Há mais pessoas morando em prédios do que em casas em São Paulo.
Essa marca foi batida apenas nesta década, quando a cidade atingiu 1,38 milhão de unidades de apartamentos (dados de 2020). A quantidade de casas é um pouco menor, ficando em 1,37 milhão de unidades. Os dados são de um estudo do Centro de Estudos da Metrópole, da Fapesp, que mapeou residências regularizadas na capital.
Segundo Guilherme Minarelli, um dos responsáveis pela pesquisa, ainda que não seja possível quantificar as unidades verticais vazias na cidade, é possível dizer que há mais pessoas habitando prédios em comparação com casas regularizadas, aquelas em ordem com todas as normas da prefeitura.
Esse processo de verticalização começou no final dos anos 1920 e um dos símbolos é o Edifício Martinelli, considerado o primeiro arranha-céu da cidade.
O movimento ganhou força especialmente a partir da década de 1950, na região do centro histórico, onde estava também a maior oferta de serviços e empregos. Por ali, edifícios icônicos foram erguidos: Cícero Prado, Copan e Viadutos, são alguns exemplos.
A construção de prédios seguiu caminho pela região da Avenida Paulista, Bela Vista, Itaim Bibi, Pinheiros e, mais recentemente, acompanhando as ofertas do mercado de trabalho, para as proximidades da Avenida Engenheiro Luís Carlos Berrini, no Brooklin, zona sul da cidade.
A idade dos imóveis varia bastante por região. No Centro, por exemplo, há uma predominância de prédios construídos entre 1950 e 1980. Na zona Oeste, os prédios mais antigos estão concentrados no Jardim Paulista e proximidades. As zonas Norte e Sul têm construções mais novas do que velhas, acompanhando a chegada relativamente recente dos postos de trabalho. E na zona Leste, a verticalização começou pela região do Brás e Pari.
No gráfico abaixo, é possível identificar picos de interesse em algumas regiões com novos lançamentos de imóveis ao longo do tempo:
Até a década de 1960, os lançamentos de prédios se concentraram na região central de São Paulo. Na década de 70, o mercado imobiliário voltou os olhos para a região da zona Oeste. A partir dos anos 80, a zona Sul também entrou com mais força no radar das incorporadoras. E as zonas Norte e Leste, que tiveram alguns picos nas décadas de 80 e 90, atingiram uma estabilidade a partir dos anos 2000.
Em um ranking dos top 10 bairros por número de imóveis, essa tendência fica bem clara:
Olhando separadamente para cada região, podemos ter um raio-x da idade dos imóveis por bairros. Mais de 70% dos apartamentos da Sé, no Centro, são anteriores a 1970. Na zona Oeste, Jaguara é o bairro com prédios mais novos, erguidos a partir da década de 90. O Jardim Ângela é o bairro da zona Sul com maior proporção de apartamentos da década de 2010. Na zona Leste, o Brás é o bairro com a maior proporção de apartamentos da década de 50. E na zona Norte, destaque para Perus, com muitos prédios construídos a partir dos anos 2000.
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Verticalização e mercado de trabalho
Saiba mais sobre a relação entre verticalização e mercado de trabalho em São Paulo assistindo ao minidocumentário abaixo, em que especialistas apresentam e discutem os caminhos e motores desse processo na cidade:
Infográficos: colaboração de Rodolfo Almeida