opções de crédito para reforma de imóvel. Alguns deles limitam essa oferta a quem já é cliente. Além disso, o dinheiro só pode ser usado para a compra de materiais de construção, em geral.
Reformas que incluam projetos arquitetônicos e paisagísticos, por exemplo, tem custos elevados com planejamento e mão de obra, que não estão cobertos por esse crédito. Nesse caso, uma boa alternativa é contrair um empréstimo com garantia de imóvel, também conhecido como home equity, como veremos adiante.
Financiamento para reforma de imóvel vale a pena?
Entender o que vale a pena para você – seja um financiamento para reforma da casa ou um empréstimo – passa por uma avaliação profunda das suas necessidades, seus recursos para arcar com a dívida e o perfil da reforma desejada.
Contrair um empréstimo, em vez de pedir crédito específico para materiais de construção, permite ao tomador investir em uma revitalização mais sofisticada. Parte do dinheiro pode ser usada para decorar o imóvel também.
Nesse sentido, o empréstimo pode ser uma boa opção para quem quer alavancar o preço de venda de um imóvel. “O crédito com garantia de imóvel (por exemplo) é uma ótima opção para quem está tendo dificuldades para vender um imóvel. Realizar uma reforma agregará valor e facilitará a venda”, destaca Thiago Maboni, da Loft.
Em outros casos, um empréstimo possibilita uma adaptação do imóvel com consequente redução de custos a longo prazo. Um projeto de terraço com painéis de energia solar, por exemplo, permite a uma família praticamente eliminar os gastos com energia elétrica.
Já as linhas de financiamento para reforma oferecidas pelos bancos liberam crédito a boas taxas e são úteis para quem sabe que precisa investir majoritariamente em materiais de construção para a obra.
Por outro lado, elas têm prazos de pagamento mais curtos, em geral de um ou dois anos. Isso dificulta a quitação de uma dívida muito alta. A exceção é o Construcard, da Caixa, que confere até 240 meses de prazo mediante garantia.
Entre uma modalidade de empréstimo ou um financiamento para reforma, o ideal é que o interessado no crédito coloque tudo na ponta do lápis antes de fechar qualquer negócio.
Como funciona o Construcard?
O Construcard funciona como um financiamento da Caixa Econômica Federal para a aquisição de material de construção. Como o nome já deixa claro, trata-se de um cartão, que pode ser usado em até seis meses depois de aprovado o crédito em lojas credenciadas. Depois desse período, o tomador começa a pagar pelas compras feitas. Os juros são aplicados proporcionalmente ao valor usado.
É importante destacar que despesas de mão de obra para a reforma não podem ser contraídas com o Construcard. Por outro lado, não há limite máximo para o valor do crédito no cartão. Os recursos aprovados baseiam-se no perfil do cliente e seu histórico como pagador.
O prazo do financiamento pode variar entre 1 e 240 meses (para quem apresentar alguma garantia para a operação), e é pago em tabelas do tipo PRICE. Nessa modalidade, o valor mensal permanece o mesmo até a quitação da dívida.
Como financiar a reforma do imóvel pela Caixa?
Para financiar a reforma do imóvel pela Caixa por meio do Construcard, você precisa reunir uma série de pré-requisitos. São aceitos indivíduos maiores de 18 anos ou emancipados, com contas correntes abertas na instituição e com bom histórico de pagamentos.
Em geral, os seguintes documentos são obrigatórios para quem quer fechar um financiamento para reforma com a Caixa:
- RG e CPF
- Comprovante de residência
- Comprovante de renda
- Documentos de garantia, se cabível (alienação fiduciária de bem móvel e caução de depósito ou aplicação financeira resultam em melhores condições)
- Comprovante de propriedade do imóvel
Existem outras soluções de crédito para reforma do imóvel?
Outros bancos oferecem opções de financiamento para reforma. Confira aqui alguns deles:
Financiamento para reforma no Bradesco
No Bradesco, há uma linha de crédito para compra de material de construção chamada CDC Material de Construção. Como todo Crédito de Direito ao Consumidor (CDC), é um financiamento que permite ao indivíduo fazer compras de produtos e serviços de forma parcelada.
Essa modalidade, no Bradesco, tem taxa de juros variável e prazo de pagamento de até 48 meses. O crédito é aceito em uma rede conveniada de lojas de materiais de construção, com valor liberado a partir de R$ 500 e IOF incluído no valor das parcelas. O pagamento da primeira parcela ocorre em até 62 dias.
Simulamos no site da instituição um crédito de R$ 30 mil pago em 48 meses com entrada de R$5 mil, e a taxa de juros obtida foi de 3,60% ao mês. O Custo Efetivo Total chegou a 3,84% ao mês.
Financiamento para reforma no BB
O Banco do Brasil oferece material de construção e móveis planejados em condições especiais de pagamento. A compras precisam ser de até R$ 50 mil, em estabelecimentos conveniados com o Banco do Brasil (que incluem Leroy Merlin, Quero-Quero e Todimo). Outras condições são:
- Pagamento em até 54 vezes
- Primeira parcela em até 180 dias
- A contratação é feita direto na loja, selecionando a opção de crediário nos cartões BB
Também existe a possibilidade de comprar materiais em outros estabelecimentos no prazo de 48 parcelas, carência de 59 dias e em compras de até R$ 10 mil, respeitando o limite de crédito que os clientes do banco já possuem em seus cartões.
Financiamento para reforma no Itaú
No Itaú, também é possível obter crédito para reformas sendo correntista do banco como pessoa física. As condições são as seguintes:
- Até 90 dias para o pagamento da primeira parcela
- Prazo de pagamento da dívida em até 48 meses (a depender da análise de crédito)
- Parcelas fixas e mensais
Para se beneficiar dessa linha de crédito, é preciso ir à agência com o orçamento da reforma em mãos. Caso já tenha comprado materiais da obra, é necessário levar um comprovante.
É possível obter crédito para reforma refinanciando meu imóvel?
Caso você não queira crédito com destinação fixa para a reforma e tenha um imóvel, uma boa alternativa é um empréstimo com garantia de imóvel (home equity), ou ainda de refinanciamento de imóvel.
É possível usar um refinanciamento para reforma sendo pessoa física ou jurídica, mas muitos bancos ainda não oferecem esse serviço para empresas. O home equity tem destinação livre, e o tomador pode gastar o dinheiro como bem entender. O lado bom é que o recurso pode servir para pagar profissionais, projetos de arquitetura, decoração, paisagismo e outros gastos para além dos materiais de construção.
A modalidade oferece taxas de juros mais baixas que o empréstimo pessoal e o cheque especial. Com o Loft Cred, a assessoria de crédito gratuita da Loft, as taxas partem de 10,7% ao ano em juros + IPCA. O prazo de pagamento pode se prolongar por até 12 anos. O montante liberado pelo banco chega a até 60% do valor do imóvel usado na operação.
Como resgatar o FGTS para a reforma da casa?
Ao contrário de quando é feito um financiamento imobiliário (quando uma casa está sendo adquirida por meio de uma operação de crédito), não há como resgatar o FGTS para a reforma da casa, segundo as regras da Caixa. O financiamento imobiliário prevê apenas a compra do imóvel – isso não inclui reformas e renovações.
No entanto, é possível usar parte do FGTS quando você recebe autorização para sacar uma fatia do seu saldo em dinheiro. Nesse caso, você recebe a quantia na sua mão e pode usá-la como bem entender. Em 2020, o saque do FGTS pode ser feito dentro das situações abaixo:
- Quando o trabalhador está sem emprego há pelo menos 3 anos seguidos, podendo retirar o dinheiro de contas inativas
- Quando o trabalhador é demitido sem justa causa
- Segundo políticas de saque do FGTS estabelecidas pelo governo federal, no mês em que cada um está autorizado a requisitar essa retirada
- Caso seja o mês de seu Saque Aniversário, também autorizado pelo governo federal por meio de uma medida provisória
Como declarar a reforma do imóvel no Imposto de Renda?
Declarar a reforma do seu apartamento no Imposto de Renda é obrigatório e permite a atualização do valor do imóvel junto à Receita Federal. Isso é bastante importante, pois o preço original do seu imóvel não pode ser aumentado com base apenas nas atualizações do valor de mercado atual dele.
Por isso, é importante guardar notas fiscais e comprovantes e preencher a declaração com muito cuidado. Você pode (e deve) incluir no Imposto de Renda os seguintes itens:
- Construção ou ampliação do imóvel
- Gastos com obras, como pintura, troca de azulejos ou pisos, renovação da rede elétrica
- Móveis planejados
- Revestimentos para a parte externa da casa, se cabível
Atenção: gastos com paisagismo e decoração (como móveis, tapetes etc) não podem ser incluídos como benfeitorias na declaração.
Como declarar a reforma do imóvel no Imposto de Renda segundo o ano de aquisição:
- Para propriedades compradas antes de 1988, é preciso selecionar a aba “Bens e direitos”, inserir o código 17, chamado de “Benfeitorias”, e colocar os dados necessários no campo “Discriminação”
- Para imóveis comprados depois de 1988, acesse a aba “Bens e direitos” e selecione o código 11 se for um apartamento ou 12 se for uma casa. Depois, declare as benfeitorias no campo “Discriminação”.
É possível corrigir declarações anteriores enviando uma declaração retificadora referente ao ano-calendário em questão.