O que é preciso levar em consideração na hora de definir qual é o melhor apartamento para se viver? A posição do sol? O andar do prédio? O bairro? Se o endereço é silencioso ou perto de baladas? A resposta pode estar em todos esses quesitos juntos, mas com diferenças que vão depender do perfil de cada morador ou família e características do modo de vida desejado, mas vamos te ajudar como escolher o apartamento.
Como escolher o melhor apartamento
Não existe fórmula pronta para atender a todo tipo de perfil, apontam especialistas no mercado imobiliário. No entanto, é possível listar pontos essenciais que devem orientar essa busca: localização, luz do sol, necessidade de reforma, cozinha aberta ou fechada, condições das instalações elétricas, infraestrutura, vista, ruídos, garagem e lazer no prédio.
Além desses pontos, particularidades também podem direcionar a escolha correta, levando em consideração características dos moradores: solteiro, casal, com filhos, com pets, que trabalham em casa, que precisam de silêncio ou que gostam de estar perto do burburinho. Alguns detalhes farão diferença na qualidade de vida que o morador terá neste novo imóvel.
Como escolher apartamento: passo a passo
Elencar prioridades também é fundamental na hora da busca por um imóvel para morar, aponta Lívia Rigueiral, CEO e co-fundadora da startup Homer.
“O comprador costuma achar que tudo que está na cabeça, como ideal para se ter num imóvel, será possível. Mas é preciso escolher prioridades. Não vai existir imóvel no mundo que tenha todos os itens da lista de desejos e que caiba no seu bolso. Neste processo, você terá que abrir mão de alguma coisa, então faça uma lista daquilo que é prioridade e siga em frente”, aconselha.
Converse com o corretor
O primeiro item de um passo a passo é conversar com o corretor de imóvel, defende Lívia Rigueiral. “Um corretor mediano vende 3 a 4 imóveis ao ano e acumula muita bagagem, tem um olhar apurado, histórias de outros clientes que ele pode trazer pra você e vai saber te orientar e puxar o foco para algo que uma pessoa inexperiente não vê”, explica.
Essa conversa pode revelar detalhes sobre o seu modo de viver, desejos, estrutura familiar, costumes e até peculiaridades que fazem total diferença na escolha do imóvel. Detalhes podem interferir no dia a dia e transformar a escolha da moradia em dor de cabeça.
“Já me deparei com um caso em que o comprador se apaixonou por um apartamento, mas a vaga de garagem era compartilhada. Ele tinha um carro muito bacana e o corretor o alertou que aquela vaga ficava presa (na frente de outro carro). O corretor perguntou: você acha que vai querer deixar a chave do seu carro nas mãos de terceiros para manobrar o carro todo dia? Essa reflexão fez toda a diferença, e o cliente definiu por outro imóvel com vaga livre e maior”, conta Lívia.
Renata Gabriel, supervisora de vendas da Loft, também defende um bom papo com o corretor. “Isso pode ser feito na primeira visita. Você escolheu alguns imóveis pela internet, mas num papo, durante a primeira visita, aquele profissional experiente vai ser fundamental para entender desejos e ajudar a filtrar melhor sua busca”, diz.
“O corretor pode te ajudar a entender os critérios que são necessários para a sua moradia, pensando no uso que você fará, ou da sua família. Imagine uma pessoa que mora sozinha, que vá pra casa só para dormir. Ela poderia tranquilamente viver em uma kitnet, precisando apenas da paz de um sono tranquilo. Daí a busca será feita nesse sentido.”
Localização
A região escolhida para se morar deve combinar com o estilo dos moradores e oferecer serviços e opções de lazer que satisfaçam as necessidades. “Localização não é apenas o bairro ou a região (leste, oeste, norte ou sul) de uma cidade. É o entorno do prédio, a rua, o quarteirão. Por exemplo, se você prefere o silêncio, pode escolher um bairro mais central, e dentro dele uma rua mais silenciosa, com menos tráfego de carros”, orienta Renata Gabriel.
Facilidade de acesso a ônibus e metrô pode ser importante para alguns moradores que utilizam o transporte público para se deslocar pela cidade. “Essa questão é bem importante na hora de definir a localização do imóvel”, diz Renata. “Quando eu penso em localização, eu penso: como isso vai trazer comodidade pra mim e minha família no dia a dia?”
Lívia Rigueiral chama esta localização de micro-região. “Você deve escolher a melhor região pra você dentro daquele bairro. No Rio de Janeiro, por exemplo, há bairros muito grandes. Que ponto dentro do bairro tem mais sentido pra você morar? Essa micro-região tem os comércios que você quer por perto? O trânsito é intenso o tempo todo? É mais silencioso à noite? Tudo isso deve ser avaliado.”
Um ponto importante para encontrar a localização exata é pensar nos seus trajetos diários de carro. “Se você tem filhos, pensar na distância para a escola é uma questão relevante.”
Luz do sol
Luz da tarde ou da manhã? Face sul ou face norte? Essas são perguntas frequentes sobre a melhor posição do sol para trazer aconchego ao lar. Mas, novamente, vai depender do perfil dos moradores e de algumas características do imóvel, como tamanho do apartamento, quais cômodos serão mais ensolarados e se calor ou frio demais vão incomodar os moradores.
Nem sempre algo que parece positivo é a melhor opção para como você vive. Um exemplo é um apartamento com a face para o norte: por receber mais raios solares, principalmente no inverno, ele costuma ter um preço mais elevado e ser mais valorizado, já que oferece luz do sol constante todo o ano. Mas essa mesma luz tem desvantagens. “Eu me deparei no home office com uma situação que nunca imaginei: meu apartamento pega o sol da tarde, e o calor se tornou um problema, porque tenho que ligar o ar-condicionado e a conta de luz fica alta”, comenta Lívia Rigueiral.
Esse tipo de situação é bem comum. Por isso, durante a visita de escolha, é importante considerar o uso de cada cômodo e como está a disposição do sol. “Um apartamento pequeno, com sol da tarde batendo em todos os cômodos, pode ficar muito quente no verão”, alerta a supervisora Renata Gabriel. “Mas se você tem crianças em casa, vai querer uma lavanderia bem ensolarada para secar toda a roupa. Então, avalie cada ponto da sua rotina para tomar essa decisão.”
Renata recomenda que o interessado em um apartamento volte ao local em outro horário do dia, para ver a posição do sol e a temperatura, que podem mudar dependendo da posição do prédio.
Necessidade de reforma
Se você está buscando um imóvel para morar e precisa rapidamente dele, é importante pensar se há tempo e disposição para reforma do apartamento. “Quando você faz uma visita, fique atento para isso. Por uma questão de tempo, urgência. Como está o imóvel? Eu consigo me mudar hoje mesmo?”, questiona Renata.
Mesmo a obra mais simples pode alterar o cronograma de mudança – além de trazer surpresas que podem sair do orçamento previamente pensado. Os especialistas recomendam que este item esteja na sua lista de prioridades.
Cozinha aberta ou fechada
Você já ouviu a expressão “a cozinha é o coração da casa”? Tem sentido, quando pensamos nas três refeições diárias (ao menos) ou nos momentos de lazer com amigos e familiares em torno da mesa.
O conceito aberto, com a cozinha integrada à sala sem paredes, virou moda no design de interiores, principalmente para imóveis pequenos. Arquitetos argumentam que a fusão dos ambientes ajuda na amplitude e também cria uma área gourmet pronta para encontros.
Mas uma cozinha aberta pode não ser uma solução viável para quem trabalha com a comida, criando receitas, por exemplo. “Se você trabalha com um marmitex, cozinhando para fora, ter uma cozinha fechada vai impedir que o cheiro da comida se espalhe para o apartamento”, explica Renata Gabriel. “Tudo vai depender do uso que você fará daquele ambiente.”
Renata também lista alguns itens para observação na cozinha: se há boa ventilação e iluminação, se há fornecimento de gás encanado, se os revestimentos (azulejo, piso, armários) estão em bom estado ou precisarão de reforma, se a parte hidráulica está funcionando bem. Seguir esse check-list vai evitar frustração futura em um cômodo importante para quem prepara a própria comida ou trabalha cozinhando pra fora.
Banheiro com ou sem janela
A ventilação do banheiro também precisa ser observada na hora de escolher o melhor apartamento. É comum, em especial nos lavabos, que não haja uma janela para ventilação natural. Mas, se o banheiro principal também não possui janela, a longo prazo, isso pode ser um problema, já que a falta de ventilação prejudica um ambiente úmido como o banheiro, podendo causar mofo, bolor e mau odor.
Para evitar esses problemas, o banheiro precisa de exaustores ou grades de ventilação. O exaustor é um mecanismo elétrico que capta o ar do banheiro e o leva para fora do ambiente por meio de dutos. Já a grade é um sistema mais simples: uma é instalada no teto e outra no piso ou parede, para que se crie uma corrente de ar que ventile o banheiro.
Condições das instalações elétricas e hidráulicas
Um apartamento pintado e bem decorado pode encher os olhos, mas o que está por trás das paredes é também importante. Uma elétrica antiga demais, sem revisões recentes, pode significar dor de cabeça no futuro.
Por isso, as especialistas consultadas pela reportagem reforçam uma boa olhada no quadro de distribuição de energia do apartamento. “O quadro de luz vai mostrar se a parte elétrica foi reformada, se faz tempo. Isso dará ideia se você vai ter dor de cabeça ao se mudar ou não”, diz Lívia Rigueiral.
Renata Gabriel indica observar também os espelhos de tomadas, fios de luminárias e interruptores. “Cheque se as peças são novas ou antigas, veja se não há fios desencapados e tomadas faltando.”
Pontos de infiltração e paredes com bolor também são um indicativo de que as instalações hidráulicas do apartamento podem estar com problemas. Se o prédio é antigo, o encanamento pode precisar ser trocado. Portanto, vale observar este quesito e tirar as dúvidas com o corretor, proprietário do imóvel ou responsável por ele.
Vista e ruídos
Morar em um apartamento com vista livre pode ser o sonho de consumo de quem procura um imóvel ideal. Se este é um ponto da sua lista de prioridades, é preciso ter cuidado para não levar “gato por lebre” e ser surpreendido com uma construção futura que bloqueia a visão, o sol, a privacidade do apartamento.
“Hoje você pode comprar um imóvel com uma vista completamente livre, mas o Plano Diretor – ou a lei de zoneamento da sua cidade – muda, essa região deixa de ser, por exemplo, uma praça. E constroem um prédio encostado ao imóvel que você escolheu morar”, alerta Renata Gabriel.
A especialista sugere que, ao buscar um imóvel, dê preferência para uma vista permanente, mesmo que não seja totalmente livre. “Aqui tenho cerca de 30 metros de distância de outro prédio. Há uma boa circulação de ar e o sol atinge o apartamento sem bloqueio”, exemplifica Renata, de dentro de uma unidade em Perdizes, Zona Oeste de São Paulo.
“Este apartamento é um bom exemplo também em relação ao ruído. Estamos em um segundo andar. Mas como a rua é silenciosa, o fato de estar mais perto da rua não afeta a tranquilidade”, exemplifica. “Às vezes você busca um andar mais alto, para ficar longe do barulho da rua, mas o som rebate para cima, e o resultado será um apartamento barulhento mesmo no alto.”
Em geral, os apartamentos em andares mais altos costumam ser também mais caros, mesmo comprados na planta, dos que os mais próximos ao térreo. A vista e o ruído são os principais motivos para isso.
Conquistar pontos importantes da sua lista de desejos, como um apartamento silencioso ou uma vista do horizonte sem bloqueios, pode significar fazer concessões. Foi o que aconteceu com Lívia Rigueiral, que abriu mão de uma metragem extra para conseguir a tão sonhada vista livre.
“Quando eu fui me mudar, no Rio de Janeiro, tracei como prioridade ter uma vista livre. Tive que abrir mão de ter uma área de serviço. Minha máquina de lavar fica dentro do meu banheiro, e está ótimo pra mim”, lembra a CEO.
Lívia indica uma boa conversa com os vizinhos durante a visita a um imóvel. “Quando encontrar vizinhos no prédio, pergunte: o que você acha de morar aqui? Quais são os pontos positivos e negativos? Ninguém melhor do que quem já mora para apontar questões que podem fazer diferença pra você”.
Para quem tem filhos pequenos ou quer ampliar a família, a questão do silêncio pode ser um ponto crucial. “Eu recomendo visitar o imóvel no horário de pico ou hora do rush, fechar janelas e perceber se o ruído não é incômodo e vai ser um problema durante a madrugada”, diz Lívia.
Vagas de garagem e lazer
A necessidade de ter uma vaga de garagem para deixar um carro vai depender do estilo de vida de cada morador. E quando isso é um fator determinante, não dá pra esquecer de visitar as áreas de estacionamento do prédio.
“Peça ao corretor para ver a garagem. Se a vaga é grande o suficiente para seu carro, se é compartilhada com um vizinho ou se é coberta”, aconselha Renata Gabriel.
No dia a dia, alguns detalhes podem se tornar inconvenientes. Pense numa família com bebê e uma vaga de garagem descoberta. Num dia de chuva, colocar ou tirar cadeirinha de segurança no carro, carrinho, bolsas e mochilas. “Isso pode ser uma fonte corriqueira de irritação”, adverte Renata.
A mesma situação deve ser avaliada em relação ao lazer do prédio. Famílias com crianças costumam gostar de playground, piscina e quadras. “Verifique se isso é prioridade para sua família e coloque no topo da sua lista. A busca pode começar por ai”, indica a especialista.
Dicas de como escolher apartamento
Colaboração de Marcela Guimarães
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